O que eu queria ser mesmo
Era saxofonista
Numa escola de Jazz com janelas
a dar para os barcos no Tejo
e ler pautas como
meus poemas.
Fazer jam sessions com o meu amigo baterista
e
A minha namorada pianista
e os meus colegas sorridentes ou talvez tristes também
como eu
e gravar os meus objectivos permanentes de vida
nessas tardes.
Sim, eu queria ser músico; talvez
de Jazz
e particar um teatro lânguido
nas horas vagas, enquanto esperava a noite
para escrever; criando sonhos negados
por outros
e
derramar sensações em papéis
ou notas
Quando os meus beijos e o nosso amor
cálido trepassem em calor azul escuro
pelas paredes do meu estúdio em Lisboa
comprado.
Ver passar as horas com o significado
de anos enquanto drenava a inspiração
de bancos de comboios, metros e autocarros
em tardes tão múltiplas como o meu
estado de espírito
e
Encontrar-te ainda sem nome.
Eu queria ser saxofonista se também tivesse jeito
para pintar.
negaria as leis pela música, e outra existência
Mas como convencer-me que os meus sonhos não são mais
que uma estranha forma de inocência.
...notas tocadas por saxofones irreais.
eu queria ser músico de
Jazz
Sim; eu queria
ser.
Músico de Jazz.
21/25/06/04/05
Margarida Pinto, apontamento.
J.
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