sábado, junho 25, 2005

Variações.

Despe as tuas roupas, por favor; não deixes que eu veja como és feia com elas postas.
Recomecemos.
Conhecemo-nos num lugar estranho até para mim, se lhe pudesse chamar um nome;
Dar um nome aos locais inúteis – o nome já existe, mas eu queria dizer algo mais que uma Vidreira. Sopravas vidro num trabalho para homens num local perto das praias abandonadas, onde a areia está contaminada.
Onde
Eu te conheci. Numa vidreira. Não é incrível, penso agora, enquanto te peço para não esconderes as cicatrizes que tens no corpo; que se passa. Porque estremeces ao meu toque… ;Deixa-me colocar estas questões quando acabar de me lembrar a primeira vez que olhaste para mim, o teu tubo de ferro e as tuas mãos com luvas grossas a virarem areia incandescente na forma de uma jarra. Silêncio.
Era tudo o que havia na zona fabril que parece que, aqui nas terras estranhas de Portugal, se situa no fim do mundo – não existe mais nada para além da estranheza gigantesca das fábricas, e encontrar o amor da minha vida num local tão improvável – só podia ser aqui, penso. E lembras-te da primeira vez que nos vimos? Depois de teres olhado para mim…tu juras que olhaste primeiro...
(parêntesis)
Possível ainda de se dizer que gosto do amor em locais e pessoas estranhas, para poder ser mais fácil reinventá-lo, e depois recriá-lo como ele deve ser em nós. Frases curtas como suspiros, percebes. O amor é um poema sem rimas. Um poema talvez (),tenho a certeza, terá sido… sim, foi, a forma como nos observámos com fome enquanto os meus pais escolhiam as peças para decorar uma casa que eles diziam ser nova;
O amor entre os meus pais também se recriou nessa casa nova.
Vou apagando pensamentos enquanto cada tua peça de roupa cai.
O que equivale a dizer que, se no dia a seguir fui ter contigo, porque há respostas para perguntas que os nossos corações fazem que simplesmente sabemos, tudo o que aconteceu foi algo tão necessário como a minha respiração a saber, a sangue
Agora
Enquanto eu desaperto o meu cinto negro. Tudo o que aconteceu foi sede antes das palavras. Antes da decifração mútua de um no outro.
Tudo o que aconteceu foi
desejo.
Agora, peço-te.
Vamos responder-nos.











J.
Apeteceu-me algo belo. E estranho.
não o consegui.

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