quinta-feira, setembro 07, 2006

Que dia do mês é hoje?

Ando a ler o liro confissões de santo agostinho. Salto cada duas páginas para o capítulo seguinte, mas estou a lê-lo. É a minha leitura de cmputador: há pessoas que lêm nos transportes públicos, outras antes de se deitarem, eu leio enquanto ligo o computador ou espero uma resposta no msn.

Ando a ouvir a promiscuous da Nelly Furtado; completamente viciado. Também ando a ouvir captain beefhearth ao vivo em todas as ocasiões em que não o devia ver.

Ando a ver a vida a passar, nenhum filme, nenhuma ideia: Paris, Texas, há uns 3, 4 dias e a ideia que eu tinha do filme seria tão diferente. Porque, eu ouvi a banda sonora primeiro que o filme: e tudo aquilo me sugeria um filme no deserto, percebe-se? no deserto, talvez apenas com duas personagens e muitos poucos diálogos, em tons de vermelho e amarelo por todo o lado, pouco vento. Quando digo deserto não digo deserto do Sahara, ou até um deserto gelado ou salgado, digo o deserto do Arizona, ou de Texas. Quase que acertava, o filme começa no deserto do Texas, sim, mas acaba em El Paso, perto da fronteira com o México.
As cores são diferentes.

Ando a escrever a história de um tipo que foge depois de ter morto a namorada para cidades e locais fora das fronteiras do mundo. Demasiado grande para postar por aqui. Também ando a contar a história de uma família em que não se passa nada (a ideia é, ainda assim, tornar a história interessante), e outra chamada Papagaio de fogo em que começa com dois vidros a serem estilhaçados ao mesmo tempo de dois prédios por duas pessoas que não se conhecem. Porque se chama papagaio de fogo não sei responder.


Voltei a pôr a promiscuous a tocar.





E agora, que as noites já começam a chegar mais cedo mas ainda são belos e grandes os pôres-do-sol, aproveito todas as oportunidades para conduzir, sempre que posso. O vento já não queima tanto, aos finais das tardes que andam a passar por setembro, e dá-me para nunca querer chegar ao lugar para onde me dirijo. Penso que já terei falado nisto. Há esta nostalgia por todo o lado, ou sou só eu que a sinto? É muito estranho esta paixão pela viagem e pela fuga - ou nem tanto, talvez, já a sinto há tanto tempo... Estava a pensar: se eu renascesse num animal numa vida futura, preferiria antes renascer numa árvore. Quando era miúdo talvez tivesse dito lobo, ou tigre, mas hoje gostava de renascer numa árvore. Porque as árvores são parte de um quadro e criam outros, porque as árvores são tristes mas não têm pai, nem mãe, pertencem ao mundo verdadeiramente, estão enraizadas a ele. Quais seriam os meus dedos? os meus ramos finos ou as minhas raízes? alguém devia fazer um estudo sobre isso, nada científico, para me deixar sorrir um pouco. Não sei bem porquê (ponto de excalmação). Mas acho que era uma árvore. Talvez um choupo. Li uma vez num livro que essa tinha sido a árvore que o pai do escritor, que acabara de morrer, plantara no jardim quando o filho nasceu, em sua homenagem. Jurava ele a pés juntos que o pai não era de sentimentalismos, portanto não conseguia conceber o gesto simbólico de plantar uma árvore pelo filho, um choupo, no jardim, nas traseiras de casa, à frente da janela do seu quarto. Acho que gosto, da ideia.

Voltei a pôr a promiscuous a tocar.





J.

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