quarta-feira, janeiro 31, 2007



Betty said she prayed today
For the sky to blow away
Or maybe stay
She wasn't sure.


Na foto, Nick Drake. Companheiro de viagens no carro à noite, e de momentos mais singulares.
Imagino-me a contar a história inventada desta mulher, supostamente, real. Vou pensar nisso, amanhã, antes de me perder por completo para o dia a seguir (será a minha ressaca de certas e talvez muitas coisas). Até lá, vou pensado numa guitarra junto ao meu peito, as dedos gentilmente a dedilharem melodias que nunca saberei tocar.






J.

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terça-feira, janeiro 30, 2007

Deus Odeia-te

Hoje andava à procura de iluminação, e encontrei isto .


Dedicado ao meu primo.




J.

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domingo, janeiro 28, 2007





Inicialmente, queriamos fazer um filme para marcar o início da postagem de filmes n'A Navalha. Pensámos em fazer algo cómico, algo sério, algo artístico, algo eminentemente estúpido. enquanto trocávamos todas essas ideiase discutiamos os planos de câmara que devíamos fazer, esta música tocava no leitor de cds. Pareceu-nos então que faria mais sentido o nosso silêncio, o nosso não arriscar para não fazer algo mau, a música apenas, e um obrigado, sempre, à malta que aqui tem vindo regularmete ver tragicomédias melancólicas e melancómicas, de dois gajos até comalguma piada. o filme é para vocês, a música também. Peace out.

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Depois do Riso: parêntesis.

Depois do Riso
Soube o que era nunca afinal te ter perdido.





J.

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sábado, janeiro 27, 2007

Posso ter-te,
Ao sabor de cada canto, recôndito, eu canto, posso ver-te
Porque me vou descobrindo, já o sei, de pouco ou nada me vale se luto ou deixo de lutar, pouco faço enquanto espero, pouco sou enquanto relembro. E é claro este obscurantismo, parco, concebido nas ausências. Terei muito para relatar assim que aprenda a existir. Queres vir?, Vou agora aonde me obedeço.





Desperdiça-me.

lamento o que farei no dia das despedidas, seria assim, como tu, como quando, nos homicídios dos nossos dias resta apenas o espaço do bombástico, um esperançoso crack de estilhaços e rugidos; lamento o que farei no momento em que soprar de vez, e para longe, toda a minha lógica obsessiva. como latidos,
- Parte esse som, também.
Reorganizando-se, a plácida presença em torno dos corpos já pouco caminhantes. Transformações de força bio-mecânica. Não é suficiente
Nada o é.
E recomeço:
Posso ter-te, falta-me a voz, posso ter-te, falto-me, Não te vejo mas tento reconhecer-te em cada miúda que vejo passar: desde que falo de quem sou que erro mais. É essa a ordem natural das coisas, aprendo, erro, penso que aprendi novamente, e já pouco arrisco, e quanto mais insisto na lucidez mais a sinto desvanecer.
Somos Navalha[s], minha leve leve le
vi
tan
te
leveza.
É assim que faço, quando paro para pensar.

Mas de que falar quando nada se tem a dizer?

Treze pequenas mulheres vestidas de negro dispostas em L. Debruçadas sobre o terço, cada dedo contando; o cheiro a mofo, o fumo das velas, já nada nesta sala se identifica com o gelo que paira à porta. Até quando seremos este castigo? Somos assim, animais de hábitos.
É importante conformarmo-nos.


estica-se o dia,


e com ele a resistência.
Sim, somos gestos cortantes, musicalizações desenfreadas na ausência de instrumentos, vozes e planos etéreos, comovidos pelas pausas e pelos excessos, somos assim, Desde o dia em que herdámos o silêncio e decidimos fazer dele simples servo.

E assim nos deixaremos ficar até que nos perdoem a ousadia.






P.

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sexta-feira, janeiro 26, 2007

O Destino, 2

: Mashari for upendo. Isso, e depois de uns cigarros para aumentar uma dor de cabeça que mato com três ben-urons, como se me envolvesse mais na mentira do momento. O destino é sobretudo silêncio, porque se sabemos o que vai acontecer não vale apenas dizê-lo; o silêncio, pensei eu entre as minhas memórias algo rasgadas – outro cigarro e uma sagres, por favor.
Depois de Loopless
Uma certeza brutal, acho. Tem de ser uma certeza brutal. Tenho a brutal certeza disso. Deixo-me dos jogos de palavras, volto-me para a janela e para os arrepios de frio pelas costas, Mashari for upendo: penso, isso, completamente, há três anos aqui, mudam os cenários, mudam as personagens.
Não muda o destino.





J.

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quarta-feira, janeiro 24, 2007

O Homem que se Masturbava a ver Passar Eléctricos

Teria alguma coisa a dizer sobre os eléctricos, mas prefiro guardá-las para mim. Porque eu gosto de eléctricos, isso não é uma tara. Eu amo eléctricos. Gostava de saber, de poder ao menos, explicar porquê. Talvez seja do cheiro a néon, e das fagulhas a crepitarem entre o arco e os fios condutores de electricidade que ouço e cheiro sempre que passam por mim, ou
Passa um eléctrico e é como se eu acreditasse que a minha vida pode ser mais, ou menos especial, apenas porque me excito quando eles passam por mim num roteiro infinito pela cidade; talvez tivesse sido isso que me excitou primeiro, a viagem, o passar e regressar sempre, todos os dias… então um dia quando o elevador da glória passava por mim, a meio do caminho (já era um hábito ficar à espera de vê-lo passar), enfiei a mão dentro das calças. Penso que foi aí que tudo ficou claro, quando senti, pela primeira vez, uma explosão indescritível de prazer ao vê-lo passar, cheio de pessoas que me olhavam com terror, pena ou divertimento, o sol, banhado e reflectido em laivos de encadeamentos nas suas cores claras de amarelo e branco e nas suas armações de metal negro sexys e bem oleadas. Desde então, tenho sido feliz por breves momentos, muitas vezes. Eu amo eléctricos. Gosto de dizê-lo. Sabe bem dizê-lo, neste mundo louco que me rodeia, nas minhas calças que cheiram insuportavelmente a sémen, o meu amiguinho lá me baixo compreende o que se passa. Como se ter esta certeza me impedisse de perder o rumo à vida, de enlouquecer; talvez. Sabe bem senti-lo quando venho de Alcântara e me passeei, à noite, onde eles dormem, sem vida mas ainda tão belos, numa orgia só minha de sensações e beleza.
Não existe beleza nenhuma na incerteza. A minha certeza salva-me a vida, quando no rossio vêm aqueles eléctricos novos cheios de publicidade eu ainda sorrio também: meto a mão dentro das minhas calças, agarro-me com a outra a um poste, e penso que sei, por breves momentos, no meio de toda aquela gente que passa e me olha com estranheza, que sou completamente feliz.


Trabalho realizado para a fanzine Fantástico Michael



J.

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terça-feira, janeiro 23, 2007

O Destino, parte 1

O destino é fodido.




J.

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segunda-feira, janeiro 22, 2007

Back In Black





O meu super herói favorito vai voltar a usar o meu uniforme favorito.
Eu sempre gostei do homem aranha. A minha paixão por bds veio do homem aranha. E a minha paixão pelo homem aranha veio do meu pai, que um dia me alugou no clube de vídeo ao pé de minha casa uma cassete com as aventuras do homem aranha em “brasileiro”. Mind you, era uma ganda cassete. Depois apareceram os desenhos animados do homem aranha, mulher de fogo e homem de gelo na televisão, e, um dia, estava com o meu pai num quiosque enquanto ele comprava o jornal, e tive uma epifania. Mas que raio…? O homem aranha, em banda desenhada? Pai, pai, compra-me o homem aranha!
Ok. Ponto número um desta narrativa. O meu pai nunca foi do género de me introduzir ou comprar este tipo de coisas. Nunca gostou de me comprar cds, cassetes, bandas desenhadas, whatever. O que me comprava muito (também porque eu ás vezes fazia birras de meia noite) era brinquedos (G.I. joes, baby), legos, playmobils, essas cenas todas. Eu brinquei com brinquedos até imensamente tarde e não me envergonho nada disso, para aí até ao meu sexto ano, talvez. Mas revistas e coisas desse tipo? Não, não era muito fácil…os livros que me comprava só mos comprava muitas vezes (e eram aos três e quatro de cada vez) porque a minha mãe estava com ele – era tradição quando íamos ao continente da amadora fugir para a secção de livros e meter três ou quatro no carrinho de compras de uma vez – portanto, para resumir, fiquei surpreendido quando ele se riu e me disse, Queres que ta compre?
E eu só posso dizer: grande erro que ele cometeu. Agora, olho para a minha esquerda, e na minha estante (que já está cheia demais, e em breve terei de arranjar outra) repousam qualquer coisa como quatrocentas revistas de banda desenhada. As principais, é claro, do homem aranha.
O meu herói favorito tem uma história interessante, e talvez seja por isso que o escolhi (também queria escolher os x-men na altura quando era mais novo, mas a minha semanada de 200 escudos não me dava para comprar revistas deles). Gosto das piadas dele, do azar que, pelo menos dantes, sempre costumava ter, sei lá, para mim o homem aranha é o símbolo máximo da definição de um super-herói, talvez por ter sido o primeiro super-herói do qual tive conhecimento (as tartarugas ninja e o he-man não contam).
Este post está a perder-se um bocado mas o que eu queria dizer era: eu adoro o homem aranha, principalmente este fato, de entre todos os fatos que ele já usou (e ao qual irá voltar em definitivo, o que é uma grande mudança, já que o seu uniforme azul e vermelho é, já, icónico); eu fazia bandas-desenhadas quando era miúdo do homem aranha durante as aulas na primária (ainda tenho algumas); e um dos meus sonhos sempre foi, e sempre será, ir para os estados unidos, Nova Iorque, e ser argumentista deste meu herói, comprar as revistas todas dele, etc, etc, etc. é um dos meus últimos resquícios de miúdo, comprar revistas do homem aranha; é o meu lado mais geek do qual eu nunca me envergonhei.






J.

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sexta-feira, janeiro 19, 2007

O Anzol

Tou de volta! alguém me pescou com um Anzol.



Um abraço!!

J.

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terça-feira, janeiro 16, 2007

Algumas coisas pequenas para ter em (relativa) consideração. Hoje sem ensinamentos para a vida.

Fala um pouco comigo.
Fala de mim, se for preciso.
Materializa-te. Não te deixes fugir. Pensa um pouco: será tristeza? Andamos a fugir do destino, logo nós, que nunca acreditámos nele. Logo tu, que sempre disseste que nunca te faltaria a confiança, que haveria vida para tudo o resto. Era só um questão de nos apressarmos, não era o que dizias? E agora baixamos os braços, em cedência. Vão explodindo as estrelas lá no alto, passamos com as mãos ao de leve na relva onde estamos sentados - há um banco enferrujado pela chuva, mais abaixo, onde há sempre um velhote sentado a dar de comer aos pombos. Quem nos fez assim, no meio de tanto disto a que já não sabemos dar nome(?). Falta-nos o riso e toda a sua força de fazer esquecer. E eu já não sei como funcionam estas coisas. Um dia acordo e percebo que não vou a lado nenhum, que sou demasiado tímido, demasiado disperso, demasiado tanto para fazer algo decente.
E lá estás tu, vou-te vendo com pouco para aprender. Vou-me ficando enquanto te vejo mudar. Seríamos algo de parecido se não fôssemos tão iguais, chega a ser idiota, penso, tentar perceber o que nos vai na mente.
Chego a sentir-me idiota. Penso.
Comprimo-me em futilidades. Dou pequenas voltas por aqui, ouço uma daquelas músicas más que um dia gravaste para ouvirmos em viagem, e vou lamentando cada cor que deixei fugir, cada murro na parede que deixei esmorecer porque, sabes, houve um tempo em que soube o que era a raiva, houve um mês há não muito tempo atrás em que acreditei. Se era assim, pergunto-me, se eu o era, recordo.
E vamos provando a humildade de desaparecer. Leves marcas trazidas com a liberdade de quem se perde, à entrada, dura porta de metal cujo desejo é fechar-nos, vamo-nos desgastando. Encontro-me fechado, tu em suave dispersão, lá fora, além do metal, vão passando as temporadas de delicadeza e de angústia; vão-se sucedendo, como tu e eu, em relativas mudanças que seriam imperceptíveis se não fossem os próprios instantes da confusão. Esses mesmos, que nos vão testando.
Vou ficando.

Enquanto te desfazes –








P.

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sábado, janeiro 13, 2007

Memória

As memórias que eu tenho de ti, não quero esquecê-las; gosto de pensar que são como a música: breves, etéreas, mas sempre permanentes, e sempre belas - presas a um momento ao qual ainda não dei um nome.











J.

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sexta-feira, janeiro 12, 2007

Já não há nada para fazer. O orgulho deixou-se morrer nas intermitências da luz. Hoje sou eu. O leve esticão da vontade, puxada mais atrás até não ter mais espaço a percorrer, largada,
e ouve-se um estalo,
Cheguei.
Entro porta adentro, repetindo-me, preparado para correr escadaria acima, madeira a ranger, suor, força, a pulsão do meu próprio desespero, estendendo-se, com a mesma certeza com que as batidas cardíacas ocupam os espaços que perfazem um minuto. Hoje sou eu. E tudo o que faço, nesta casa abandonada como o meu corpo, é apenas uma simples hipótese.
No topo das escadas olho em volta, os degraus foram às centenas, as portas várias, escolho, sete passos à direita, mais seis novamente à direita, entro mais adentro, repetindo-me, procuro uma janela, um salto de fé de quem tenta levitar. Hoje sou eu. E o que sobra de mim já não é suavidade. Quero cair. Até deixar de sentir, as horas serão cada vez mais pesadas, até todo o tempo do mundo se ensimesmar. Até nada restar a que possa chamar de perda. Quero ir.
Assim.
Deixar-me ir como no dia em que coloquei a mochila no banco de trás, contei o dinheiro, entrei no carro e não mais fui passado, apenas presente. Quis crescer. Hoje sou eu. E tento falar de tudo o que me dói até perceber quem já não posso ser. Falo de mim, aprendo a tossir sangue, reformulo cada circunstância que me faça questionar. Não quero mais esta memória, este quarto, esta violência. Em voo. Vou brevemente chegar, esmagar os joelhos na queda, perder-me uma e outra vez. Ganho força, velocidade, agressão, rebento as terras húmidas, entro mais adentro, repetindo-me, abaixo da natureza os meus olhos eu eu eu a voz agora já só existo feito toupeira, cego.
Hoje sou eu.
Faz escuro, aqui, onde a minha alma não distingue o branco do negro, faço parte de algo, finalmente representado, mais uma sombra em a toda a prolongada escuridão. Que serei eu, senão tudo isto.
Serei ainda?



Hoje sou eu.

[E a última alucinação consuma-se.]







P.

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quinta-feira, janeiro 11, 2007

Diálogo entre dois génios, sub-secção 2

P. - Ó J., não achas que

J. - É pá não.

P. - Mas então podíamos...

J. - É pá, yah.

P. - Bora?

J. - Bora.

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terça-feira, janeiro 09, 2007

A Tosse

º


Perspectivas Dogmáticas Actuais.






J.

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domingo, janeiro 07, 2007

Qual seria a questão?

Ao abrir com alguma força os dias de um ano. Ao dizer com alguma certeza quem somos. Tomamos conta do que vemos. Hoje somos assim – um pouco do amanhã. Reciprocamos. Agora, como desde há muito, aceitamos que já não há palavras novas a que possamos chamar de interessantes. Existem palavras. Existe um nós. Existe uma estúpida tentativa de as
Explorar.
Pertencemos a qualquer coisa de indelével que não sabemos definir e talvez por isso se fale de cansaço ou de resignação. Talvez sejam simples filosofias do fim dos tempos. Anseia-se algo mais. Algum dinheiro, alguma pujança nas ideias, algum calor humano, ocorre-nos o tempo já desperdiçado e cá estamos. Rodeados de linhas entrelaçadas que formam a teia que nos prende.
Esta noite dormirei sozinho.
Amanhã acordarei cedo, preocupado em procurar o post-it (tão repetitivamente) amarelo onde depositei todos os objectivos a concretizar no dia que chega. E este chegará inevitavelmente.
Enquanto pergunto: o que virá de tão deliciosamente inovador?

Somos assim. Um dia aprendemos a respirar. Andamos de gatas e tentamos levantar-nos. Estamos em pé, prepara-te, jovem, é tempo de estudar. Passam mais algum anos, entre aprendizagens sobre reis da história e miúdas a quem temos vergonha de dizer olá.
Um dia beijamos alguém.
Passa mais um tempo e tudo à nossa volta espera por nos ver foder. Com um pouco de sorte já temos o juízo para perder a cabeça na inocência do amor. Com maiores ou menores repetições vamos vivendo na tentativa de não rejeitar o Amor, quando este nos rejeita.
E em todo esse tempo lá nos vamos…profissionalizando. O enfado vem e vai, algumas das dúvidas vão mudando, alguns problemas resolvem-se enquanto as rugas vão chegando uma a uma e começamos a contar a vida em função da morte de mais uma semana. A alternativa seria a inutilidade e com ela, dizem-nos, o fim da nossa própria humanidade. Não sei bem. Tenho aprendido menos do que esperava. Esqueci lições que esperava que ficassem para sempre. Ainda luto por não esquecer que há sempre alguém com quem podemos aprender.
Um dia somos filhos.
Outro dia somos pais.
Somos catalogações.
Olá, faço isto há não sei quanto tempo, sei esta e aquela língua, sou empreendedor e trabalho bem tanto em grupo como sozinho. Parabéns,
ficarás entre nós durante um tempo. E lá se vai ficando, poderia ser melhor, poderia, sei lá…poderia.
Somos os melhores, a porra dos mais brilhantes naquilo que sabemos fazer. E depois chega a pergunta, Quem raio és?, e o embaraço vai crescendo, e volta o enfado, e as preocupações e um novo rol de problemas sem solução. Somos assim, existências quase
quase
plácidas.
E se para isso houver tempo, se pouco adoecermos, então um dia estaremos sentados com uma mantinha no colo, com mais frio do que tínhamos uns anos antes, e talvez haja uma cambada de putos que se preocupe com a sapiência do que temos a dizer. E diremos coisas com toda a certeza, e ao vê-los sair pela porta ainda nos questionaremos acerca da violência com que o tempo passou. Hoje já fazem tanta coisa que eu não fazia no meu tempo.






Um dia.


Um dia seremos máquinas.
Já não falaremos do frio e dos anos – do tempo e do Tempo. O sopro da nossa vida estará contido no núcleo de um qualquer comprimido. Todas as nossas memórias estarão digitalizadas e a música que um dia ouvi talvez já não seja mais do que a banda-sonora de um programa para gente como eu. Gente que ouvia essa outra música que já ninguém faz. E já será alguma coisa, se chegarmos até lá.
Nunca deixamos de recear ver todos os que nos são próximos desaparecer.
Nunca deixamos de recear –

e desaparecer.
Queixamo-nos das contradições. Valha-nos isso quando tudo o resto falhar. Mas no fundo é apenas o processo que compreenderemos no segundo imediatamente a seguir àquela última batida. Seremos parte da biologia que nos fez. E voltará a questão. Pois eu sei, apenas sei, que quando tudo isso passar pela minha mente à velocidade de nano segundos que conseguirei reconhecer, sim, o meu espanto não mudará. Porque toda a vida terá sido assim

E eu ainda procuro pelas palavras certas.






P.

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sexta-feira, janeiro 05, 2007

ontem salvei uma vida. essa vida apaixonou-se por mim, por eu a ter salvo. eu apaixonei-me por ela, porque era o reflexo da minha própria vida: apaixonada, desesperada por ser salva. assim, salvei-me a mim mesmo, porque ela me salvou, porque eu a salvei.
estou certo de que há uma moral qualquer aqui neste pequeno conto, mas não consigo perceber qual é.
talvez devesse perguntar à pessoa que não amo. a que precisa de me salvar.







J.
(Feliz 2007)

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