domingo, setembro 11, 2005

Heavy trash.

SINOPSE.





A guerra acabou e ninguém se apercebe. Tudo o que resta são miúdos com os seus sorrisos oblíquos de imperador. Tudo o que resta são cortinas esfarrapadas ao vento de casas destruídas, também memórias de jazz em cds e lps partidos que nunca mais poderão cantar. Há agora um ar vermelho, carregado de dúvidas – ninguém ousa admitir como o conhecimento sentimental seria a causa da nossa perenidade. Tudo o que resta são miúdos felizes porque deixaram de existir memórias de outros tempos tudo o que resta é lixo infinito.


Pesado.







A HISTÓRIA INCOMPLETA:





nas selvas infantis dos jogos sozinhos há
sabe-se pelas pegadas,
vulgaríssimos percorrem as planícies de pó
bebendo o sal das praias, os carros inscrevem-se
como pinturas e os miúdos (são eles) não os querem
assinar mas disparam risos quando as plantas
à beira da estrada se enfurecem e pegam em todos e os
esmagam



São um bando mais ainda
há avenidas que resistam
aos seus lucros de autógrafos, em roupas,
em peles e em avós prostitutas, onde
estão eles agora?
Onde se situam os rádios do paraíso, é dado o paraíso numa chuva cinzenta
às moscas, como poderia
esse dogma haver aqui, a tua
avó era uma prostituta, em bandos os
sorrisos oblíquos são todos os
mesmos, são de imperadores
desconhecidos que vivem em descrédito



à impassividade inanimada dos
objectos transmutados, mas se não importa agora, serão eles
a resposta, chamam de bebé o maior e o mais rei,
o que restou foram bares com discos riscados que eram
depois a música legendária mas desprezada, agarra
o oxigénio verde rarefeito deste estranho plano de existência,
pede-se, parece que
agarra o meu som motor, aquele que de facto
se não importa, quer-se outro copo vazio
para brindar à loira desenha em realidade
infestada de moscas.



Mas não há remorsos. Apenas duetos de
desesperados que não vejam o futuro
como carros ou peles, ou estradas, calcinados,
os pés molhados, se se perguntariam
como reagiriam se todo o todo da parte que são
eles soubesse do antes,
quando existiam caminhos a percorrer com
mais do que um motivo, com um
retorno,
ou alívio de lhe
dizerem que nada à sua
volta se refazeria
Ao zumbir delicioso das moscas negras
nas mulheres.



Outros fogem, mas a palavra par a correria
deles devia ser nova usando latas de coca-cola velhas para
anunciar a passagem dos futuros senhores da guerra numa gosma aclamada
de borracha e plástico e corpos queimados, mulheres leprosas com olhos
de xilofone observam-nos, incrédulas, aborrecidas
e sem propósito que os da eternidade com o fim
do mundo atrás das suas nucas para sempre
agora eternas.




Verdade completa: onze estrofes.









J. 21/06/05

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