segunda-feira, fevereiro 05, 2007

Call to Dive

Vais mergulhar
Vais chamar todos para mergulhares
Estas ruas outrora eram mais limpas, e
Estas ruas outrora não tinham o nome de ninguém escrito nas paredes enquanto toda a podridão aparecia como se de uma piada,
Se tratasse e tu comesses o alcatrão das vias públicas, imersa submersa em paralelos vendo os homens com as suas pastas e fatos de classe média a apertarem-se criando gotas de suor ácido nos transportes públicos, as saunas da felicidade ardente
Passam-te ondas de dor pelo lado esquerdo da face,
Parabéns, saiu-te um enfarte, ajoelhas-te no meio da metrópole, os fumos asfixiam-te e , ou nada há mais para além da tua dor,
Expoente máximo da desorientação ao seres agarrada por dois malucos, babando-se e implorando que te levantes, O sol está preso num pau a Lua há muito que ardeu
Os lamentos guardam os gatos escanzelados ou os mendigos feitos de pó juntam-se
Ao pé de fogueiras de carros e riem, riem
Ante mim que fotografo a nossa própria destruição, a cidade
É uma doença castanha, uma bolha gigantes de pus e ainda assim
Mergulhas,
Ainda assim lamentas quem não mergulha contigo, uma agulha presa à febre das nuvens
, os miúdos aprendem contigo as lições erradas e safam-se doentes com a sua própria existência de chacais,
Abandonam-se nas suas camas os pais, de comprimidos
Repletas como uma pedra de vidro,
Límpida em risco de estilhaçar todas as suas próprias incertezas,
Antes
Da próxima manhã as artérias da cidade se entupirem outra vez com os nervos e as raivas e as mortes iminentes de todos aqueles que
Se aprisionaram
E ainda assim mergulhas
E ainda assim enfrentas o próprio inferno consciente que voltarás
Mas são os doidos que te carregam para um passeio engordurado com fezes dos animais vadios e pequenos oceanos de saliva escura que
Te fazem contorceres-te em espasmos de agonia metafísica, ou
Outra
Suicida-te com uma pistola de Botox,
Antes de mais outro chamamento
Não sejas um herói de
novo
Não sejas mais um

Mergulhador







J.

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