terça-feira, novembro 21, 2006

Elegia às bestas fantásticas

Que tudo se destrua!
E eu possa festejar lambendo as paredes
Stencils de estrelas com fumo
de cabeças sem perfumes saciados
pela besta electromagnética descontrolada devoradora de pensamentos
Ana
Joana
Saem livros dos meus dentes de
pedófilo e a cidade é cartão
Para a ignomínia do esquecimento
Candice
Joyce, enquanto procuram ardósias
Limpas de bosta
O céu impregnado de esconjuramentos para ser comprimido num livro
A
Noite gritadora



[P]
[Pm]
[Pmt]
[Pmt…]
Olhai, olhai
Os venenos deixados no acaso pelos pretensos salvadores
Olhai, olhai
A pequenez extrema de tudo o que é físico
Pelo quebrar de todas as barreiras
Sinto-me minúsculo
Olhai, vou
Morrer



O néon luminoso indica a saída.
Reformulados os corredores, as luzes
brancas objectivam a escuridão fora delas.
Ouvem-se vozes ao longe.
As perguntas são: Porquê, e quando?
Outros mais dignos primeiro se levantaram
Mas
A água continua a escorrer pelos canos abertos
Minorar
As consequências das horas que passaram ou
da certeza da realidade lá fora.
Sai. Eles estão à tua espera.
Talvez para te devorar, não sabes.
Mas uma coisa é certa: eles estão ali.
Continuamente
Gigantes
E à espreita











À espreita







[Lado 2]



)Diversas onomatopeias épicas de rugidos supra bíblicos(
-
)gritos multiplicadps como um órgão desafinado em milhões de mulheres na casa dos trinta(
Uma delas é uma máquina que só pretende destruir cortando cabeças,
O chão irrompe!
Baleias
pelo ar
A acidez das poças de água da chuva de ontem vergam-se eu
implodi absorvendo o meu estômago ou
sensivelmente todos desse distrito
, na pele vermelha-rubi como a notícia anunciadora de hostilidade, os
pátios gigantes das escolas suspensas no ar
são tragadas e presas Os urros da espécie
Reformadora de Cores projecta bafos de trinisfera
, as pontes gemem e cantam o seu demise
A luz continua
a funcionar por toda
Cidade Mar
Os navios transmutaram-se em seres vivos de respiração agonizantes unem-se
à matéria
única da carne,
mais



Os dias vertem-se ou invertem-se
consoante
Os ritmos de metabolismo da besta azul
que só dorme flutuando no limiar
dos rios grandes que desaguam no mar
O silêncio no entanto
É tão normal quanto os gritos e urros tridimensionais nunca dantes ouvidos sempre estádios ao longe mas
Talvez, quem sabe, perigosamente
perto,
os pássaros agitados ainda
nas árvores persistem, foram poupados ou
poupados
?
, ninguém tem nome para salvar
Ninguém



Gigantes, maiores
que prédios










[anexo]


A chuva caiu. Forte, sobre a seara. As hastes de trigo abanaram, enquanto a chuva intensa, quente, pingava, das hastes para a terra, da terra para o húmus. Vi-te por entre essa chuva, loira, nua. Ainda jovem, como uma ninfa. À volta da seara, só o cinzento do temporal, e a tua memória, entre nós dois e a memória de mim. A chuva misturava-se com o meu suor. E caía a escuridão sobre os campos. Mas chovia, chovia sempre, impreterivelmente. As hastes vergavam-se, a água desabava do céu, o plúmbeo céu caía sobre a terra numa vénia de chumbo.
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J.

Ontem, na aula teórica de Processo Civil


Amanhã: um poema sobre a Morte.

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