sexta-feira, março 02, 2007

Muito devagarinho vou queimando os dedos na ponta dos fósforos. muito devagarinho vou-me deixando cair às pancadas secas, enrolo-me já inerte pelo ar abaixo eu agora sou parte do que já não penso. vou. e aos dias que se me escapam por entre os dedos como areia, vou chamando de sensações. leves na sua placidez. concretas no cancro em que se tornaram. eu agora tenho-as, enquanto fecho os olhos e me recosto, derrotado, preparo-me para amar sem saber. assim me tenho ou talvez eu devesse ter sido esse instante em que a música se adormece a si própria, eu podia ter sido uma
decisão.
De destino. afagado por leves festas de palma aberta. De concreto. enquanto se prolonga como o eco numa imensa gruta. é esta a minha noção de infinidade.
E desequilibro-me de nós.
fecham-se as persianas, aproximam-se as cortinas uma da outra, um véu é colocado sobre a cara, alguém que reconheço afasta-se na direcção da porta. chamo baixinho, mas já ouço, suave, o clique que já não me deixa sair, e apercebo-me.






[Exercícios]





P.

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