Um pequeno texto sobre Tudo.
Virou-se e nunca mais se viu. Esta ideia, ou esta imagem, dela a virar-se e desaparecer – quem é ela? – sempre me, sempre esteve comigo. Frases, estas pequenas frases, estas pequenas imagens imaginadas por uma mente irrequieta, que ás vezes não tem mais nada que fazer, no comboio.
A verdade é que não sei bem o que escrever a não ser estes pequenos farrapos, quase inúteis –: Mais uma oral, feita, mais um passo para qualquer caminho que vá seguir. Era tão bom que ninguém me dissesse qual. Sentia-me sinto quase como uma espécie de guerreiro – tão estúpido, parece. (sendo que a escrita é a minha verdadeira couraça); mas é como me sinto. O próprio uniforme: se dantes era uma cota de malha, um capacete, uma espada e um escudo, hoje temos fato, camisa de punhos, sapatos especialmente engraxados, uma gravata ao pescoço – e as nossas armas, os códigos e os regulamentos que é suposto manejarmos com mestria para derrotarmos os nossos adversários. E sobreviver a mais uma batalha, nesta longa guerra.
Tenho vencido estas batalhas, umas outras – tenho-me lembrado dos conselhos e das histórias que os meus amigos me contaram, e tenho-me lembrado, sobretudo, do passado próximo para não me esquecer como a felicidade, a felicidade mínima, sabe bem. O pequeno contentamento. O sorriso de cansaço depois de um longo dia. Sou um jovem mas a prosa seria a mesma se fosse um velho. E deixaria a minha barba branca contar as suas histórias, e esconder algumas das minhas cicatrizes.
Os mitos.
Os amigos.
Algumas despedidas, talvez.
Penso que tudo isto faz parte. E gostava, gostava de dizer – este é um texto feliz. E é. Este é um texto, tão feliz. Daquela melhor felicidade, a felicidade melancólica; aquela; a única, que nos faz sentir saudades de alguma coisa qualquer – que nem nós bem sabemos.
Essa é a melhor felicidade.
Virou-se e nunca mais a vi. Mas sei que tinha acabado de estar comigo, e o meu nome ainda estaria nos seus lábios.; Quem é ela. Ou quem era ela, ou quem será ela, ou será que é apenas uma imagem que nunca verei. É uma imagem bonita, ainda que irreal, ou impossível. Virou-se, e nunca mais se viu. As possibilidades do seu depois também me atraem. O porquê, sempre o porquê. O nó da gravata bem apertado. A parede com os contornos do nosso corpo encostado, à espera do B.I de volta. E enfim, é Verão. Agora, é sempre Verão e toda a gente feliz cheira a praia e a protector solar, a areia quente e a maresia. Todas as miúdas que sempre achámos giras e simpáticas têm sal nos cabelos. Todos os seus olhos brilhantes do Sol irradiam até nós com a força das possibilidades infinitas. E tudo o resto são Imagens.
Mitos. Amigos.
São pequenas frases, ou farrapos de imagens, que até podem não significar nada – mas para nós, terão sempre, sempre; sempre.
Todo, todo, todo.
Todo o significado do mundo.
É Verão, pá.
J.
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