segunda-feira, setembro 25, 2006

Setembro, enfim.

Seriam nove, esses gritos, atribuídos com sensibilidade um por um a outro tempo quase finito
e repito-me
Não
não o digo por mera incerteza, recordo-me apenas dos silêncios contados pelos dedos, que percorríamos com o olhar preso um no outro De fora falavam-me da vontade e escondíamos a cabeça entre as mãos ao pensar em palavras começadas por Vê
Vida
e perfilavam-se assim, essas palavras, e pensávamos que cada significado era duro de mais para ser descrito, Verdade – e em todo esse tempo o contacto tornava-se impossível
Velocidade
e tudo se tornava mais simples
Penso que sim, que sabia quem era E os dias eram passados sem espelhos: não se queriam revelações nem memórias nem saudades nem incertezas e por isso todo o vidro era estilhaçado com um objectivo bem definido… Mas faltava aprender algo, sempre sempre a aprender como se cada gesto possuísse um manual de instruções; pensava-se a poesia, não como o fazem os poetas, a quem se exige constantes ensinamentos, mas como o fazem as páginas dos livros, instrumentalizadas. Virava-se um verso
E lá estava
a sensualidade a descoberto, uma folha branca e tinta, tão escura, parada no seu movimento
parada
O que quer que estivesse a preencher a página, saberíamos que era real porque alguém o havia inventado E nunca escrevíamos
Fomos, confesso-o, meros
escritos
a quem foi dada a possibilidade de existir como almas quebradas, desfeitas, em pequenos pedacinhos, tal qual os espelhos que assassinámos
E desse modo não valia a pena pensar, pois não, conhecer-nos não passava de um desejo e tudo o que queríamos era ser violentas cordas de
sentimentos
tocadas em choro; Seríamos, quem sabe, um nós(?)
Pensava saber quanto tempo demorava o tempo e acabo agora a ver-me
desaparecer.





P.

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