sexta-feira, julho 29, 2005

Só mais uma! só mais uma.

eu (J) - então mas diz-me, como tens nesta semana existido?

P - tenho insistido.

eu - boa.

P - e tu?

eu - tenho resistido.

P - boa.

eu - ... Foda-se, que puta me saiste.

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Volto Já.

bem, ok, eu nem era para escrever este post hoje; estou demasiado cansado, daquele cansaço que sabe bem antes de uma viagem... tem sido uma semana complicada. o P. quis que eu postasse uma última vez antes de regressar, em setembro. porque parto - não pressuponho sequer que existam espaço para saudades quando o verão nos inflige tantos momentos que nos preenchem. vou ter, no entanto, saudades passivas da Navalha. O P. vai continuar a postar aqui... de qualquer modo, quem parte sou eu. Durante um mês.
foi uma semana complicada, na verdade. a minha avó morreu, eu tive de cancelar todos os planos que tinha, e isso fez-me andar em viagens de 500 km para trás e para a frente, passar noites em branco, redefenir-me na minha falta de sono. Agora, menos de uma semana passado o seu enterro, voltamos, para encetar uma viagem marcada até itália, com, decerto... os ânimos algo mais cinzentos. mas vai ser diferente; e depois, talvez regresse um dia, entre mais uma viagem, e outra.
quero despedir-me de todos os que vêm visitar a navalha e a quem não me pude despedir pessoalmente; nada de lamechices ou merdas assim, eu só me vou embora e quero despdir-me, pronto, acabou. levo na minha mala um albúm por estrear (o best of dos stray cats) e, com sorte, um livro ainda por ler, mas não acho que o encontre nestas estantes.


e... bem, não sei que diga. só uma coisa, é o que digo sempre não sei bem porquê antes de uma viagem.


Ainda me faltam escrever as cartas.



J. 22/17/29/07/05

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quinta-feira, julho 28, 2005

diálogos.

- Acreditas?
- Acredito, sim.
- Estás, então, a dizer-me que é possível…
- Estou.
- Amanhã estaremos juntos?
- Por certo. Tenho cabelos negros e caneta a condizer.
- Fazes-me sorrir.
- É por isso que te amo.





P.

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estive uma semana fora no norte, na aldeia dos meus avos. Aproveitei para escrever. Note-se a minha panca em usar sempre a mesma marca de canetas para escrever. Posted by Picasa

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sexta-feira, julho 22, 2005

contos do oculto, parte I

Ele há um tipo sinistro num café onde costumo ir com a minha namorada. Praticamente sempre que lá entrámos o tipo estava lá, a beber cerveja, a fumar que nem um cão. Só faz pequenas pausas para pedir a chave da casa-de-banho para ir verter líquidos. De vez em quando muda de lugar, de manhã, de tarde, tantas vezes o vi. It’s creepy. O tipo tem sempre a barba por fazer, nunca o vi com companhia. Já nem sinto pena dele, apenas me assusta. Usa sempre o mesmo casaco azul, tipo fato. Nunca o ouvi falar, embora presume que o faça. É óbvio que está desempregado e nem sei ao certo se tem culpa disso. Deve ter medo do suicídio óbvio, portanto mata-se lentamente. Compra um pacote com uma porrada de maços SG Ventil e fuma insistentemente. Ele anseia por desaparecer, mas está lá sempre. Está quando entramos. Saímos e ele lá continua sabe-se lá durante quanto tempo. Não o compreendo. Mas é simples. Sinto-me estúpido. Mas ele existe. E subsiste.

E eu ainda não sei o que ele lá está a fazer.

Pouco importa: vou continuar a ir lá, com a mesma subtil certeza de que o vou encontrar. Apenas para me assustar um pouco.

E assusta.



P.

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terça-feira, julho 19, 2005

! ! !

ora aqui está uma boa banda!!!














J.
(aposto que ninguém vai perceber isto)

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segunda-feira, julho 18, 2005

Pessoas estranhas.

Hoje vi pessoas que não conseguia determinar.
Nem a idade nem dizer o que eram; a sua existência
De queimaduras solares, ultrapassava-me
Cada mulher era um garfo e casa homem
ironia
uma faca
Que se juntavam para preparar o devorar
Da realidade em mim..
Como pesadelos hiperbólicos. Algo
assim. Sorrisos com o magnetismo perfeitamente indiferente
ou uns olhares de palavra desconhecida.
A sua existência sabia a sal
na minha música silenciosa. Eram grupos
indecifráveis que existiam permanentemente.
Como um insulto. Como um ensinamento inatingível
em toda a minha humildade magoada. Sim. Estas pessoas estranhas.
Estas
Ondas que não provei tão
limpas. Estes jogos. Estes risos. Passavam em tons
no Sol dos meus olhos; azuis. Manchas.
Manchas de vidas
inscritas em tatuagens de suor.
E sangue e tinta; e saliva
nestas pessoas que não
sabia ler. Que transpiravam
insultos à minha ignorância genética. Estas.
Pessoas estranhas.
Eram talheres que retalhavam o dia
Para eu não
o devorar.
Estas. Pessoas estranhas.
Eram jovens com mais
do que luz.
Por decifrar.












J.


26/27/06/05

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domingo, julho 17, 2005

Algumas perguntas frequentemente colocadas pelos nossos amigos e outras que pensam em perguntar mas não têm a coragem: reveladas aqui.

pergunta 1:
- Porque é que o P. não tem vindo cá nem postado tanto? vocês zangaram-se durante o sexo ou assim?

- não é bem assim pequenita. O sexo entre mim e o P. é absolutamente maravilhoso. O que se passa é que o P. está em exames, enquanto que eu, espertalhão de meia tigela, já passei a todas as minhas cadeiras, não tendo de estudar absolutamente mais nada nem ir a melhorias, o que não se sucede com o comum dos mortais. Mais ainda, os exames do P. só acabam em finais de Julho. portanto, até lá, é de gesso.



pergunta 2:
- e tu, ò J, porque é que ultimamente andas a postar regularmente todos os dias, chegando mesmo a enojar os que por cá passam?

- a cena é que sexta fui tirar um dente do ciso, e até amanhã encontrar-me-ei em convalescença, o que me dá tempo de sobra para cuspir sangue e deambular pela casa vazia, enquanto escrevo. Refira-se de novo o facto de me encontrar de férias.



pergunta 3:
- porque é que não encontram meio termo nos vossos posts e só escrevem ou coisas pacaninas ou coisas gigantes?

- isso tem tudo a ver com a frequência com que olhamos para o nosso pénis.



pergunta 4:
- porque é que vocês têm a mania artística de usar os nomes P. e J. quando os vossos amigos que cá postam vos conhecem e vos tratam pelo nome sompleto sem qualquer problema?

- somos egocêntricos e gostamos de criar uma aura de mistério e secretismo à nossa volta. Tentamos cultivar o nosso lado mais artístico (apaneleirado). A verdade, é que demora menos tempo a assinar a autoria do post no fim, e, assim, torna-se mais facilmente reconhecível para quem lê o nome do autor.



pergunta 5:
- algum de vocês é gay?

- eu só respondo por mim. Não, eu não sou gay. Óbvio que não acreditam em mim, o que não constitui problema algum, mas isso é facilmente resolvido; basta trazerem-me as vossas irmãs, com mais de pelo menos 16 anos, por favor. é melhor na verdade 18, porque acho que já posso ser incriminado por pedofilia. em relação ao P. , eu digo que ele É, de facto, gay, ele é que ainda não sabe, e só está andar com a sua namorada poooorque talvez ande equivocado. é impossível um homem que anda tanto tempo comigo não ficar meio virado. que posso dizer, os meus glúteos são sexys.



pergunta 6:
- porque é que não postam fotos vossas que se vejam? digo isto porque a vossa única foto postada está meia estranha, não se vendo as vossas caras. Qual é a razão?

- cuidado, vejo aí dois pontos de interrogação, isto é para ser só uma pergunta. Sei lá. Isso é um bocado egocêntrico e temos poucas fotos nossas juntos, na verdade. Parar pormos fotos individuais, seria um pouco estranho. Qual seria o propósito disso, a não ser o cultivo estúpido da nossa imagem? Isso não nos interessa nada.



pergunta 7:
- ouvi dizer que vocês não postam fotos vossas com a cara à mostra porque são bestas desfiguradas.

- e eu ouvi dizer que o teu pai gosta de "passar a ferro". Não, não é verdade. Nós somos a antítitese dos poetas/escritores, não nos querendo considerar nenhum deles, na verdade. Somos giros, temos estilo, para nós a vida não é um nojo, até gostamos de cá estar. Isso é totalmente falso.



pergunta 8:
- gostaria que me explicassem porque é que ultimamente os posts têm andado a descer de nível artístico, de qualidade, deixando ambientes mais abstractos e esotéricos para passarem a assuntos mais mundanos e corriqueiros.

- a uma cara linda como a sua, obviamente que explico. a Navalha sempre quis ir a todas as direcções possíveis, libertando-se de estereótipos estilístico-bloguísticos. tentámos, na sua criação, definir os parãmetros deste nosso novo blog, coisa que fizemos muito por alto. Decidimos que não iria ser tão pesado quanto o anterior, e menos pessoal, com posts mais curtos para uma leitura mais agradável e porreira, contrastando com outros que já são normalmente o nosso estilo. É uma direcção que decidimos tomar e que julgamos ser a mais acertada para o formato que pretendemos. eisso não é sinónimo de perda de qualidade.



pergunta 9:
- qual é a vossa relação com o Canadá e o Brasil?

- Nenhuma.




pergunta 10:
- mas eu tenho visto aqui comments desses países e links para blogs desses países.

- eu nem devia responder a isto porque é só uma pergunta por pessoa. Quando digo nenhuma, é porque nunca lá fomos. Mas visitamos regularmente os blogs que linkamos aqui (com a permissão prévia dos autores, o que torna complicado o display de links, já que muitos, por razões variadas, não querem ver o seu blog aqui apresentado, sendo os blogs A Grande Abóbora, Sumpflumbe e Sanctuary excepções, na verdade), e julgo que mantemos uma relação saudável, drug and sex free com eles.



pergunta 11:
- o que levou a essa relação straight-edge?

- literal tropeçar em blogs enquanto navegávamos na web.



pergunta 12:
- quem é o chefe do blog?

- eu. Mas não digam ao P. .Ok, não é bem assim. Ninguém é chefe no sentido em que ninguém é o responsável pela direcção artística que a Navaçla acaba por ter. Enquanto amigos, já nos conhecemos há tempo o suficiente para sabermos o que esperar um do outro. Só começamos isto porque sabiamos o que esperar um do outro em termos escritos, logo, o que quer que cada um de nós faça, à partida não ser algo grandemente anormal que nos faça deletar um post. Isso nunca aconteceu. Mas por vezes pedimos conselhos um ao outro acerca de certos posts, o normal, acho eu. O blog anterior tinha sido criado por mim com parceria posterior do P., mas este foi fundado em conjunto, portanto, é tanto meu quanto dele.



pergunta 13:
- quem gosta mais de massa?

- não faço ideia. eu só gosto de esparguete com queijo ralado.



e é tudo. Mais perguntas que nos façam, eu vou postando aqui. ou deixem-nas nos comments, e responder-vos-emos da melhor maneira que acharmos.



J.

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sábado, julho 16, 2005

The Mars Volta.

Bem… falar de The Mars Volta é falar da minha banda preferida, desde Março deste ano. É, de facto, uma estranha história de amor que foi sendo criada com clímaxes de som puro e letras absolutamente reveladoras de uma faceta artística que eu tivera já, distorcidamente, pela altura do meu décimo ano. Falar de Mars Volta é aceitar o incrível e a loucura como som.
Conheci Mars Volta pelo P., depois de ter conhecido justamente a banda anterior do omar e do cedric, os lendários At The Drive-in, extintos, num acto de harakiri, quando lançaram um álbum absolutamente perfeito e brilhante de rock sujo, rápido e inteligente, começando a deixar de ser apenas uma banda de culto para começarem a conquistar o mundo. Mars volta acaba por ser uma coisa bem diferente, mas antes de conhecer mars volta, eu vibrava, há coisa de dois anos, com o cd relationships of command, emprestado pelo P, logo copiado. Era fácil falar em genialidade. Era óbvio e cansativo. Mas se o adjectivo pode, de facto, ser usado para o último cd dos At The Drive-in, este pode, e deve, ser também usado para Mars Volta, desde que torcido, modelado e composto por cores mais vibrantes e formas desconexadas com a lucidez. Mars Volta, enquanto banda, acaba por ser uma viagem nunca terminada, pelo menos sente-se assim, pelos seus dois álbuns e concertos ao vivo, sempre diferentes. E quando saiu o de-loused in the comatorium e o P. o comprou, penso que não o entendeu bem (quem o poderia julgar por isso, Mars Volta demora meses a ser compreendido), sendo a música preferida dele justamente a primeira e a segunda, uma só, ao fim e ao cabo, a son et lumiére/inertiatic ESP; é a única que tem a duração de um single no álbum, é a única com riffs mais normais e uma estrutura mais terrestre. É também o inicio da viagem psicadélica e sonhadora, o que explica justamente a maior facilidade de audição. Fiquei meses sem o experimentar ainda, lá em casa dele, e um dia pô-lo a tocar quando lá fui, mas tão baixinho, que não entendi absolutamente nada. Bem, Mars Volta não é fácil. Eu tive muita sorte em compreendê-los e engoli-los de imediato, mas sei que isso não aconteceu com todos. A cena é que, Mars Volta são das melhores bandas do mundo, por terem um guitarrista e mentor que é um génio, um baterista que é considerado pelo seu colega dos metallica o melhor do mundo (palavras dele) e um vocalista inventivo, eléctrico, e com uma voz aguda absolutamente coadunada com o próprio espírito da banda.
Tive sorte, digo. Como tenho o hábito de comprar ou arranjar sempre um álbum novo quando vou para a aldeia dos meus avós, porque ainda é uma viagem de carro de cinco horas, escolhi para o natal levar Mars Volta. O P. deixou. Na viagem achei tudo aquilo uma loucura incrível e simplesmente diferente de tudo o quer alguma vez tinha ouvido – e hoje quando os ouço ainda é assim. O que levou a um amor à primeira audição, não tanto amor – mais veneração. Eu sempre ouvi os dois extremos da coisa . sempre gostei de músicas bonitas e melódicas, daquelas que ás vezes nos fazem sentir na mais completa das fossas (perdoem-me o exemplo simples e tosco) de tão bonitas que são. Mas também sempre gostei do rock forte, rápido e eléctrico. Mars Volta consegue ser muito mais que isso. Deixem-me usar uma exclamação aqui: Mars Volta é incrível! É muito simplesmente indescritível, mas não é fácil. O P., ao ver o meu entusiasmo, voltou a ouvi-lo com outros ouvidos, e então também Mars Volta se abriu para ele; a verdade é que temos de ouvi-los das primeiras vezes concentrados, tentando perceber o que é que a banda nos quer dizer, o que é que ela, enfim, é. E é boa, e é incrível, mas por ser diferente de tudo o que se tem ouvido, a estranheza É inibidora. É na verdade inevitável uma inibição.
O de-loused in the comatorium é uma viagem por um mundo diferente criado pelo Cedric Bixler Zavala. É todo feito na memória do mentor dos dois, omar e rodriguez, que falecera pouco antes do começo da banda. É na verdade um filme, quase – as explicações que aqui dou são retiradas de testemunhos de membros da banda, claro. No de-loused, a bateria é mais lenta em comparação com o segundo (frances the mute) mas mais sci-fi like, mais maquinal. As músicas são incríveis, todas elas (a ambuletz, última música do álbum, é na verdade assustadora), mas é mais um álbum de músicas singulares que valem por si só, do que uma viagem; é-o, no sentido em que o álbum é grande, é enorme, penso que ultrapassa os setenta minutos. E ouve-se o álbum todo e quer-se mais, é tão simples quanto isto. As músicas são todas à volta de dez minutos, com pérolas constantes. Cada riff é um orgasmo mental, é incrível. Começa-se com um crescendo calmo (a mesma técnica é usada no francês) para depois explodir no primeiro soco forte sónico. E com os agudos surreais de Cedric, Now I’m Lost, começamos a viagem por um mundo absolutamente diferente de tudo o que já se vira antes. Enquanto álbum, disse-me o P. que vira na NME (por acaso odeio essa revista, acho-a asquerosa em termos de idoneidade musical, só vive das modas, mas ok) que o crítico disse que o de-loused estava, muito simplesmente, uma década à frente do seu tempo.
Fui sacando concertos deles pela net e fui-me apercebendo, entre um álbum e o outro, que não saia nunca mais, a verdadeira genialidade da banda. Cada música, ao vivo, eles tornam-na numa diferente em palco. Os concertos, surreais, têm a duração de uma hora, hora e meia, e são só tocadas duas músicas (!), três no máximo. É tão brilhante e delicioso que chega a ser absurdo. Os improvisos de dez minutos são um deleite, é um doce para os amantes do som das guitarras e do flow musical, que é devorado insaciavelmente. Os concertos são um epifania. Músicas de sete minutos transformam-se em épicos de vinte, ou meia hora. Portanto, os meses foram passando e a minha dúvida era, sabendo que queriam fazer algo diferente no seu segundo registo, o que se seguiria.
Seguiu-se frances the mute. Muito possivelmente um dos melhores álbuns dos últimos dez anos, se não o melhor, do mundo do rock, 2-D punk, post punk, e Prog-rock. Enfim, toda essa merda. Até podemos incluir na equação o metal (e neste momento, ouço Cassandra gemini). Mais difícil, setenta e seis minutos.
Cinco músicas.





Não dá quase para explicar frances the mute – é a coisa mais incrível que alguma vez já ouvi na vida! eu nunca gostei do rock revival muito, protagonizado por bandas um bocado merdosas que não são carne nem peixe, como os strokes, the libertines, franz ferdinand e the killers, etc etc etc. desses todos só os white stripes se safam. Não quer isto dizer que eu estou pregado ao passado – muito pelo contrário, se estarei pregado a alguma coisa, é justamente ao futuro. E ao bom rock, e Mars volta é tudo isso. É o futuro possível das bandas de qualidade. Frances passa-se neste mundo, e roda à volta de outro conceito – desta vez, um diário encontrado de um mexicano possivelmente esquizofrénico que percorreu a América à procura dos seus pais e via fantasmas. Encontrado por acaso por eles, decidiram fazer o álbum à volta disso. E oh meu deus que álbum. É elíptico, fances the mute. Termina como começa, as letras são uma hode a todos os poetas de segunda que se julgam abstractos o suficiente, e os riffs, meu deus… os riffs estão melhores que nunca. O meu fascínio por frances the mute foi a dada altura quase doentio. Eu acordava literalmente a cantar os acordes, a cantar passagens da Cassandra gemini, não me largava, ia para as aulas na universidade com aquilo (de notar que uma vez estava tão vidrado que o Pedro Lomba andou a aula toda a dizer que a sala devia estar assombrada, mas afinal, era só eu e o discman a expelir sons estranhos); o que se pode equiparar ao que fiz era fome. Era fome autêntica, era um precisar quase físico de mars volta. Durante meses andei com eles na cabeça e não me saiam. E não me importava, e ainda hoje não me importo. Nunca tinha gostado de nenhuma banda assim.



Foi quando comecei a tentar espalhar a palavra.
Frances é um álbum mais complexo ainda de ser percebido. E difícil. O segredo para o compreender e venerá-lo é fácil, mas absurdo. Contei isto ao vash, meu colega da faculdade (que comenta aqui n’A Navalha) e fi-lo jurar que faria como eu lhe dissera. Eu disse ao vash que isto era melhor que tudo o que ele já tinha ouvido; o vash é um amante de metal puro, logo isto poderia não ser bem a cena dele, pensava eu. Porque mars volta pode ser algo poderoso mas não é metal, não é barulho bruto sem sentido. Ele gravou os dois álbuns, ouviu-os uma vez, gostou mais ao menos, disse que até nem eram maus. Fiquei desiludido mas não surpreendido. Na verdade, sabia que era apenas uma questão de tempo.
E então, há umas semanas, fi-lo jurar que ouviria frances the mute como lhe ordenasse (a receita digo-a agora, podem todos experimenta-la.) e como se deve ouvir o frances the mute? É simples, tem de se ouvir o álbum com atenção do início ao fim na aparelhagem, alto. Tem de ser alto. Sem fazer nada, com alguma atenção - pode-se ler um livro, estudar, etc. não é importante. No mesmo dia, ou no dia a seguir, à noite, sem interferências (aconselha-se então que se faça quando os pais dormirem já), metam o cd no discman, e em silêncio, em pé, bem alto, ouçam o cd a partir da quinta música, sem fazer nada. Alto. Cassandra gemini, no discman.
O Ricardo teve os cds desde Março em casa dele, copiados. No dia depois a lhe ter pedido que fizesse o que lhe dissera, veio-me agradecer, veio-me no entanto, mais que isso, dizer que nunca na vida tinha ouvido algo tão genial e (passado uns dias) que mars volta tinha mudado a sua vida musicalmente, para sempre. Tal como metallica, aos 13 anos.
Coincidência? Não penso assim. Já pedi a uns amigos meus para fazerem o mesmo, mas pensam que estou no gozo, ou não entendem a estranheza da ordem. Ou não têm tido oportunidade. O P. quando experimentou também, também o percebeu como devia ser. Não podia ser de outra maneira, a genialidade é, por natureza, esotérica na sua génese.


Moral do post, que já vai grande. Eu não consigo, nem quero, explicar mars volta. Deixo ao vosso critério e medo experimentarem-no, estranharem e não gostarem nos primeiros dias, e depois apaixonarem-se. Para mim, são das melhores banda de sempre, ao lado dos beatles, the doors, miles davis. Porque dizem algo de novo, eles são na verdade uma revolução dentro da música.





Mais que isto, só mesmo ouvirem-nos.





J.

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vocês só podem estar a gozar comigo.

a navalha ultrapassou as mil pessoas; vou ali cuspir mais um bocado de sangue para celebrar.

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sexta-feira, julho 15, 2005


daqui a uns dias, esta mesmo prometido. a cena que aconteceu e que arranquei o outro dente, e vou andar agonizando em dores durante uns tres dias. portanto, on the left, omar rodriguez-lopez, guitarrist and mentor of the project The Mars Volta, and on the right, the gui with the best name in the world, Cedric Bixler Zavala. Posted by Picasa

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quinta-feira, julho 14, 2005

Sumpflumbe is no more

só uma pequena nota para aqueles que motivaram o encerramento do blog sumpflumbe (crooked-house). vocês são uns conas que nem para professor de capoeira aqui serviam. eu gostava do blog da trixie. era giro . eu gostava daquela merda, eram cinco minutos da minha noite entre conversas no msn ou momentos de ócio depois do jantar que eu perdia com gozo. o choque de culturas e uma miúda inteligente e porreira a falar; aliás, a escrever bem. e era muito melhor que o outro preto - o branco ficava bem
e agora, alas, por causa de um bando de putas libanesas ciumentas ou o caralho que o foda que seja, o sumpflumbe já não existe, em suma is no more. e tenho pena. esses gajos não fazem mais nada da vida? espiar blogs? desde quando é que isso deveria ter uma conotação negativa? shame on you manada de caralhos (ou, se era só um infeliz, shame on you, seu... punheteiro infeliz.)
bem; e agora vou-me embora, vou jantar fora, comemorar: passei à minha segunda oral (era de melhoria, já estava passado) com 12, ou seja, não subi, mas comemoro na mesma. seus caras de cú. deixavam a miúda em paz
bah. vê lá se dás o teu endereço por outro lado ou assim (tou a pensar no blog do marcus, se eles não o tiverem)
peace seus "cafagestes".

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terça-feira, julho 12, 2005

Da bloguice dita erudita e informativa feita por gajos que nunca devem saír (ou raramente) de casa, para estar com os amigos ou assim.

cadavez que vejo aqueles blogs com loongos posts falando de meros pensamentos do autor, ou falando de assuntos corriqueiros da vida geral, chegando mesmo a pesquisar os assuntos que abordam, introduzindo links para sites noticiosos para defenderem as suas teorias, e gráficos (espante-se, até gráficos) como0 esclarecedores, só me consegue vir um pensamento à cabeça, um pensamento, mas que pensamento.






Mas estes conas não têm nada que fazer na vida?

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daqui a uns dias fa�o um post como deve ser sobre estes gajos, a banda que eu mais venero, os gigantes do prog-rock, os epicos (isto com acentos atrofia), os herois da musica que eu ja julgava quase sem surpresas, os que me poem a beira da loucura a murmurar as suas melodias e os seus acordes de guitarra sem parar. estava a guarda-los para mais tarde mas nao da. estes gajos sao mesmo geniais. Posted by Picasa

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domingo, julho 10, 2005

Percebo: contra-di(c)ção.

E quem foi que lhe contou da morte das palavras?
Quem lhe disse:


Porque gritas.


- Ainda vais a tempo de fechar os olhos.



P.

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Sim, contradição.

Um homem com rios a nascerem-lhe dos olhos gritando que já não é luz.

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sexta-feira, julho 08, 2005

contradição?

O homem da cartola voltou.

Traz consigo a sua acompanhante,
uma concubina:






Que fazem eles a correr pelas ruas?

























[que diria o diabo destes anjos?]






P.

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quinta-feira, julho 07, 2005

Contradição

As pessoas costumam dizer que eu fico bonito quando estou sério.
O único problema é que eu estou-me sempre a rir.







J.

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quarta-feira, julho 06, 2005

A Minha Primeira Oral e Uma Breve Reflexão Sobre o Início Das Férias.

E então ontem foi a minha primeira oral do curso de direito. Foi muito interessante tanto quase como foi estúpido. A semana anterior eu andei num nervosismo de asmático, estudando algumas horas seguidas para passar à maldita cadeira em que um dia já tinha sido dos melhores alunos do primeiro ano, tudo por uma vontade de desistir do curso acompanhado por atrofios; sim, é esta a palavra, de toda a espécie. Mas fui fazer a oral, tive 9 no exame e precisava de 11 para dispensar, portanto não me envergonho da minha burrice, aliás orgulho-me um pouco dela; se fosse imediatamente um bom aluno em direito nem sequer me sentiria bem.
But then again, os que passam o primeiro ano com as cadeiras todas feitas são menos de metade. Bem, eu não o sei. Direito está para os leigos como o action man para as meninas; ou melhor diria antes que é como futebol, qualquer um pode jogar poucos conseguem ser mesmo mesmo bons.
As minhas comparações são horríveis.
Bem não importa… tive de ir comprar um fato, tive de ir comprar uns sapatos, tive enfim de comprar uma nova expressão para usar com a minha cara que, se dantes era perfeita para estas ocasiões, agora, com a minha "barba à margem sul", como me disse que era uma leitora deste blog, eu parecia mais "negligé", e isso era mau; as circunstâncias que me fazem tomar este raciocínio é que ele é o próprio raciocínio dos júris. Qualquer um pode ir vestido como quiser para uma oral, mas pode correr o risco de o júri não gostar, de o chumbar imediatamente, de o lixar ou de recusar-se a fazer uma oral, se alguém rapaz não for de fato. Quantos às mulheres, basta uma mini-saia e qualquer coisa assim (sugerem-se bem curtinhas) para surtir o efeito desejado, e mais que desejado. Então tive de basicamente ir comprar o raio do fato.
Bem no dia anterior estava mais nervoso do que para os exames, e no dia a seguir também não estava nada melhor; muito pelo contrário. Todos os meus amigos me deram força e disseram que eu me ia safar na boa pelas minhas capacidades discursivas, mas a verdade é que isso numa oral de direito é apenas um bónus, a verdade é que se alguém não souber bem a matéria (e nunca na verdade ninguém sabe) é maltratado, espezinhado e massacrado. E gozado.
Eu estava com um casaco azul-escuro e umas calças quase pretas, uma camisa rosa muito clara, quase branca (dito parece mais gay ainda do que quando se usa, é engraçado) com uma gravata vermelha com algumas, finas, riscas brancas diagonais. Pronto estava bem foda-se, estava giro e etc. mas olhei-me e pensei, meu deus joão, no que terá que te tornar um dia; fiz mais uma vez a prece que algo acontecesse na minha vida para que esse dia nunca chegue, o dia em que tenha de usar diariamente um fato.
Bem isto já está a ficar grande. Fui logo o primeiro. O júri era o professor pequenino da sub-turma 14 e o meu, o Mestre João Espírito Santo (embora eles tratem-se por doutor mais frequentemente). Fui logo o primeiro, e pensei logo, isto vai dar merda, porque a minha prof de economia disse-nos um dia que ser o primeiro ou o último nunca era nada bom. Mas a minha oral foi a mais surreal de todas. Dizem que na faculdade há alunos que são falados entre os professores pelos corredores, mas eu não acreditava que fosse o meu caso nem sequer logo no primeiro ano; e não deve ser também, mas pelo menos foi estranho. Ele pergunta-me, o doutor Espírito Santo foi tomar um café, quer começar sem ele ou prefere esperar? Eu disse que começávamos logo, porque era ele e não o meu prof que me ia fazer a oral; como tal, seria quase uma mostra de descrédito ao seu trabalho esperar pelo meu professor.
Bem, ele começa por me perguntar se tenho alguma matéria preferencial; eu tinha muitas mas estava tão acagaçado que disse que ele podia começar por onde bem entendesse, eu de momento não estava a ver nenhuma (estúpido, a interpretação, a integração de lacunas jurídicas, o Direito e a Moral…) e ele começou pelo princípio. Respondo bem à diferença entre direito objectivo e subjectivo (é raro eles não fazerem nenhum reparo às respostas) e o homem larga a bomba. E diz-me ele que
Diz-me ele Olhe, João… estou a ver aqui a sua nota, tem 12… é uma nota bastante razoável, e… parece-me de facto ser um aluno bastante inteligente. Se não se importava fazíamos… eu agora queria-lhe aumentar o nível de dificuldade das perguntas, fazer perguntas um pouco mais difíceis. Pode ser, está bem consigo?
E que ia eu responder? Pergunta-me logo uma cena que eu nunca ouvi falar, no início. Disse que "não havia mal nenhum e passámos para a auto-tutela regime fodido, muito mais do que nas orais de anteontem, a que fui assistir. Passa-me para a interpretação ab-rogante, e a partir daí meti o piloto automático e não me lembro de mais nada.
Foi uma oral rápida. Se pensava eu que o meu nervosismo tinha acabado, estava enganado. Porque fui o primeiro estive a manhã inteira à espera da minha nota; da minha, nota. Fui comprar o blitz meti-me a ler o jornal mas nem isso me fazia passar a puta de um nervosismo. E na verdade, era só a minha primeira oral… quando disseram o meu nome e que tinha passado com 11 o meu alívio não foi grande. Apercebi-me da extrema estupidez -
Que foi dar demasiada importância a um processo frívolo e injusto de apuramento de notas, mas também, qual o mais justo é, não é verdade.
Comemorei chegando a casa, despindo o fato, e adormecendo acordando apenas às sete da tarde. Depois fui jantar com os meus pais, e eles fizeram-me sentir mais herói do que eu próprio.
Estou de férias. Há algo de diabólico nisso.
A razão: vou passar a dormir ainda menos.

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terça-feira, julho 05, 2005

úvula - the mercyful bitch

Em primeiro lugar preciso que percebam que o primeiro passo para admitir que uma pessoa está doente, é desejar-lhe as melhoras. Portanto, peço-vos que não me façam algo assim. As melhoras. Doente. Tudo isso. Bem, convenhamos, já não me sentia tão inútil há um bom tempo. Não há muito para fazer nestas alturas. Já pensei em mudar a televisão da sala para o quarto para poder dizer que não passei o dia todo na sala a ver televisão. Acho que só mesmo a falta de imaginação me impede de imaginar todo o tipo de horrores latentes, persistentes e correntes, de quem está assim, Sim, queixo-me demais, mas também quem precisa de sofrer em silêncio quando pode praguejar acerca das coisas. Eu praguejo por escrito. Dói-me demasiado a garganta para gritar. Mas vou fazê-lo, acreditem que vou, mal me sinta bem vou gritar até ficar rouco. Mas tudo isto cansa; olhei-me aqui há uns dois dias ao espelho, abri a pouco e fiquei estarrecido. A cabra de uma massa branca a que se veiculou aceitar comummente como sendo pus, a cobrir-me a garganta. Mais do que isso: Úvula. A quem “dedico” o meu texto. Sim, fez-me lembrar qualquer coisa de um órgão sexual feminino. Mas não. Para quem não sabe, a úvula é geralmente conhecida como campainha, aquela coisa estúpida, por cima da língua, no fim do céu da boca, sei lá eu, que mais parece um penduricalho. Fui aprender o nome dela apenas para saber o que devo odiar. No meu caso, atingiu o dobro do tamanho, de tão inflamada. Olhei-me e senti-me como que tirado de um daqueles documentários fascinantes sobre doenças pouco comuns mas essencialmente nojentas. Sim, foi assim que me senti. E podia continuar a queixar-me por mais horas a fio, acreditem que podia. Mas chega de desabafar - também isto cansa. Tenho de me concentrar, ganhar energias, arranjar todo o fôlego necessário para poder passar mais um dia…a vegetar.

Continuamente.




P.

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domingo, julho 03, 2005

O romantismo

o romantismo é das coisas mais estúpidas no amor! é a pieguice dos punheteiros que finalmente encontraram "o amor da sua vida"; é o dejecto cultural dos carinhos frases e momentos sem sentido; é levar o carinho até aos limites do enjoo. o romantismo é muito estúpido, mas acho que mais estúpido ainda é falar dele, pelas mesmas razões que




apercebi-me agora que me insultei a mim mesmo. o romantismo é estúpido, ponto, não escrevo mais.

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