quinta-feira, janeiro 05, 2006

Um texto possível de José Saramago, parte II

Boa tarde, Boa tarde como vai, Mais ao menos, Hm sabe que isso é algo chato, Eu sei eu sei, Sabe, Sei, Ainda bem, Exacto mas para que me chamou, Para que o chamei, Sim para que me chamou, Não sabe, Não, Não, Não, É simples preencha estes formulários, Formulários, Sim estes aqui mesmo faça favor, Mas tenho de preencher estes formulários porquê, Não sabe mesmo, Estou-lhe a dizer que não, Não, Não, É fantástico que ninguém lhe tenha explicado, Fantástico é que não me esteja a explicar isso agora, Não vale a pena explicar na verdade limite-se a preencher estes formulários, Não desculpe, Não, Não, Porquê, Não vou preencher algo que não sei o que é desculpe, Mau não me diga que, Digo pois, Ouça não seja estúpido e limite-se a preenchê-los, Estúpido eu, Sim estúpido você, Mas que raio está a chamar-me estúpido porquê, É simples você não quer preencher estes formulários, Mas que porra já me está a irritar com essa merda não preencho porra nenhuma enquanto não souber o que é, Há que asneirento por favor, Por favor nada diga-me lá para que é que são os formulários, Homem limite-se a preenchê-los, Caralho você está a brincar comigo já disse que não o faço, Mas você é doido, Não desculpe você é que é doido ao nada me dizer, Eu, Você, Mas eu porquê, Não se vê logo, Bem só estou a cumprir a minha função, E eu tenho o direito a cumprir a minha que é não assinar, Raios homem maldito seja preencha lá a merda dos formulários, Você já me está a irritar seu filho da puta, Filho da puta eu, Pode crer que sim e pai se quiser, Agora você está a insultar a minha filha seu corno e isso não lhe admito, Corno, Corno, Ena ena já a formiga tem catarro hã, Mas quem é que você pensa que é, Um gajo que não vai assinar porra nenhuma de formulários, Seu asneirento de merda tenha vergonha, Não tenho que ter vergonha de porra nenhuma foda-sejá lhe disse que não assino nada, Foda-se, Foda-se, Essa asneira é imperdoável agora irritou-me; vais bater é, Bem merecias imbecil, Experimenta e vais ver o que faço a ti e aos teus formulários, Enfia-mos no cu, Não me dê ideias, Quanto a isso já tenho mais medo como bem pode ver você é forte e eu sou fraco, Disso não tenhas dúvidas, Ai não, Não, Bem também é um armadão do caraças, Habitua-te filho é a vida, Bem então adeus, Adeus, Xauzinho.
Anacleto Máximo Barbosa vira as costas e sai.















Fim (mas isto ainda dava pano para mangas, apesar de algo exagerado claro)
























J.

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