domingo, novembro 26, 2006

Eu não conheço bem Tom Waits

mas por causa desta música, gostava de conhecer.


Alice.



J.

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sexta-feira, novembro 24, 2006

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Estes somos nós, a Nossa
quase inexplicável loucura, erguida
em testamento, Somos nós,
Quase homens, quase sós,
por entre as palavras que desperdiçamos, todo o sangue que
gotejamos.










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“The audience is waiting…”
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P.

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quarta-feira, novembro 22, 2006

A morte
É doce e cheia de vida
Inspira-se adormecendo
Ao som do calor nas pausas infinitas que dispõe
Para ser feliz.



Estava sobre um feitiço
Peixes passeavam pelo ar e a morte
Recordava as minhas amigas de quem tinha saudades
E os miúdos comiam pernas-de-pau
Vamos voltar todos aos tempos
simples, dizia eu às
invocações;
Mas a morte não
deixava



Sorria muito e ria-se ao dizer
o meu nome
Estava presente
Como uma adolescente capaz
de devorar ou
melhor
Beijar o Mundo
Inteiro



Surpreendida



J.

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terça-feira, novembro 21, 2006

Elegia às bestas fantásticas

Que tudo se destrua!
E eu possa festejar lambendo as paredes
Stencils de estrelas com fumo
de cabeças sem perfumes saciados
pela besta electromagnética descontrolada devoradora de pensamentos
Ana
Joana
Saem livros dos meus dentes de
pedófilo e a cidade é cartão
Para a ignomínia do esquecimento
Candice
Joyce, enquanto procuram ardósias
Limpas de bosta
O céu impregnado de esconjuramentos para ser comprimido num livro
A
Noite gritadora



[P]
[Pm]
[Pmt]
[Pmt…]
Olhai, olhai
Os venenos deixados no acaso pelos pretensos salvadores
Olhai, olhai
A pequenez extrema de tudo o que é físico
Pelo quebrar de todas as barreiras
Sinto-me minúsculo
Olhai, vou
Morrer



O néon luminoso indica a saída.
Reformulados os corredores, as luzes
brancas objectivam a escuridão fora delas.
Ouvem-se vozes ao longe.
As perguntas são: Porquê, e quando?
Outros mais dignos primeiro se levantaram
Mas
A água continua a escorrer pelos canos abertos
Minorar
As consequências das horas que passaram ou
da certeza da realidade lá fora.
Sai. Eles estão à tua espera.
Talvez para te devorar, não sabes.
Mas uma coisa é certa: eles estão ali.
Continuamente
Gigantes
E à espreita











À espreita







[Lado 2]



)Diversas onomatopeias épicas de rugidos supra bíblicos(
-
)gritos multiplicadps como um órgão desafinado em milhões de mulheres na casa dos trinta(
Uma delas é uma máquina que só pretende destruir cortando cabeças,
O chão irrompe!
Baleias
pelo ar
A acidez das poças de água da chuva de ontem vergam-se eu
implodi absorvendo o meu estômago ou
sensivelmente todos desse distrito
, na pele vermelha-rubi como a notícia anunciadora de hostilidade, os
pátios gigantes das escolas suspensas no ar
são tragadas e presas Os urros da espécie
Reformadora de Cores projecta bafos de trinisfera
, as pontes gemem e cantam o seu demise
A luz continua
a funcionar por toda
Cidade Mar
Os navios transmutaram-se em seres vivos de respiração agonizantes unem-se
à matéria
única da carne,
mais



Os dias vertem-se ou invertem-se
consoante
Os ritmos de metabolismo da besta azul
que só dorme flutuando no limiar
dos rios grandes que desaguam no mar
O silêncio no entanto
É tão normal quanto os gritos e urros tridimensionais nunca dantes ouvidos sempre estádios ao longe mas
Talvez, quem sabe, perigosamente
perto,
os pássaros agitados ainda
nas árvores persistem, foram poupados ou
poupados
?
, ninguém tem nome para salvar
Ninguém



Gigantes, maiores
que prédios










[anexo]


A chuva caiu. Forte, sobre a seara. As hastes de trigo abanaram, enquanto a chuva intensa, quente, pingava, das hastes para a terra, da terra para o húmus. Vi-te por entre essa chuva, loira, nua. Ainda jovem, como uma ninfa. À volta da seara, só o cinzento do temporal, e a tua memória, entre nós dois e a memória de mim. A chuva misturava-se com o meu suor. E caía a escuridão sobre os campos. Mas chovia, chovia sempre, impreterivelmente. As hastes vergavam-se, a água desabava do céu, o plúmbeo céu caía sobre a terra numa vénia de chumbo.
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J.

Ontem, na aula teórica de Processo Civil


Amanhã: um poema sobre a Morte.

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sábado, novembro 18, 2006





Sing me to sleep
Sing me to sleep
I'm tired and I
I want to go to bed

Sing me to sleep
Sing me to sleep
And then leave me alone
Don't try to wake me in the morning
'Cause I will be gone
Don't feel bad for me
I want you to know
Deep in the cell of my heart
I will feel so glad to go


Sing me to sleep
Sing me to sleep
I don't want to wake up
On my own anymore


Sing to me
Sing to me
I don't want to wake up
On my own anymore


Don't feel bad for me
I want you to know
Deep in the cell of my heart
I really want to go


There is another world
There is a better world
Well, there must be
Well, there must be
Well, there must be
Well, there must be
Well ...


Bye bye
Bye bye
Bye ...





Até já.





J.

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domingo, novembro 12, 2006

02 - 07 - 2004

Tive um calafrio quando vi a tua foto. Eu devia ter percebido, acho que sempre o soube: eu nunca te esqueci, tu nunca te foste embora, realmente, e todos estes anos não conseguiram destruir nada daquilo que eu criara enquanto crescia e que sei que é real: a minha própria noção de amor, a minha própria noção do que é certo de do que é errado, as saudades, as memórias, e as coisas que realmente interessam.

Onde estás? Por onde andas agora?



J.

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segunda-feira, novembro 06, 2006

risada sarcástica

é suposto escrever um texto a criticar o prémio Nobel, fazer algo de página e meia com 1,5 mm entre cada linha, a propósito de o Pamuk ter ganho o prémio nobel. Apercebo-me, a meia hora de saír de casa, que eu não sei escrever já textos normais da sociedade que falem sobre um problema qualquer. Os meus pensamentos estão todos rasgados. Eu penso em padrões e cores. Já não consigo formar ideias para enfiar num texto normal com jeito de crónica.

grande porra.



J.

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sábado, novembro 04, 2006

Ontem: epílogo.

- Então estás por Lisboa?
- Estou. Vim só aqui com o meu pai a uma reunião do comité, e depois volto logo para o porto, estou por Belém
- Óptimo pá! Então depois da oral combinamos encontrar-nos por aí
Os reflexos azuis passavam pelo limpa pára-brisas do carro, enquanto ao longe via a torre de Belém. Derrocada
Imaginei-a derrocada, e nessa tarde fizemos explodir coisas usando apenas produtos artesanais
Mudei de roupa e lembro-me de pensar que o dia estava com cores diferentes, enquanto Ressoava um trovão.
Não estás mais gordo como disseste. Não, mas a coca tem-me ajudado em vez da porcaria dos ansiolíticos que me receitaram para a ansiedade. Então provocava dependência? Sim; tive medo dos efeitos. Andámos pelas ruas molhadas, enquanto a noite descia, e chegámos a olhar o jardim das oliveiras fustigado pela chuva. Pegámos no carro e ouvimos Tool e música clássica enquanto me recordava de imagens que tinha de mim mesmo, à conversa com ele noutros tempos não muito distantes, mas como se me estivesse a ver de fora, um pouco ao longe. Estou? Não, já estou em casa. Janta por aqui, o comité olímpico oferece o jantar. Não, obrigado, de qualquer modo depois dos pastéis todos já não tenho fome nenhuma
A casa, deserta, as janelas todas abertas desde o início da tarde, os quartos de certeza fustigados pela chuva, pensei.
Ouvíamos e ouvimos japonês cantado, ao longe, nas ruas, as poças de água reflectiam os faróis do carro. Como está o Satã? Está melhor, o gajo está melhor, desde que já não trabalha na estufa,
Alguns homens de gravata e mulheres perto dos cinquenta saíram de um edifício todo branco, e todos me cumprimentaram, apesar de eu não conhecer ninguém
Este é o filho de uns amigos meus. Quando é que os teus pais voltam lá de cima?
Voltei pelo mesmo caminho, e pela primeira vez, não sentia a falta do lar, da casa. Vemo-nos no natal, suponho? Completamente. Agora deixei os ácidos desde que tive o ataque de pânico e aquele esgotamento, pelo menos por agora. Acabei com a Celine. Quanto tempo é que andaste com ela? Semana e meia, praí…começou-me a chatear que parecia a minha mãe, e não tive paciência para ela. No halloween é que Jasus, comi a melhor espanhola da minha vida
O meu corpo percorrido por espasmos amarelos, e o fumo, a sair-me da boca e eu a explicar que ainda tinha que ir a Benfica, estar com mais alguém,
Amanhã já não estás cá outra vez. Então tu nunca foste ao Chiado?
- Sei lá quando devo ter ido…Devo ter ido lá antes do incêndio…Só para veres.
Foi uma despedida simples. Reflectia-se a luz de uma cidade moribunda pela noite, em todos as poças de água da tempestade. Ainda tinha de ir






J.

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sexta-feira, novembro 03, 2006

Ontem.

olho pela janela, chove a cântaros, é a uma da tarde. Visto as calças, a camisa, aperto todos os botões, ponho a gravata. Ajusto o nó da gravata, aperto os botões de punho. Calço os sapatos previamente engraxados, mudo o meu dinheiro e cartões da carteira velha para a carteira nova, visto o casaco, ponho a carteira nobolso interior da direita, o telemóvel no bolso interior da esquerda, o tabaco no bolso exterior da esquerda e o meu leitor de mp3 no bolso exterior da direita. Parece estar tudo bem. Desligo a aparelhagem (tocava my morning jacket), pego na pasta da cabedal castanho e enfio para lá o código civil e as folhas preparadas com o tema - O regime português da simulação: aprofundamento e comparação com os ordenamentos jurídicos espanhol e alemão. Ainda não parou de chover. Sorte a minha. Guarda-chuva na mão direita, pasta na mão esquerda, saio de casa. Vou a passo para a estação. O comboio está a chegar. Lembro-me que me esqueci de comprar o passe no dia anterior. Corrida frenética, agora, para comprar o bilhete. Com a pressa, e o tempo, suo em bica até chegar aos corredores da faculdade, e depois suo mais um pouco. Vou ver na folha onde é a minha sala. Reparo que está escrito "último dia de orais" no papel onde a data diz 31-10-06. Entro em pânico, entro em raiva, deixei escapar mais uma oral. Mas não, não é possível. Vou à secretaria. Secretaria fechada. Olho mais uma, duas, três vezes, para o papel. Não me mente. Volto para casa em desespero - nova viagem, novo bilhete comprado quando era suposto já ter comprado o passe, fico a poucos números de acabar um sudoku que começo em sete rios num jornal que apanho num banco, dificuldade quatro. Entro em casa desvairado, dispo o casaco, atiro a gravata para uma cadeira, descalço os sapatos, arranco a camisa das calças desaperto-me todo, deixo-me cair derrotado no sofá, danado com a vida. Quando esfrio decido ir confirmar o horário ao computador. Lá está, não me mente: dia 2 de Novembro. Isto é uma partida cósmica, penso eu. Ligo numa fúria para a secretaria, espero cinco minutos que me atendam. Explico a situação com a voz esganiçada da indignação. João, leu mal o papel... de facto está lá escrito último dia de orais, mas por baixo disso estão escritas as orais do dia 2 de Novembro. Oh meu Deus. Oh meu Deus. E agora o que é que eu faço? Quanto tempo demora a chegar aqui? Meia hora. Meia hora...então vou fazer a minha boa acção do dia e avisar o júri. Desligo o telefone, volto a vestir-me à pressa, enfio a gravata de qualquer maneira, enfio a camisa por baixo das calças outra vez, calço os sapatos à pressa, vou buscar o casaco que atirei para a cama. saio a correr, pasta numa mão e guarda-chuva noutra, para um comboio que pode chegar a qualquer momento. Deus queria que não seja o Festas e a Sofia, Deus queira que não seja o Festas e a Sofia. Os nervos vão-me para a boca e a minha boca seca. Chego à faculdade e decido correr um bocado, agora que estou tão perto. Não me estatelo no chão por milagre enquanto me desiquilibro e faço bailados estúpidos. São quase as quatro e quarenta e a minha oral começou às duas. Será que ainda vou chegar a tempo, perguntei-me, Será que ainda vou chegara tempo? Sala onze-seis. David Festas e Sofia D'alte como júris. A arfar, entro na sala. Professor, desculpe, mas nem vai acreditar na minha odisseia...Conta-me a sua odisseia depois, corta-me ele a palavra, E terá que ficar para o fim.
Quando finalmente sou eu, faltam dez minutos para as quatro, já três alunos foram despachados, e eu ainda estou a arfar.


Não subi a nota.





J.

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quinta-feira, novembro 02, 2006

Para efeitos de Regresso à Navalha

a minha última oral acabou.

A minha vida recomeça.


J.

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