sábado, janeiro 27, 2007

Posso ter-te,
Ao sabor de cada canto, recôndito, eu canto, posso ver-te
Porque me vou descobrindo, já o sei, de pouco ou nada me vale se luto ou deixo de lutar, pouco faço enquanto espero, pouco sou enquanto relembro. E é claro este obscurantismo, parco, concebido nas ausências. Terei muito para relatar assim que aprenda a existir. Queres vir?, Vou agora aonde me obedeço.





Desperdiça-me.

lamento o que farei no dia das despedidas, seria assim, como tu, como quando, nos homicídios dos nossos dias resta apenas o espaço do bombástico, um esperançoso crack de estilhaços e rugidos; lamento o que farei no momento em que soprar de vez, e para longe, toda a minha lógica obsessiva. como latidos,
- Parte esse som, também.
Reorganizando-se, a plácida presença em torno dos corpos já pouco caminhantes. Transformações de força bio-mecânica. Não é suficiente
Nada o é.
E recomeço:
Posso ter-te, falta-me a voz, posso ter-te, falto-me, Não te vejo mas tento reconhecer-te em cada miúda que vejo passar: desde que falo de quem sou que erro mais. É essa a ordem natural das coisas, aprendo, erro, penso que aprendi novamente, e já pouco arrisco, e quanto mais insisto na lucidez mais a sinto desvanecer.
Somos Navalha[s], minha leve leve le
vi
tan
te
leveza.
É assim que faço, quando paro para pensar.

Mas de que falar quando nada se tem a dizer?

Treze pequenas mulheres vestidas de negro dispostas em L. Debruçadas sobre o terço, cada dedo contando; o cheiro a mofo, o fumo das velas, já nada nesta sala se identifica com o gelo que paira à porta. Até quando seremos este castigo? Somos assim, animais de hábitos.
É importante conformarmo-nos.


estica-se o dia,


e com ele a resistência.
Sim, somos gestos cortantes, musicalizações desenfreadas na ausência de instrumentos, vozes e planos etéreos, comovidos pelas pausas e pelos excessos, somos assim, Desde o dia em que herdámos o silêncio e decidimos fazer dele simples servo.

E assim nos deixaremos ficar até que nos perdoem a ousadia.






P.

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