quinta-feira, dezembro 29, 2005

Encerra-se o dia numa concha côncava;
de seguida, mistura-se água e enxofre
num delírio suave, contido,
pela força de um mito que se quer
intermédio:
- Não-branco; Não-preto.

Permite-se uma consciência em doses meigas,
levemente infantis, numa porção de vontade
(dir-se-ia)
ecléctica.
Em rotação invertida à dimensão de setenta e cinco
estabelece-se uma explicação
uma quase introdução à margem de oito
não mais, nunca menos
Assim se diz o que se quer, Um
Outro
talvez, que não é silenciado,
quase um canto, Sim,
pertença de um
Ele.



P.

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domingo, dezembro 25, 2005

Quarta-feira; andorinha; palhaço.

Habitava um palhaço triste na parede do meu antigo quarto. Algibeira de fora, calças rasgadas, calvície denunciada, algumas rugas visíveis que contavam a sua idade incerta. Palhaço que era, tinha uma batata vermelha – será esse o termo técnico? – no lugar do nariz, um pouco esbatido. Certa vez, esticou os braços, debruçou-se até a sua cabeça ganhar forma, colocou, a custo, um pé no chão, depois outro, ficou parado por um bocado até que começou a andar, de forma torpe, dormente; saiu porta fora.
Chegado à rua, sentiu necessidade de tapar os ouvidos pois já não estava habituado aos ruídos da cidade. Prosseguiu caminho. Quem passava por ele estranhava ver por ali um palhaço que não sabia sorrir. Não se deteve. Andou de tal maneira que a dada altura deixou de ver prédios e carros. Havia apenas uma estrada que desaparecia no horizonte. Andou e andou até que do dia se fez noite. Mas não parou. Numa Quarta-feira de um Dezembro longo e frio chegou, por entre o nevoeiro, a um desfiladeiro.
Sentou-se numa grande pedra e, finalmente, descansou.
No céu voavam gaivotas ferozes, de sangue frio, que desciam sobre as águas a uma velocidade estonteante apanhando peixes incautos, de parca memória. Entre as gaivotas, nesse mesmo céu, estava uma andorinha que, perdida, pairava. O palhaço pobre fitou-a longamente. A certa altura, a andorinha decidiu descer dos céus e veio poisar, numa outra pedra, mais pequena, a escassos dois metros do palhaço. A andorinha esperou um pouco e falou:
- Que fazes por aqui, palhaço triste?
- Eu – disse o palhaço – devo ter morrido e fui parar a um céu que não era deste tempo, estrelado, cósmico, magnético, tenho vivido no papel gasto pela saudade, essa, que diz que tudo era bom, imaginativo, alegre, sim, e devo ter regressado, vejo-o claramente: serei mau ser, psicadélico. E que me podes dizer, ave falante?
Sentados estavam, nessa vez que seria única; a construção de um conto.
- Tu e eu, que temos em comum? – perguntou a andorinha.
- Fomos extraídos da mesma estirpe, como raízes de plantas inexistentes, e eu tenho saudades da minha sombra, de quem sou. Sinto ausência.

Como a sinto.

Era um palhaço pobre. E onde eles estavam, em acto de desculpa, era um lugar de uma voz inconsciente, vibrante, que lhes pedia que se unissem.
E assim foi.



No céu voavam gaivotas ferozes, de sangue frio, que desciam sobre as águas, violentamente. Pararam por momentos, despertas por um feixe de luz violeta que não poderiam reconhecer, algures entre as pedras. E continuaram a sua perseguição.



P.

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sexta-feira, dezembro 23, 2005

A Navalha...

...deseja-lhes um Feliz Natal.






J./P.

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quinta-feira, dezembro 22, 2005

E agora, férias.

A Navalha tem andado parada antes das férias - e agora que as coisas iam começar a aquecer, um gajo vai-se embora. Eu podia dizer, eu vou, eu parto, mas este lugar fica bem entregue ao P., que postará diariamente, mas sei que isso não é possível: pois como todos sabemos, o P. é alcoólico, além de viciado em antidepressivos, o que torna bastante delicada e complexa a tarefa de prosseguir o único deve extracurricular que tem (fora o de atropelar peões nos passeios). Por outro lado, pode ser que me safe - o P. é também o melhor dos amigos e o melhor dos companheiros de blog. Poderá não postar diariamente, sim, mas bi-diariamente pode até ser bem possível. E as pérolas, claro, essas serão tantas quantas o número de posts. Portanto sei que, quando voltar, isto vai estar bem, na mesma, mas também - que sei eu. Sou só um pai preocupado em deixar o seu filho entregue aos cuidados de apenas um dos seus progenitores.






Quanto a mim? Eu volto. Estou condenado a isso.


Ainda tenho tempo para escrever as cartas.











J.

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quarta-feira, dezembro 21, 2005

Darigaar

alguns esconderam-se
não imaginando outras ou novas paisagens
esqueceu-se o tempo
outras vezes
noutros corpos queimados pela míriade de luzes
: enterrou-se o sonho, inverteu-se a necessidade de ionizar
tensões de cristal evaporado




nomes
de outros homens que silenciosamente
foram os messias das suas próprias impossíveis
criações






Q-










J.

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terça-feira, dezembro 20, 2005

PUTAS LIBANESAS!!

umas notas em relação ainda ao que pesquisam para entrar na navalha. Houve um infeliz qualquer que pesquisou gay joão pessoa, e veio ter à Navalha (sem comentários); e ainda, preparem-se para esta.







se pesquisarem no google por "putas libanesas" no google, meus senhores, tenho muito orgulho em dizer-vos que vimos em primeiro lugar nas páginas encontradas (thanks Trixie!); é um motivo de orgulho.







Mesmo que seja por todos os maus motivos.










J.

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chocolates; fotografia; menina.

Disseram-me que não havia nada a fazer.
Não entendo. Nunca entendi – tive amigos que me disseram que tudo havia de passar, que não se esquece quem parte, mas que tudo continua. Era isso o que tu me davas, pensei. E, confesso, gostava de saber se te perguntas sobre o que é que eu faço agora que não te tenho. Sei que não compreendes bem o que te quero dizer, é normal, menina que és, mas eu não me esqueço. Seguias-me, perguntando por tudo. Irias até ao fim do mundo atrás de mim, não irias? Esses olhos, esse verde forte.
Devia continuar, é isso que se faz, disseram-me.
Já passaram dois anos desde que se fez silêncio no teu coração e parece que nada mudou. Tive esperança, sabes, tanta esperança. Passei três meses a segurar a tua mão, esperando, cama 7, pediatria, ligada a soro, quase sempre a dormir, sedada. Lembro-me bem do quanto adoravas falar; pulavas, endoidecias com cada gato que vias ou com cada palavra nova que aprendias. Mas nesse tempo já falavas pouco, abrias ligeiramente os olhos, ficavas esgotada só de chamares por mim, baixinho. Era uma questão de tempo, disse-me a senhora da bata branca, que tanto adoravas, porque só ela te fazia caretas que te desmanchavam a rir. E como rias, e como conseguiste sorrir mesmo quando já não tinhas os teus longos caracóis loiros, dos quais tinhas tanto orgulho. As pessoas iam passando pelo quarto, em visita, uma após a outra, cheias de pena, e nada te demovia; houve até alguns colegas teus da escola, uns poucos, que vieram visitar-te com a professora – tinham autorização por escrito dos pais, porque o espectáculo assim o exige. E lembro-me tão bem de como ainda te tentavas levantar da cama para ir brincar. E de como conseguiste encontrar alguma força nos teus bracinhos para e agarrares, enquanto fingíamos que eras princesa e dançavas, e dançavas…
E foste tão corajosa, até ao último momento – a forma como a pouco e pouco ias aceitando a tua condição. Tu sabias o que se estava a passar, não sabias? Consegui percebê-lo os teus tristes olhos. Não deixaste o medo vencer, sei bem. E as saudades que tenho de ter de te esconder os chocolates para não comeres demasiados. Não sei por que acabou tudo assim. E eu sempre acreditei, sabes, percebo isso quando olho para a fotografia que tirámos juntos dois dias antes de teres finalmente descansado. Só me sabias fazer rir. E o quanto eu queria agora poder brincar contigo. Se tu soubesses o tolo que eu pareço de cada vez que confundo uma rapariguinha na rua contigo…
Mas que importa isso. Tenho saudades de ti, apenas isso. É difícil para um pai dizer adeus. Tinhas, tens, cinco anos e tenho as aos enrugadas de tanto ter contado os teus dias. Mas por favor não me digam que já é altura de seguir em frente. Não sabem.
Como poderiam sabê-lo?





P.

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Imagens de Lisboa, parte II










Na foto: uma ganza e dois namorados desconhecidos.
Cais Do Sodré.
19/12/05
















J.

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domingo, dezembro 18, 2005

prendas; luzes; crianças.

Sete foram as vezes em que te vi sorrir. Dizias tu que eu estava errado, que não era bem assim, que não daria certo ou faria sequer sentido, mas naquela tarde, naquele fim de Dezembro em que as crianças, famintas de curiosidade, já tremiam de tanta curiosidade, preparadas para abrir as suas prendas, eu pensei, E se não voltasses? – não resisti à pergunta, julgava eu poder impressionar-te com alguns truques de fogo ou apenas alguma simpatia. Uma lembrança de mim, pediste-me. Sob as luzes baças daquele Natal que não era para mim, tirei do bolso o isqueiro negro que comprara, por simbolismo, no dia em que desistira de fumar. Abri-te a mão levemente, apenas para a poder fechar já com o objecto negro nela encerrado. Usa-o bem, disse descontraidamente. E sorriste. E foi a última em vez em que te vi sorrir. Bem, tentei vir do fundo do espírito para dizer qualquer coisa de interessante, mas… foi assim, afastaste-te com esse teu passo quase elegante e eu, ali, fiquei ao frio, esperando. Escureceu mais cedo, lembro-me de ter pensado, tinhas tu virado a esquina. Se foram dias inteiros que se seguiram, não sei ao certo. Quis ficar. Assim fiquei. Sob as luzes baças de um tempo que não era o meu.



P.

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Ezra Pound e a Loucura.

Um pouco desorientado, pela falta de tudo; falta de pontuação, palavras moucas. A pontuação introduzindo-se como nas imagens ou nas histórias a serem contadas,
Como se as modificassem.
Ezra Pound. Tudo o que me veio à cabeça foram imagens difusas, um pinguim e uma grave fumadora a dizerem “slide”, mescladas com fatos do coelhos que eu preferira não ter conhecido a cara. Esquizofrenia interior ou exterior; o metal cegava-nos como uma luxuriante luz, enquanto brilhava ou encadeava a própria luz;
E a loucura. Segue-me por entre este antro da corredores falsos e forros de veludo vermelho falsos, perdendo-te apenas nas voltas das pessoas, com sorte. Tive ideias para escrever sobre o sono: um mamífero negro como um insecto, cheio de pêlos urticantes, a fitar-me com os seus olhos grandes, de vespa e verdes translúcidos antes de desaparecer de novo. Tenho alguns amigos à porta da loucura.
Porque todos os locais me parecem irreais, mesmo quando são novos – hmmm, talvez seja, não sei, o reflexo do que está errado no mundo, transparecido numa porta aberta de ar fresco, frio, angustiante queimando a parte de trás das narinas e a parte de baixo do cérebro.
Slide.
Se o mundo acabava ou não antes; ou depois,?, vi foi o seu cinzentismo mais que certo a abrir-se entre uma realidade mais plana por entre umas cortinas
Vermelhas e transparentes.
Uma luz cinzenta e amarela.
De repente percebi que não havia nada lá fora que pudesse devorar algo que não estivesse já devorado.
Reciclei as imagens fechando-as num compartimento do meu esquecimento para fermentação.
As figuras natalícias ouviam-se rugir na sua candura solta e desbocada;
Ezra Pound e a Loucura, sempre atrás de mim, como que duas mulheres ou numa só (umas barbas nunca ficaram mal a ninguém) sem uma resposta perante um sono, perante um sonho, perante um silêncio melodioso cheio de guitarras sugestionadas; e outras tantas respostas.
Sorrindo,
O Natal vem aí.
Entre a noite e o dia, a única diferença é apenas a dos grilos.






















(A Loucura)


























J.

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Neste momento, ando...

A dormir pouco.












J.

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quinta-feira, dezembro 15, 2005

Pobres primeiras vítimas

apesar dos dias conturbados e cheios de trabalho e estudo que se têm avizinhado (pelo menos até sexta feira) gostaria de deixar bem claro que eu e o P. ficámos bastante contentes e satisfeitos por finalmente termos tido visitas inesperadas de cromos vindos sabe-se lá de onde: quem pesquisou por "conas abertas" e "cais.do.sodré+góticas" encontrou aqui um lugar que, por momentos, os acolheu e os fez sentir feliz.



Estou certo que só mesmo por momentos.









J.

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domingo, dezembro 11, 2005

Novos leitores.

Está em curso a nova campanha d'A Navalha para aquisição de novos visitantes, quem sabe possíveis leitores. Para tal recorremos a uma panóplia de palavras-chave que poderão despertar o interesse dos mais incautos:

sexo, pornografia (free porn, diria mesmo), televisão, pénis (enlarge your penis; penis pump), dildos, futebol, Madonna, sexo, música, download, Ronaldo(qualquer um deles), lésbicas, Hitler, nazis, eutanásia, Bush, aborto (sim, o facto de o Bush estar entre eutanásia e aborto não é fruto do acaso) sexo, política, gays (gay pride, gay parade, etc.), betandwin (já era altura...), negros sexys, Cavaco, Soares, Alegre (e chega desta linha editorial), educação, sexo, economia, religião, Deus, Alá, Buda, MTV, Playboy, tunning, melhores prendes de Natal (e o próprio Pai Natal), oferecemos..., emprego, sexo, sexo e sexo.

Esperamos com isto aumentar a nossa rede de leitores.

(Nota: caso alguém tenha vindo parar aqui vitima da nossa campanha enganosa, agradecíamos que nos informasse para fins estatísticos, obrigado pela atenção)







P.

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sábado, dezembro 10, 2005

Imagens de Lisboa, parte I














na foto: fatito e bifana.
dois amantes.









(cais do sodré)











J.

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quinta-feira, dezembro 08, 2005

coffee shop philosophy


Foto: Cat.

- Eu preocupo-me, sabes. Para ti tudo é certo ou errado, bom ou mau, mas eu não funciono assim. Sou um rotundo talvez. Tens um sorriso de gozo por cada pedrada no charco que atiras com a violência das palavras, deliras silenciosamente como se tudo o que fizesses fosse capaz de abanar as fundições do mundo à tua volta. Mas eu não. Contento-me com o dia a correr-me de feição. Sou assim: não preciso de mais.
- Talvez por isso nunca faças nada de relevante. Tentas e tentas sem conseguires o que quer que seja. No dia em que os teus pais te disseram que não fazias nada da vida, decidiste arranjar emprego. Fizeste-o por eles, diria mesmo por despeito. No dia em que a tua namorada te disse para continuares com a tua vida, decidiste que havias de arranjar um hobby. Um estúpido qualquer coisa – tiras fotografias Às pessoas que não conheces e pensas que com isso captas toda a essência da alma. Tens pena de ti próprio, é essa a tua verdade.
- E por que razão não haveria de ter? Nem tudo é simples de definir. Nem tudo é automático como as memórias ou concreto como a dor. Nem tudo é intenso. Por vezes – tantas vezes – não há mesmo nada a fazer. Espera-se pelo que não chega. Não faço nada de mais, limito-me a aceitar a minha condição.
- E que condição é essa?
- Tu nunca me ouves…
- Ouço, sim. E é disso que já me fartei. Falta-te a acção, o ritmo, a vontade – reacção. Dizes que não precisavas de mais do que uma oportunidade, mas nunca te vi a procurar essa mesma oportunidade. Cansas a cabeça de tanto pensar. Cansas o corpo de tanto te sentares, pacientemente. Não me digas as tuas razões. Não quero saber. Pára de te explicar, de encontrara uma desculpa para a tua pessoa. Pára de fingir quem és. Não fales, por favor. Sei que és fantástico e tudo o mais, que um dia serás enorme, que darás cores aos sons, que muitos anos após a tua morte continuarás a respirar, a gritar e a chorar como fazem os humanos, que te irás fragmentar em pequenas peças e que te reconstruirás como o faz um puzzle complexo, sim, sim, sei tudo isso. E, no entanto, assim te resignas. Passas mais um dia nesta cidade, neste café onde minuto após minuto te vais desvanecendo e tudo isto por quê? Para me dizeres que tês um qualquer rigor tão pessoal por cumprir mas que ainda não chegou a hora? Quando será? De que raio tens medo?
- Sabes, não somos assim tão diferentes um do outro…
- E ainda assim eu não ando em círculos.




P.

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quarta-feira, dezembro 07, 2005

Um texto possível de José Saramago

O indivíduo senta-se, procura confortar-se pois está de facto o nosso mundo cheio de homens desconfortados, enfim uns mais que outros, se por outros entendermos que o seu desconforto é tão real como aqueles confortados naturalmente, mas dos segundos falávamos, e se este é um nosso segundo homem por pertencer à categoria já referida dos desconfortados, então que tente ele confortar-se como fez no início desta nossa humilde narrativa, reconfortando-se, portanto, quando se senta na cadeira desconfortável, pois como ela, desconfortável, existem muitas tantas outras, desconfortáveis, às cadeiras, é claro, me refiro, primeiras ou segundas neste caso ela não o é, apenas e somente cadeira, primeira ou segunda anula-se na sua própria condição de cadeira cadeira sendo de facto. Pois o homem senta-se e à sua frente está um indivíduo normal, postura firme e fina, será este homem também naturalmente confortado ou desconfortado, ou seja, naturalmente primeiro ou naturalmente segundo, se de facto o desconforto puder ser assim aplicado, transgredido na sua própria definição de não ser, confortado por estar confortado ou confortado no seu desconforto? A verdade é que este homem, primeiro ou segundo, confortado pois já desde si à algum tempo sentado, ou desconfortado ainda assim, que se há-de fazer é a vida, corresponde pelo nome de Anacleto Silva Máximo Barbosa e Anacleto Silva Máximo Barbosa prepara-se para falar com o homem à sua frente, este será somente chamado de José, o narrador não se lembrou de mais nenhum nome exótico para de facto a esta personagem, também primeira ou segunda, talvez quem sabe mais segunda por se ter confortado tão rapidamente no início desta nossa história, mas enfim será José somente, pois José já lhe bastará para ser de facto uma personagem, enfim de novo, comemos bebemos dormimos e fornicamos e em nenhuma altura dessa nossa existência nos perguntam o nome. Anacleto Silva Máximo Barbosa prepara-se então para falar, e o que ele diz é







(continua)
















J.

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segunda-feira, dezembro 05, 2005

Rudy Trouvé








Descrição


Haa, aqui temos uma banda - em bom rigor, um músico - bem mais difícil de falar sobre, tanto no prisma de multiplicidade de projectos, como no do próprio conhecimento - é que Rudy Trouvé é belga, e se isso não desculpa nada, este trabalho em registo próprio (o único) é apena a ponta do icebergue de muitos outros projectos paralelos, e/ou obscuros, que realiza com outros músicos e pintores da onda artística belga, sob o signo do Heaven Hotel - primeiro, um movimento artístico, depois o movimento que deu origem ao nome da editora que detém. Eu e o P. não conhecemos bem o trabalho de Rudy Trouvé - mas gostávamos. Possuimos apenas um dos 6 cds dos Kiss My Jazz (muito bom, diga-se de passagem) e este cd, que ele assina com nome próprio, sendo esta uma colecção de músicas feitas em casa, sozinho ou com amigos (o seu setexto, não-oficialmente. Rudy Trouvé Sextet é outro projecto seu, e este aqui apresentado é por vezes aglutinado nesse Sextet, devido à colaboração deste no álbum); confusões à parte (próprias e deliciosas de todas as bandas mais outstream europeias, todas com uma onda muito própria) vamos começar.



Música


Complicadíssimo de tentar encontrar um estilo. Aqui, apresentam muito um formato de registo em forma de estilo cantautor , mesmo apesar de ser usada uma multiplicade de instrumentos em quase todas as músicas do álbum. é algo intimista, e nota-se a calma, e o ambiente descontraído, em que foi feito.



Impressões


Eu gosto, apesar de não o considerar nem um génio, nem um álbum marcante. Tem o seu estilo próprio, e uma intemporalidade ainda vincada - mais uma vez, é específico, no sentido do álbum em si, e nos momentos em que talvez queira ser ouvido. Sentimentalmente, é muito neutro, mas há músicas de facto muito boas, espalhadas pelas suas vinte faixas.



Discografia


de Rudy Trouvé, temos apenas este álbum (apesar, mais uma vez, de ser considerado como Rudy Trouvé sextet, embora não apareça sequer uma única alusão no álbum - apenas que foi feito durante X anos em sua casa, com alguns amigos, por vezes). No entanto, a persona de Rudy Trouvé espalha-se numa míriade de projectos diferentes: Kiss My Jazz, Gore Slut, Franco Saint de Bakker, Dead Man Ray, Daan, Mitsibooshi jacson, Sue Daniels, ou Lionell Horrowitz & His Combo. A lista é de facto extensa, e publicar todos os álbuns destas bandas seria inócuo, tanto por uma questão de espaço (que ocuparia, de facto, muito e bom) como por uma questão lógica - estas bandas nem eu nem o P. conhecemos bem (algumas nem sequer minimamente), destacando-se um pouco mais das outras Dead Man Ray e Gore Slut. De qualquer forma, o nome deste álbum é


Quiet Songs


ou, como aparece na capa do cd


Heaven Hotel Presents: Rudy Trouvé and a collection of rather Quiet Songs.



Músicas-chave


são elas:


ha look! how come you so good and this one so bad
working for a living
une chanson
down
cartoon moon
black and blue
oh! that fireworks
simple pleasures
sweets to the sweets.







e é tudo, esta semana.















J.


(P.S., este post só é feito por mim por indisponibilidade do P., que estou certo que, se pudesse, quereria muito ter feito esta pequena e, da minha parte, imperfeita, recenção; a banda é mais considerada "dele" que "minha", e eu entendo que assim seja, já que o gosto demonstrado por ela foi sempre, por parte dele, superior ao meu. Desculpa lá pá, se fazias questão de seres tu a falar dela.

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quinta-feira, dezembro 01, 2005

Experiências Shamânicas, parte II

- Lembras-te... das noites em que dormimos?
- Não.
- Hã? Não?
- É pá, por acaso não.
- pronto, está bem...









J.

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