sexta-feira, novembro 11, 2005

039.

Hey! Acorda, que estão a chamar por ti. Sim, um tal de grito de inspiração. Que te quer ele? Pois. Também me acontece disso, por vezes. Parece que somos invadidos por uma névoa de sentimentos perturbados em que todo um mundo desaba sob a violência de um sentimento que é isso, seja lá o que isso for. E é assim. Porque um poeta é sempre maldito, ou melhor, fala de amor como campos de flores (caso seja correspondido) ou um constante estupor de lágrimas (caso não seja correspondido), Oh como sofre, esse tonto. Agora a sério: se fizerem uma pequena retrospectiva sobre o que já leram que se intitulava “poesia de amor” por certo que perceberão que muita, entre ela, é apenas adolescente e bucólica. Como se de um velho se tratasse. E nem há assim tanto mal nisso, o problema é quando vemos que as pessoas se levam demasiado a sério – já escrevi tanta porra sem jeito nenhum ao longo da minha vida que até perdi a conta, confesso. E depois pensei, Que porra. E sorri. Não mais voltei a escrever um único “poema de amor”, [pelo menos em moldes como, oh minha virgem pálida, como te amo e afins (bem, pelo menos disso nunca tinha feito, anyway…) . ] Mas dizia eu, não voltei a escrever nada assim o que é curioso pois só nesta altura da minha vida me sinto à vontade para dizer uma palavra assim…Amor. Fiz um exercício de quase disciplina e já não mais me dedico a extensões dissimuladas do que antes apenas ousava tentar provar. Agora sinto-me com amor. E apaixonado. De tal modo que tenho cada vez mais gosto em escrever e cada vez vejo mais as letras como um desafio. E isso é bom. Certo? – Pois. Porque, percebo agora: à minha namorada dedicarei apenas o pleno. E que porra, se me chamam de romântico.
Quero apenas escrever-lhe – como agora.
Mas do J. preciso também de dizer algo. Ele anda a crescer mais a este nível do que pensar; anda a espraiar-se, como ele gostaria de o dizer. E penso nele, isto é, quando penso em poesia lembro-me dele. Não falo de versos tresmalhados de ovelhas bacocas. O puto tem nível, é verdade. Anda a querer. Mais e mais. E ele percebe-me: perante isso só lhe resta pegar na caneta (ou sentar-se ao computador) e continuar.

A Navalha agradece.





P.

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