terça-feira, julho 05, 2005

úvula - the mercyful bitch

Em primeiro lugar preciso que percebam que o primeiro passo para admitir que uma pessoa está doente, é desejar-lhe as melhoras. Portanto, peço-vos que não me façam algo assim. As melhoras. Doente. Tudo isso. Bem, convenhamos, já não me sentia tão inútil há um bom tempo. Não há muito para fazer nestas alturas. Já pensei em mudar a televisão da sala para o quarto para poder dizer que não passei o dia todo na sala a ver televisão. Acho que só mesmo a falta de imaginação me impede de imaginar todo o tipo de horrores latentes, persistentes e correntes, de quem está assim, Sim, queixo-me demais, mas também quem precisa de sofrer em silêncio quando pode praguejar acerca das coisas. Eu praguejo por escrito. Dói-me demasiado a garganta para gritar. Mas vou fazê-lo, acreditem que vou, mal me sinta bem vou gritar até ficar rouco. Mas tudo isto cansa; olhei-me aqui há uns dois dias ao espelho, abri a pouco e fiquei estarrecido. A cabra de uma massa branca a que se veiculou aceitar comummente como sendo pus, a cobrir-me a garganta. Mais do que isso: Úvula. A quem “dedico” o meu texto. Sim, fez-me lembrar qualquer coisa de um órgão sexual feminino. Mas não. Para quem não sabe, a úvula é geralmente conhecida como campainha, aquela coisa estúpida, por cima da língua, no fim do céu da boca, sei lá eu, que mais parece um penduricalho. Fui aprender o nome dela apenas para saber o que devo odiar. No meu caso, atingiu o dobro do tamanho, de tão inflamada. Olhei-me e senti-me como que tirado de um daqueles documentários fascinantes sobre doenças pouco comuns mas essencialmente nojentas. Sim, foi assim que me senti. E podia continuar a queixar-me por mais horas a fio, acreditem que podia. Mas chega de desabafar - também isto cansa. Tenho de me concentrar, ganhar energias, arranjar todo o fôlego necessário para poder passar mais um dia…a vegetar.

Continuamente.




P.

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