terça-feira, outubro 18, 2005

A pertença ao outro, medida à conta do que se
Indigna. Queria sentir-me, esta noite – disse ela
Esperava ser luz
desejo
uma forma de presença, e nessa presença
ser sombra. Sombra e
Silêncio
Ele disse: por mais janelas com que se cubra o mundo
não esperava ter dias, saber contá-los
Continuamente –

Em seguida desarruma-se o corpo, canta-se
cada osso
cada linha difusa que se estenda pela palma da mão
sabe-se dos dias
Os mesmos. Cada
qual, como sempre, sereno e tímido.
Cada qual desde sempre sentido.
Já nua de espírito. Ao sabor da
música
Ela pediu:
Viola meu corpo com o que resta do teu amor.
Seu sangue pulsou desejo, Perguntas, palavras,
mais um simples assombro. Ele colocou as suas
mãos
sobre os joelhos. Apertou nervosamente.
Sabe que toca: algum cabelo luzindo, movimento
Seria assim, por vezes, quando tudo se ilumina
Seria assim:
se no centro do esquecimento restasse lembrança.

Havia música.




P.

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