segunda-feira, setembro 10, 2007

J. UM PONTO UM

Lisboa está na mesma: o que é terrível e fixe ao mesmo tempo, mudam apenas os cartazes de publicidade, e é como se nunca tivéssemos saído. Encontrar um sítio diferente quando regressamos, não é o que pretendemos, é tão estranho? O calor e a humidade, e os lamentos e chiares das bordas dos passeios e das pedras solitárias. Acho que já vi isto em qualquer lugar.

Hoje deve trovejar, e eu vou imaginar alguns diálogos. A Europa sempre Europa, ou o resto dela – a aldeia dos meus avós sempre a aldeia dos meus avós, e frio, muito frio.

Acima de tudo, por onde recomeçar? Acabei por fossilizar um pouco as minhas pretensões de continuação atrás de noites mal dormidas, suor na testa todo o dia e toda a hora, dentes a estalarem e risos tossidos, o que eu estou a tentar dizer foi que sentia todos os dias ao final do dia a parte de trás dos olhos inchada nas órbitas pulsando, pulsando, a sério literalmente, com o que demasiado tinha visto, todos os dias, pronto para dormir mal chegue a casa e volte a levantar-me depois da pausa para voltar a ficar sem ar lá pelo fim da tarde e ainda enfrentado a noite que vinha aí. O diabo também anda por aí a coleccionar as almas das mulheres.

Eu e o P. Eu e o P. claro.

As coisas ainda andam assim e ainda estão assim, e é precisamente por isso que a navalha TEM que continuar, observando esta transmutação primal de duas almas vencidas pelo passar do tempo e da própria existência do nosso corpo, e regressar, porque: é Setembro. Mesmo que assim seja claro, posso estar e devo estar enganado, o que também é positivo, mais ainda.

E bem, ao fim e ao cabo – não vamos a nenhum lugar.



J.

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