quarta-feira, agosto 10, 2005

(a)presto.

Podia ter tudo, até o mais brutal dos impérios que nascem da terra. Há um tempo de partida para as pessoas; no entanto, nunca soube ao certo quanto vale um regresso, de que nos serve voltar. Fiz uma viagem de umas poucas centenas de quilómetros para me ir despedir, com um simples até logo, da minha avó – prometi a mim mesmo que nunca diria adeus, apesar de provavelmente não a voltar a poder ver. Hoje arrumei a mala, pus a mochila às costas e voltei para lisboa, de autocarro. O meu pai acompanhou-me, deu-me um beijo de despedida, bastante fraternal, curioso, esqueço-me sempre de que são essas coisas que compõem os momentos. Não havia muito mais a fazer ali. Fiz os mesmos quilómetros de volta, acompanhado num banco do autocarro, uns metros a meu lado, por uma freira curiosa que se limitou a comer uma laranja durante toda a viagem – observou a janela e as pessoas à sua volta, pouco mais. Cheguei a Lisboa, sete rios, 17:40, preparado para um abraço. Um longo abraço, sempre único.Sim, se um regresso tem valor, talvez seja mesmo este. Cheguei a casa, falei com a minha mãe, chateei a minha gata, fui um pouco de mim próprio mas mais descansado; sento-me agora, pronto par escrever. Não sei quando terei de voltar a arrumar a mal, talvez esteja para a breve, pouco importa, enquanto puder virei aqui, apenas para escrever, por vezes tenho tantas saudades de tudo isto. O j. foi de viagem e não lhe disse adeus pessoalmente, não o insultei amigavelmente, não lhe devolvi o cd de gorillaz com que tinha ficado por engano. Too bad for him. Tenho agora algo por criar pela frente. Sinto-me enferrujado escríticamente, se tal se pode dizer. Pois, não se pode, mas eu digo-o. Com relativo gosto. Nunca desdém.

You can have it all.

E sim, tinha saudades disto. De tudo isto. De todos os momentos navalhados. De todos os eus que aqui abandono. Como este.


P.

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