terça-feira, setembro 19, 2006

Steve "Crocodile Hunter" Irwin

Há pouco mais de uma semana morreu Steve Irwin.
Muitos de vocês conhecem-no como Crocodile Hunter. Australiano, de 44 anos, sotaque bem aguerrido, confesso que desde que vi algumas imagens dele, satirizadas, no Daily Show do incrível Jon Stewart (um dia também falaremos dele), que o homem sempre me despertou algum interesse. Loiro, sempre de calções e camisa verdes ou castanhos, parecia um autêntico puto – para ele o mundo seria um autêntico Zoo.
Chegaram a fazer um filme sobre a vida dele The Crocodile Hunter: Collision Course. Apareceu na Oprah, no Jay Leno, no Conan O’Brien e até com o Eddie Murphy, em Dr. Doolittle 2. Sabe-se lá por onde mais andou. Britney Spears conduziu com o filho ao colo, Michael Jackson, esse mito, exibiu o filho, à janela do hotel, para os fãs, e quase que o deixava cair. Bem, Steve Irwin levou o seu filho com menos de um ano para o meio dos crocodilos, fê-lo saltitar, provocante, a poucos metros de crocodilos mortíferos. E divertiu-se. Não terá sido maldade (de inconsciência não falaremos), mas ele próprio fora educado num parque de répteis, em Queensland, que pertencia aos seus pais. Quando se pensa em certas pessoas, famosas por viverem constantemente em perigo durante anos e anos, numa base diária, acabamos por pensar que a dada altura já passaram uma espécie de fonteira, para além da qual já nada lhes acontecerá, que morrerão velhotes, rodeados de filhos e netos, todos felizes. Ou talvez nem tanto.
Não serão certamente imortais, mas roçam o género.
Steve Irwin provocava animais que só nos aparecem à frente em filmes, ou bem guardados no jardim zoológico. Tentava montar feras, metia a cabeça dentro da boca de crocodilos… e sorria. Segundo consta chegou a lutar com dragões de komodo. Era filmado a entreter-se com cobras venenosas. Deixava-as enrolaram-se à volta do braço, segurava-lhes a cabeça para as beijar. Nada o fazia mais feliz; acredito que a mulher se casara com ele sabendo que teria de cuidar de um miúdo muito irrequieto. Mas ele era assim. Enquanto o filmavam nas situações mais caricatas, ele não parava de comentar. E lá estava ele, entretido com a serpente quando, segundos antes, nos havia explicado que se tratava de uma das mais mortais espécies do mundo que com uma simples mordidela seria fatal. Quando as coisas corriam mal e era ferido, não havia problema, cada corte era um autêntico trofeu, a prova viva de que havia domado mais uma fera.
Morreu enquanto filmava, juntamente com o neto do grande explorador Jacques Cousteau, um programa intitulado Ocean’s Deadliest – algo bem ao seu estilo. Ironicamente, não foi devorado por um tubarão nem nada do género. Foi mordido por uma raia. E morreu fulminado em cerca de 15 minutos. Uma raia, tão habitualmente inofensiva – talvez um simples distracção do Crocodile Hunter, já que as raias só mordem quando se sentem na necessidade de se defender. “Um caso num milhão”, disseram, sobre uma morte assim. Sem dúvida.
Como Steve Irwin, o homem dos calções caqui, que nunca chegou a crescer.





P.

|