domingo, abril 29, 2007

Mas, Olha...

De repente, as coisas começam a melhorar.


Mas só de repente...


J.

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terça-feira, abril 24, 2007

This is you, This is your brain on drugs

Engravidei-te antes de vir para aqui, e enquanto não soube vivia, numa paz desconhecida que não sabia ter. O meu filho ou filha podia ser muitas coisas, mas pai; porque é que pensavas que eu seria pai? nem bom nem mau, nunca to perguntei. Só pai. Se nunca me amaste e se eu nunca fui pai, nem com 18, nem com 19, uma filha nos braços nas aulas teóricas da faculdade.(..), depois das orais.
Abraçar o meu filho em casa da ama, e pensar, Hoje estava um bom dia para se ir à praia.
Vou ser pai.
Vou...Vou ver o meu filho e a minha filha crescerem, e vou odiar-me por nunca os ter conseguido fazer pessoas verdadeiramente íntegras.
Verdadeiramente humanos, Sofia. Verdadeiramente humanos, Miguel. O
pai tem vinte anos. O pai ama-te. O pai ama a mãe por ela me ter proporcionado amar-te. E eu só tenho vinte anos.
Sou um rio místico que corre para ti á espera que tu te deixes ir até onde a estrela da tua febre te levar,
E eu vou envelhecer contigo.
E tu...
Vais esquecer-te do meu nome quando tiveres que pegar em ti mesmo, e perguntar como é que
, consegues contemplar sozinho, meu filho,
O céu.


J.

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sexta-feira, abril 20, 2007

A Entrega da IURIS GRAFIA, Parte I

Então ontem foi o dia da entrega da revista Iuris Grafia à malta da faculdade. Foi bonito. E pensei, enquanto nos davam a notícia de manhã mal me levantava com dois goles de lucozade e a cabeça e o tronco nú á janela a lamber o calor que se sentia – finalmente! Também já não era sem tempo! O Berhan deu a notícia, malta, a revista já está pronta na gráfica, à nossa espera, e é melhor levarmos os dois carros.
Acedi. Ia ser um dia em cheio, pensei. Mas mal podia adivinhar que iria mesmo ser um dia em cheio! Ainda com o cabelo molhado do duche rápido que tomei e dois beijinhos na minha mãe desprevenida, saio ainda com alguma espuma da barba presa á cara. A meio da viagem de carro, na segunda circular, um problema: telefonema, desta vez do Bernardino, Não vais acreditar, mas a malta de letras fechou a faculdade deles em protesto contra a falta de qualidade da revista deles comparada com a nossa! Pu-lo em alta voz. Mas espera, como é que eles podem estar a fazer qualquer tipo de protesto, se a revista ainda nem sequer saiu?
- É esse o problema que vamos e que vais ter de descobrir – disse-me, com ar sombrio – e digo-te já. Encontrarmos a fuga não vai ser nada bonito.
Arranquei o cigarro da boca quando saí do carro, e já estavam todos à minha espera à entrada da faculdade, vários papéis expostos em cima de uma mesa roubada a uma das salas enquanto os estudavam atentamente e discutiam de forma viva. Tudo aquilo preocupou-me um pouco – e, do outro lado, os estudantes de Letras trepavam sozinhos ao telhado da faculdade com faixas agarradas á boca como aranhas, prontos a esmagar-nos. Contemplei aquele espectáculo todo enquanto desapertava o botão de cima da camisa.
- ok, ok, parem, João, já encontrámos a fuga?
- que eu saiba, ainda não – disse-me o Behran.
- da equipa, quem é que pode ter denunciado a Iuris?- perguntei – e qual é a velocidade a que os gajos de letras imprimem a versão deles e a põem cá fora?
Passámos a meia hora seguinte a delinear planos com as informações que nos vinham continuamente pelos nossos colegas infiltrados dentro da faculdade, um corpo de elite secreto que a associação prepara todos os anos para qualquer eventualidade como esta, grupo tão secreto que nem nós sabemos os nomes deles ou em que não é que andam. O Sol brilhava lá no alto quando chegámos ao impasse: os de letras tinham decidido roubar-nos a revista, e a burocracia do conselho directivo e os telefonemas do Teixeira de Sousa não iriam ser rápidos o suficiente para resolver o caso. A televisão também ia ser lenta demais. Tínhamos de ir, nós, à gráfica buscar os cinco mil exemplares, mesmo sabendo que a malta de Letras estava a vigiar as estradas, tinham alunos no terreno, e que a entrada provavelmente estivesse muito bem guardada.
- que se foda isto tudo, estou farto – disse – quem é que vem no meu carro?
- vais arriscar? – perguntou-me o Dino.
- a única maneira de conseguirmos é arriscar passar por eles, conseguir meter as revistas na mala e no carro, e voltarmos para fazer a distribuição. Mas precisamos de dois carros.
- Vamos todos – Disse o director da revista, dando um murro suava na mesa.
Sorri selvaticamente enquanto dirigi o meu olhar para a faculdade do outro lado da rua.
- Espera – Disse o Behran, agarrando-me no braço – o que vamos fazer é muito perigoso. Não é melhor avisares a Júlia do que é que vamos fazer?
- A Júlia e eu acabámos, João – disse-lhe – e por mais que digas que devemos voltar, ou que nem sequer acabámos verdadeiramente, não és tu, nem todos aqueles wiskys duplos que bebo todas as noites ao balcão de todos os bares, que me vão fazer mudar de ideias. E agora, vamos embora – quero dar uma lição a estes gajos!
Entregar a Iuris sempre fora complicado, deixem-me dizer-vos. A rivalidade nos últimos anos tinha aumentado com a revista da faculdade de letras, A Estrela Tatuada, desde que tínhamos revolucionado, no nosso quarto número da segunda série, a escrita biónica e a fusão da metáfora enquanto símbolo impresso a marca d’água na parte de trás do texto, para permitir ao leitor uma maior compreensão da prosa e, ao mesmo tempo, tornar a escrita mais profunda, enquanto nos preparávamos para criar mais símbolos com o decorrer das descobertas. Nessa altura, eu era só um caloiro que ainda escrevia sobre os sonhos vívidos que tinha em relação a Hiroshima, duas horas antes da explosão, como se tivesse estado lá, ou a paixão das baleias por Avant-Rock, quando tratadas em cativeiro, e os seus efeitos na produção de leite para fins terapêuticos. Mas, hoje, eu era editor da Cultura – e a faculdade de Letras, Mestra das palavras, não iria deixar que revolucionássemos, com este último número, toda a língua portuguesa. No entanto, eu, sentado no meu caro Rocinante, olhos na estrada, à espera do sinal de Ok do Dino e do Behran – porque íamos separar-nos indo por caminhos diferentes – só conseguia pensar na frase seguinte:
- Vamos lá, rapazes. Divirtam-me.

O que se passou a seguir, nem os deuses quiseram acreditar.



J.

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quinta-feira, abril 19, 2007

Estou Completamente Perdido

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quarta-feira, abril 18, 2007

Shadowboxer

Once my lover, now my friend.
What a cruel thing to pretend.
What a cunning way to condescend.
Once my lover, now my friend.

Oh, you creep up like the clouds.
And you set my soul to ease.
Then you let your love abound.
And you bring me to my knees.

Oh, its evil,babe,the way you let your grace enrapture me.
When, well, you know, Id be insane -
To ever let that dirty game recapture me.

You made me a shadowboxer, baby.
I wanna be ready for what you do.
I been swinging all around me.
cause I dont know when youre gonna make your move.

Oh, your gaze is dangerous.
And you fill your space so sweet.
If I let you get too close,
Youll set your spell on me.

So, darlin, I just wanna say.
Just in case I dont come through.
I was on to every play.
I just wanted you.

But, oh, its so evil, my love,
The way youve no reverence to my concern.
So, Ill be sure to stay wary of you, love,
To save the pain of once my flame and twice my burn.

You made me a shadowboxer, baby.
I wanna be ready for what you do.
I been swinging all around me.
cause I dont know when youre gonna make your move.


Fiona Apple

J.

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segunda-feira, abril 16, 2007

Acabo de acordar...

...ligo a televisão enquanto preparo o pequeno-almoço e a primeira coisa que me dá os bons dias hoje, é o jingle do novo anúncio do Jumbo.
"É como encontrar um trevo...na tromba de um elefante".


porra, porra, porra



P.

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sábado, abril 14, 2007

O Mundo Moderno, 2

Desapaixonei-me pelo mundo moderno no ano passado. É verdade. Fi-lo a mim mesmo. Sempre tinha vivido com o desejo da fuga permanente, e com o medo de um dia enlouquecer. Então, acho que um dia decidi fazê-lo, perder-me, enlouquecer, para, se tudo corresse bem, encontrar-me de novo quando estivesse farto.
Estava enganado. O mundo moderno foi demais para mim, demais para a minha juventude de 19 anos. Experimentei as mais variadas alucinações e mentiras, muitas máscaras, muita desorientação pelas ruas, muito olhar pela janela e perguntar que raio de plano seria o meu, e será que devia confiar assim tanto em mim.
Porque eu julgava que me conhecia. Eu julgava que me falava e me respondia a todas as minhas próprias dúvidas. Eu julgava que sabia o meu caminho, que estava destinado, condená-lo a percorrê-lo por ser quem era, e que afastar-me um pouco e fechar os olhos à minha própria sede de vingança por um passado que não volta seria indolor, inócuo, indiferente.
Não era. Nestes dias, percebo que não era. Ganhei um medo terrível de certas coisas.
E pela primeira vez na minha vida, fiquei de luto por coisas que, á minha volta, morreram.
O meu funeral foi o primeiro a que assisti.



J.

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YEAH!

Uma coisa sobre mim: eu canto muito. canto sobretudo em casa, por gozo, mas canto muito. Já cantei enquanto me vestia, enquanto tomava banho, já cantei nos transportes públicos sem me preocupar com quem passava, ao desafio bêbado, no meio da rua a andar com phones na mão, enquanto lavava os dentes e sujava a camisa com pasta, a almoçar, acho que até já cantei a chorar.
Mas hoje, oh, hoje. Hoje, cometi um feito inédito: eu, hoje, cantei a *****.




J.

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quarta-feira, abril 11, 2007

Xico Cineto 1960 - 2007

ENCERRADO TEMPORARIAMENTE

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terça-feira, abril 10, 2007

Scott Walker, The Drift






The Drift é um álbum profundamente épico. Comprei-o quase por acaso e tornou-se um dos meus discos de eleição. E é algo mórbido na sua essência. Scott Walker invoca os desconhecidos que morreram longe do mundo. Fala-nos de Jesse, o irmão gémeo de Elvis Presley que morreu à nascença. Fala-nos de Claretta Petacci, esposa de Benito Mussolini, que insistiu em morrer com o marido. Foram baleados, presos pelos calcanhares, sete palmos acima da terra, pendendo para toda uma multidão os gozar e voltar a balear. Fala-nos também dos doentes de psoríase, que sofriam de um problema de pele e que durante a Idade Média eram temidos e chamados de silver people.
São mais de quarenta anos que Scott Walker já leva a fazer música. E este é o único álbum que, por enquanto, conheço dele.
[“Cossacks are charging in/ Charging into fields of white roses”]
The Drift é uma longa caminhada, uma viagem penosa, fortemente carregada de castigos. Pode-se sentir, na voz levemente cadavérica de Scott Walker, nos ritmos prolongados que nos hipnotizam. [“Famine is a tall, tall tower/ A building left in the night/ Jesse are you listening?]
Tudo é denso neste disco. Sempre tocado a negro, sempre sentido a frio. Foram sete anos de trabalho, tudo para nos prender. The Drift poderia ser um filme, que certamente estaria repleto de imagens perturbantes. Não há desculpas para a calma. E tristeza não é de todo a palavra certa pois a sequência de músicas levam-nos para baixo, em demência infernal.
[Sometimes I feel like a swallow/ A swallow which by some mistake has gotten into an attic and knocks its head against the walls in terror"]
Este é o seu pesadelo. A sua obscuridade. O seu muito próprio desafio. Fácil de rejeitar, por ser difícil de ouvir. Fácil de críticar, porque Scott Walker não quer ser mediano. Tem pretensões de chocar, de confundir, de provocar a cada música. São por vezes sons distorcidos, gritos animalescos, guitarras e violinos que chiam nos momentos de catarse de Walker (que, informo, não é o seu verdadeiro apelido). E a lírica, também ela épica, que toma conta de cada música. São muitas as vezes em que não se percebe o que Walker (nos) tenta dizer. E no entanto, todo o humor negro, o absurdo da beleza sangrenta, tudo é intenso, nada nos deixa indiferentes.
[“The audience is waiting”]
Não é apenas música, mas em grande parte uma peça de arte. São melodias desoladas, de devastação. Sempre a pisar os limites do excesso, porque Scott Walker dá toda a liberdade a si próprio. Só lhe importam os seus propósitos, daí o tempo das músicas poder ir de uns simples três minutos, até uma maratona de quase treze minutos. Em The Drift os limites do Tempo são violados. É um disco de uma vida, não de um ano ou de uma época. É um último lamento, suspirado. E todo o cansaço de Scott Walker junta-se para dar uma nova força à palavra criação.

[“I’m the only one left alive”]





P.

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segunda-feira, abril 09, 2007

Wing sings.

Wing é uma senhora asiática que há dez anos se mudou para a Nova Zelânida. Desde então, com a ajuda de um episódio do South Park, tornou-se famosa a fazer algumas das piores covers da história da música.

A que aqui vai é um vídeo (claro que há mais no youtube).
Uma pequena preciosidade para todos nós.
A música é "I wanna hold your hands", dos The Beatles.

Have fun.









Ah e podem saber mais sobre ela aqui.



P.

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sábado, abril 07, 2007

Amanhã é feriado
e sabemos que o tédio nos vai chamar
saberemos sentar-nos
na ameaça de dormir
e novamente aprender a deixar os dedos
tomar conta de quem somos
a cada três segundos
uma nova visão
um novo gesto
e a tarde estará quase no fim
quando os olhos se fecharem
e a própria dormência se cansar
de nos cansar.





P.

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quarta-feira, abril 04, 2007



Vou-me embora.

deixo-vos com a minha banda jazz preferida - em versão minimalista.





J.

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Em Eva

Eu - ...Desculpa, mas uma banda não precisa de ter estilo.

Ela - O quê, tu tás parvo? Uma banda não ter estilo é como a princesa Diana estar viva!

Eu - O quê?

Ela - Hã?

(Risos histéricos durante dois minutos)

Eu - Caraças... Essa foi boa.

Ela - Cala-te, puta.



J.

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segunda-feira, abril 02, 2007

Enfim, é esta a verdade: tinha na cabeça já há mais de uma semana um texto muito giro para escrever, que me iria, aliás, dar imenso gozo criar - e não podemos dizer isso de todas as coisas que escrevemos. Esperei um, dois, vários dias para poder, finalmente, postá-lo no blog, ou começar, pelo menos, a escrever as primeiras linhas. Mas a verdade é esta: enquanto as coisas não melhorarem, enquanto não deixar de sentir que perigosas gostas de cicuta pingam de cada palavra que redijo, esse texto, e outros não poderão sair. E, ainda mais importante que isso: enquanto as coisas não melhorarem de vez, não poderei, de facto, escrever em hasta pública.
É terrível vermos que é nestas coisas em que reparamos nas cicatrizes que nos deixaram - e que pensávamos não existirem.


J.

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