sábado, maio 28, 2005

algumas redefinições

Hoje dei comigo a pensar naqueles momentos cuja existência não determinamos, mas que, ao acontecerem, nos determinam e nos definem enquanto pessoas. Sei lá que diga, por vezes canso-me de tentar reflectir sobre a minha própria estabilidade emocional. Tento responder a perguntas sem resposta e faço-o em dias que não têm utilidade ou significado especial. Penso demasiado, acho que é um pouco isso - o meu companheiro de blog foi apenas uma das pessoas que realçou esse facto. Mas sim, deve ser verdade e seria paradoxal aperceber-me disso e decidir, no instante seguinte, alongar-me em raciocínios dispersos. Não sei bem. Acho que nem sempre dou o devido valor às coisas que de verdade me importam. Nunca cheguei a agradecer ao meu pai o facto de nunca ter entrado no meu quarto, feito louco, de cinto em punho, para arrancar do meu corpo, à chicotada, o homem que eu deveria ser. Mas não, não será hoje que o vou fazer. Também nunca agradeci às figuras estranhas que cruzam o mesmo espaço urbano que eu por me terem dado tanto sobre que escrever. Muito mais do que nós próprios, são as circunstâncias que, efectivamente, nos criam.
A algumas pessoas da minha vida creio que nunca poderei dizer o quanto as admiro e respeito. Em absoluto, é-me impossível teorizar quanto vale um abraço, um leve beijo nos lábios, alguma paciência e pouco mais. Sei o que tudo isso significa para mim. Mais do que isso, sinto-me bem por não o poder explicar; há coisas que nos ultrapassam e, só por isso, as aprecio devidamente. É com muita estima pelo que fazemos que eu e o j. dedicamos algum do nosso tempo a est’A Navalha (bem sei que ele tem tido menos oportunidade para o fazer ultimamente). Mas pronto, tenho muitos agradecimentos em atraso, mas há um que queria deixar completo desde já: obrigado, a todos vós, leves hedonistas dos cortes literários que aqui abandonamos ao mundo, por terem a delicadeza de prestar um pouco da vossa atenção e esta página, que mais se assemelha a um livro.
Hoje dei comigo a sentir aqueles momentos cuja existência não determinamos, mas que, ao acontecerem, nos determinam e nos definem enquanto pessoas. Fi-lo na companhia de uma pessoa. A ela dedico cada suspiro. A ela me dedico.



[redefinindo-me]



P.

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