quarta-feira, junho 27, 2007

Não, ainda não conheci os anjos
Presos como infatigáveis
Chuvas às portas da derradeira
Insígnia
Instáveis as suas penas onde nos reflexos
Metálicos das vidas contadas
Nos aparos das suas penas
Eu morro, Bey-be
E tu morres comigo
Só eu e tu num inconsiderável
Sufoco de luz e ar e
Morte neutra
Faz-me um filho com o rastilho
Da tua mente inimaginável
Solta o falcão da orgia suicida

Diz que queres ouvir o meu nome
Como os pássaros a gritarem o seu terror
Pela terra invertida e pelo Sol
E pelos ovos dourados de néctar
Fratricida
Porque eu já provei a cal
Dessas inconstâncias e tu sorriste
Antes de caíres
Nesse fosso de tintas ardentes
Que tatuaram o teu corpo
Inerte!

Eu era um malvado
E tu uma serpente
Cega com o desejo de devorar o passado
E vomitar outro algo
Só sozinha
Só sozinha com as tuas tintas
E eu com os meus padrões geométricos a ler
A linguagem frustrante do teu corpo
Fora de tempo
A dançar entre os dois mundos,
E um era habitado por um gigante de bronze
Que rangia os dentes e me coroava
Distante no seu trono de
Asseclas
Como criados ou escravos da impotência face ao futuro,
Nós ríamo-nos
O vento soprava casas e suores da noite anterior
O desejo puro e o sexo
O sexo
O sexo
O sexo descabido
Eu sou um íman
Vem conhecer a polarização do meu desejo
Tornar-te a minha pastora e percorrermos juntos os caminhos
Da poeira e da areia com fogo lambido
Nos nossos pés fustigados pela dureza
Do caminho
Tu a minha mulher e eu o teu homem
Ou outro homem qualquer se eu já não quiser aparecer

Perdendo-me entre as tuas mamas doces
Vou fingir criar um lar na tua cabeça
Sozinho e com fome de degelos e
Lagartos que me contem histórias e facas
Para eu dizer à Morte
Olá, olá
Olá Morte
Todos te odeiam
Olá
Quem sou eu
Diz-me Morte
Quais são
Quais vão ser as minhas últimas palavras
Diz-me Morte, diz-me!
Diz-me o meu último sôfrego
E absoluto como um prego bêbado
De gritos ou adeuses grito ou adeus diz Diz Diz
Danço o teu silêncio para outra altura
Outra altura quando as crianças
Usarem colares de ossos de animais
Que caçaram e ofereceram às anciãs
Nas casas dos vintes
Mulheres
Mulheres e os miúdos com fogo fátuo
Borbulhando-lhes no peito, só
Mulheres
Mulheres
Mulheres, Morte
E Morte
Morte,




J.

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