domingo, outubro 01, 2006

Jams Runs Free

Vem sentar-te um pouco mais a meu lado; sim... assim. Só quero que te sentes um pouco ao meu lado, para não nos sentirmos os dois tão sozinhos. esquecer por um pouco o pesadelo suado e metálico das ruas lá fora; Vem sentar-te ao meu lado, põe-me a mão no ombro...em jeito de gesto de carinho atabalhoado, se quiseres, mesmo que não tenhas muito jeito para essas demonstrações espontâneas...
Lembro de alguns dias parecidos assim, como este: eu na altura devia estar a entrar no secundário, e ainda tinha a ideia nostálgica dos romances de juventude. Eu conheço uma rapariga gira com estilo e personalidade a condizer, apaixonava-me por ela, ela depois por mim (porque imaginava na minha mente sempre apaixonar-me primeiro) e percorreríamos os três anos seguintes do liceu de mão dada.; Mas esse tempo nunca veio, essa rapairga nunca apareceu, e agora sei que nunca estive destinado a tê-lo, e então passei metade da minha adolescência a imaginar a vida que poderia ter. Com alguma sorte, amanhã, se um acaso fortuito do destino acontecesse. Queria percorrer esse caminho clássico, não me perguntes porquê (apesar de ser um caminho muito menos comum que clássico),e era assim que imaginava uma adolescência quase perfeita. Não precisas de me dizer muito, não precisas de achar que este é um momento em que, os dois, por estarmos assim sentados lado a lado um do outro, e em quase silêncio, nos devemos beijar. Não precisas de meter conversa, se não quiseres: acho só que temos sentido a falta um do outro, entre dias mais cinzentos entre horas que passam muito, muito rápido. E mesmo assim, não percebemos muito bem o que fazemos os dois ao pé um do outro. Despe a tua vergonha como despes a tua blusa, eu faço o mesmo. E nesta idade em que não sabemos bem onde estamos ou devemos estar, e neste mundo que não se tornou necessariamente no que queríamos, nem que (tão novos já...) imaginávamos, vamos olhar-nos, algo envergonhados..., como se fosse a primeira vez que estamos a descobrir o fascínio que são as outras pessoas. Vem sentar-te a meu lado.
Dá-me a tua mão, ainda que seja a esquerda. E deixa-me, ao olhar para os teus olhos, silenciar de novo.





J.

|