terça-feira, outubro 25, 2005

E agora uma pequena formalidade...

Poderia ser uma simples dicotomia entre o que se tenta e o que se quer; um quase desejo de atingir o topo. Deslocado. E percebe-se, com o passar do tempo, não mais do que isso, que há toda uma noção de incapacidade subjacente ao triunfo. Ou melhor: um receio de incapacidade e toda uma panóplia de circunstâncias que assassinam os sonhos na sua breve infância. E pergunta-se pelo que efectivamente se sonha. Ora eu ando cansado e inseguro (isto no que se refere à pessoa que sou quando tento criar algo); seria simples falta de apoio ou apenas a percepção de que é difícil. Ponto. No meu caso, gostaria de passar uma vida inteira a fazer amor e a escrever. A escrever por amor e com amor. E este último pode sempre ser um tónico para o primeiro, confesso. Mas não ando a tentar fazer a diferença. Por amor deixaria até de escrever. Sei isso. E não tenho sentido falta de nenhum dos dois, é certo, de me sentir completo no coração e de caneta em punho, mas ainda assim que estou apenas a tentar teorizar um pouco daquilo que tento fazer com a minha escrita, sendo esta uma simples forma de prosseguir, escrevendo. E não estou a fazer sentido nenhum. Eu explico-me melhor: à falta de ideias para escrever, lanço-me num exercício sobre isso mesmo. É um contra-senso. E é redundante. Mas que se lixe. E porquê? Bem, porventura talvez seja uma falsa crença. No fim de contas por vezes até duvido que tenha o direito (porque é de um privilégio que se trata) de continuar a escrever, quando não há nada minimamente razoável que tenha por dizer. Não creio sequer que tenha o mínimo de perícia necessária para o conseguir, num acto puro de mérito pessoal. E ara não ceder à simples tentação de, ao desiludir-me, desviar-me do óbvio e continuar por outro lado, tomo uma simples decisão. Agora, neste preciso instante, sinto-me desconexo e vencido. Não vencido, mas pelo menos como alguém que já cedeu parte do seu espaço a um simples nada. E que nada, este. Sim, e acabo por andar aos círculos. Preciso de matar uma pequena parte de mim para me poder reencontrar. A Navalha, neste momento, merecia um outro eu. Como a lógica do mundo é estúpida e eu não tenho possibilidade de piscar os olhos por um pouco e já tudo ter passado, então rendo-me à evidência. Tenho necessidade de dar um tempo, whatever that is, preparar uma simples pausa. E é terrivelmente egoísta da minha parte servir-me do blogue para tal e por isso peço desculpa a todos e em especial ao J., mas preciso deste compromisso como forma de pressão pessoal porque no fundo ainda tenho algo a dizer a mim próprio, mais do que isso, de tudo o que escrevi, acredito sinceramente que são pequenas, senão ínfimas, porções de tudo o que há-de vir. Só voltarei a postar n’A Navalha quando tiver um mínimo de orgulho exigível no que tiver concretizado. Caso contrário, nada feito. Ah, mas descansem, A Navalha, este corte, não será nunca um antro de lamúrias ou reflexos de vidas de queixume constante. E eu quero mesmo fazer algo de jeito. Se tiver de voltar só em Novembro, que seja. O importante é que o faça condignamente.
Sem mais demoras [sempre quis acabar um post assim, eh eh]





P.

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