sexta-feira, abril 29, 2005

outras revelações.

O que alguns pensavam ser choros talvez não passassem de leves risadas, um texto, um karma novo – um todo incompleto para sempre livre. O adormecer no chão, esgotado, de sorriso nos lábios, o som que lá de alto ecoa; o tal relógio de cuco na parede que espreita, pragueja e se esconde. Cada ano recordado em folhas de papel rasuradas. Pega no telefone e liga a alguém que te importe, conta-lhe a pequena mentira de que tinhas uma razão qualquer para o fazer. Faz por esquecer que ontem estavas triste. Hoje és algo maior, mais especial, e só por isso te digo para saíres de casa: senta-te num jardim a ler aquele livro de que tanto gostas; está sol e só tu podes fazer qualquer coisa para sorrir. Esquece os conselhos que te dou, as adolescentes filosofias de quem viveu em silêncio e julga agora poder descrevê-lo. Hoje sou modesto e só por isso aprecio os tais desígnios que criam a inestimável clareza de tudo isto que agora é tão suavemente…teu.
E sim, confesso que sim – procuro a confusão por entre a lucidez. Não, não é do caos que te falo. O poderio hímnico de cada fim de tarde abandonado em mais uma viagem de comboio; é real, sabes que sim, basta tentar – perceberás que toda a gente caminha de um lado para o outro fustigados por um qualquer surto de febre em período de primavera.
Sim, está tudo bem, sou eu quem to diz embora compreenda que isso não terá grande significado. epah parabéns pelo teu regresso, um dois e três cá vai mais um desejo, mas chama-lhe um beijo se houver algum sobejo. Olha de soslaio para os tremores da existência. Aprende, como eu, a contar piadas sem graça pelo simples prazer de rir do absurdo. De certeza que é véspera de qualquer coisa e amanhã terás mais um dia para não fazeres a mínima ideia de onde estás ou do que fazes e, ainda assim, não te podes sentir mal se te apetecer saltar no meio da rua e gritar, Hoje está







Hoje está qualquer coisa, pouco importa o que é. É a única desculpa de que precisas para dançar até ao fim do dia, para dançar até a terra do chão se revoltar, até cada membro do teu corpo pedir descanso, até seres quem - una e indivisivelmente - és.





P.




Nota discordante: Já não escrevia por estes lados há um tempo e não quero saber se sentiram a minha falta…eu senti falta de vocês.

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