terça-feira, janeiro 31, 2006

"Peregrinar era Algo Distante"

Todos os dias me levanto, aprendo acordar, depressa ou lentamente. Vejo o Sol. Faço planos para uma vida que não tenho e que não levo, se ela existisse. Esqueço-me de me lembrar do que era importante para mim, nunca mais perguntei o meu nome ao espelho. Penso, durante a manhã, no que me falta e porque é que me falta. Chego sempre a uma conclusão labiríntca, ou tão simples que tenho medo dela. Ou teria.
Uma casa está deserta, à minha espera. as paredes do céu e do vento são imperdoáveis, porque nada escondem, ou nada tiram a uma vida que é impossível de se fugir. Penso que é por isso que ela é bela. Gostava, desejava, todos os dias, poder peregrinar. Mas "peregrinar era algo distante"; quem sabe
Se eu não sairia do meu corpo e me conseguisse tornar algo melhor.








"O meu medo não é ser feio, o meu medo é ser completamente desinteressante. E, admitamos, isso é tão mau, ou pior, do que não se ser desejado por ninguém pela nossa beleza".




Hoje fagulhas de de vento parece que queimam o que resta deste Inverno cheio de calma.
















J.

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domingo, janeiro 29, 2006

O Rapaz Corvo foi dormir.















Auto-retrato.
















J.

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sexta-feira, janeiro 27, 2006

Young Bride Magazine

Ela lê revistas de noivas no comboio; em hora de ponta, caem-lhe os óculos pela face. E Ela quer sonhar, como se o mundo não existisse mais à sua volta, com o homem dos seus sonhos. Não sabe quem é, não sabe quando virá, mas já planeou o casamento. Até a aliança, faz-me graça, pensar nisso – viu-a, na vitrina de uma loja na rua do Ouro – mas ele terá dinheiro para a comprar, porque ele será perfeito; ele será perfeito para Ela, porque ela imagina-o desde que se conhece, alto, bonito, como se não envelhecesse nunca; os vestidos, entre as velhas e os miúdos e as pessoas cansadas e os bebés que choram e todas as horas de ponta que percorre todos os dias, sempre sentada (tem essa sorte!), Ela sonha com ele, Ela, de cabelo apanhado, roupa casual, sabendo que, um dia, terá sorte. Que ele virá, no meio da rua, e perceberá que a quer para a toda a vida, mesmo que ainda não saiba o seu nome – mas ela rápido, rápido, o dirá. Puxando os óculos para cima, sorrindo, tentando não mostrar o aparelho, e dirá, Olá, algo assim, sinceramente, já percebeu que, nesse caso, não importa o quanto imagine – não sairá nada, porque Ela se conhece. Mas será dele. Porque é assim que imaginou a sua vida, e é assim que ela se passará. Ela será feliz para sempre.
Lendo, em hora de ponta, revistas de noivas no comboio.











Arcade Fire, rebellion (lies)






J.

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quinta-feira, janeiro 26, 2006

X

Dorme | Segue demorado | Mais abaixo
parado; deprime, sente e vigora
Suave
vive assim – modo escasso
quase consegue | segue e desliiiiza

Bate [tem tempo]

Pertence a outro lado.

Dêem-lhe nome. Ele marca a cruz |
X |
Incógnito.
Manifesta-se a brisa de consolação
plano subvertido de coisas passadas
sofre a sublimação; repousa na concha das mãos
e estala, inadvertidamente.
Liberta uma pétala

Bem me quer

Liberta outra pétala

Mal me quer

Identifica uma razão para esconder as forças |
Levantar-se-á feito fera
Antes que a noite tome conta do dia

Bem me quer
Mal me quer
Bem me quer


Encontra-se submetido à falta de canto, Queria
por um pouco
ter | V
oz; A consequência que é um corte procura ser
causa: Entorpecimento

Mal me quer


sente-se o estupor do desconhecido
Assim que comece a vaguear poderá presumir,
Na Reinvenção dos Dias, Que é humano
em | contemplação |

Bem me quer

Apaga o nome; ao sabor d’A Navalha
escorre seu sangue no ponto em que se
incendeia

Mal me quer
Bem me quer
Mal me quer


Perante a fatalidade das leis do que é natural, decide:
Abandona o caule despido | arranca | nova
| flor |

Melhores dias virão.





P.

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quarta-feira, janeiro 25, 2006

Da Inocência

Hoje tive um sonho muito bonito; com uma mulher. A dada altura,
no sonho, eu, devagar, fiz com que a minha mão procurasse as suas, que estavam
escondidas, metidas, entre as suas pernas - estávamos sentados lado a lado.
Ela entendeu e procurou também a minha, como se nada mais importasse, naquele momento, naquela tarde, naquela sala da faculdade que parecia deserta. Olhámos um para o outro, e ambos sorrimos, antes do beijo que os dois estávamos a sentir já ser insuportável, se não nos beijássemos
- Porque nos queríamos tanto.


Antes disso, acordei angustiado.


Eu conhecia-a. Eu sabia quem era.


Mas não sei o seu nome






















J.

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domingo, janeiro 22, 2006

Telegrama

Vou partir STOP
regresso breve em busca de aventuras














STOP



















J.

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sexta-feira, janeiro 20, 2006

Narrativa contemporânea, Colecção: Que cor tem o iodo?

Membrana. Polvo-espada era um tipo alegre. Falavas do absurdo? Bem, comeu uma fruta, manga, morava numa daquelas deformações rochosas provocadas pela força das águas, e nadava. Nadava, nadava, nada de nada, brincava, escondeu-se, encontrou, pulou, lembrou-se: Estou atrasado, que é daquelas coisas que acontecem, atrevo-me a dizê-lo, quando não se chega a tempo às coisas. Ora Polvo-espada é, obviamente, uma alcunha que lhe foi atribuída pela estória mirabolante que contou da pesca submarina ao largo da ilha da Páscoa (havia lá mesmo coelhos de chocolate, acrescentou ainda); o sitio onde morava era, como não poderia deixar de ser, o Cacém (e que não se façam comentários em relação a isto); membrana não faço puto de ideia por que raio está aqui, mas está. Ah, efectivamente, o rapaz nadava. Um pouco, assim poucochito, que é o que se diz quando o pouco já é pequeno em si próprio. Mas contava eu:
Estava calmo. Muito, muito calmo – condição geralmente associada Às horas que se seguem a uma moca (ou mole, também pode ser esse o termo). Mas dizia eu que o Polvo-espada, calmo, tinha em mente fazer uma tatuagem. Uma daquelas sinistras, com uma tipa nua, voluptuosa. Assim fez. Voltando das agulhas, Polvo-espada decidiu confessar-se. Não faz sentido, eu sei, mas não posso negar que foi mesmo isso que ele fez. Confessou as tentações da carne, os roubos e as mentiras de que se lembrava, falou ainda ao padre da tatuagem e do piercing na orelha que queria fazer na semana seguinte. Perguntou: Tenho salvação. Responde o Padre – Tu ‘tás é parvo. Então? Não vez que isso dos brincos é coisa de maricas? – atirou o padre. E saiu do confessionário. Não o padre, entenda-se.
Polvo-espada era um tipo alegre. Membrana (não esquecer que se não se compreende, tem de ser, só pode, ser artístico). Membrana, portanto. Prestes a completar 38 anos, vivia ainda em casa da mãe. Quando é que te casas, pah? Ó mãe, eu cá sou um espírito livre. E emprego? Sou contra o capitalismo corporativo, como a mãe sabe, e além disso o estado é fascista.E era tudo mau, mas Polvo-espada, julgando-se príncipe de conto de fadas, fábulas, contos populares e afins, fez qualquer coisa que não dependia da Segurança Social e que fez dele individuo menos dúbio, e viveu feliz para sempre. E agora a punchline, o moral da história:








(tambores)








(mais tambores)





- Coiso.


Ah, e há sempre esperança para todos se tratarmos bem as crianças, as árvorese os velhinhos que são mesmo chatos.








P.

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terça-feira, janeiro 17, 2006

Pessoas da minha Aldeia parte II.5







São estas as únicas fotos que tenho do Xico. O Xico é uma figura interessante. Jura a pés juntos que já comeu mais de mil mulheres, e faz questão de contar histórias comprovativas dos seus feitos. Também diz que já teve mais de cinco (ou sete?) mulheres em casa, depois de se ter divorciado, quando a mulher dele fugiu para fátima com um sapateiro, e levou os dois gémeos com ele. Dantes o Xico era baieta; mas não sei agora bem o que faz. Talvez ainda o seja, mas na verdade, ele só bebe, e muito. Um dia, das poucas vezes que o apanhei lúcido, contou a mim a outros uma história que as pessoas de Sambade juram ser verdade. A verdade e que o Xico come todas as mulheres que quer; eu não sei como, mas estas são palavras dele. Um dia foi a Mirandela, a umas festas que por lá haviam, e começou, ele e um amigo, a meter-se com umas tipas quaisquer que andavam por lá. Desta vez, não eram de facto prostitutas. Passado um bocado vira-se o Xico e diz "Bora"? e elas, "bámos". Foram para uma casa qualquer, cada um para seu quarto, e lá pinaram. A meio da noite ouve uns estrondos na porta e a voz de um homem a dizer "abram já esta porta que eu parto os cornos a quem estiver aí dentro!" aqui a história fica confusa e imprecisa. O xico levanta-se rápido, com uma mão apanha as calças no chão, com outra agarra na porta, e começa a vestir-se com uma mão, enquanto se manda contra porta e diz ele também "entra entra filho da puta que o Xico Cineto tem aqui uma moca e parte-te os cornos todos!" entretanto, a mulher gritava e dizia para ele abrir a porta. o Xico veste as calças, a camisa, veste-se todo já nem eu sei como, e manda-se da janela (estavam num primeiro andar). Soube depois que o amigo fez o mesmo, mas com o cagaço, mandou-se nú para a rua. Era Carnaval, meus amigos, e estavam cerca de zero graus, ou menos, à noite. Sem carro, quase sem roupa, o Xico, madrugada, teve de fazer o caminho desde Mirandela a Sambade a pé. . E, meus amgios, se isso não parece muito, Mirandela fica a 20 kms da aldeia dos meus avós, com a polícia no seu encalço, e um frio de gelar ossos, por entre estradas cheias de curvas e contracurvas, montes e vales. Mas para o Xico Cineto, não houve problema. é que o Xico faz tudo "pelo pito".
Contam-se rumores que um dia chegou a enrolar-se com um travesti, mas isso fica para outra história...














J.




P.S. das personagens da aldeia dos meus avós, tenho muitas. Infelizmente, as que as tenho capturadas em fotografia são escassas. Mesmo assim, guardei, para mim, a melhor delas todas para o fim. Daqui a uns dois dias posto-a. Até lá, fiquem na paz de Cristo.

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segunda-feira, janeiro 16, 2006

Pessoas da minha Aldeia parte II












Xico Cineto, bêbado.


















J.

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sábado, janeiro 14, 2006

Sentido.

Um dedo indicador estica-se lentamente, concretizando a função que lhe dá nome, para Este, Sueste, Este, tremendo. Se é essa a sua maneira de ser, deve ser confessada. Estende-se um corpo, prostrado, na continuação do primeiro protagonista. Ouçam-no, se ele falar, pois ele fala. É um projecto que se quer.
Os monstros de hélio soerguem-se.
Vermelho, azul, vermelho, azul; preto. Cinco figuras – pertenças não apocalípticas de uma inexistência reinventada Compostos os intervenientes, podemos agora passar à narrativa amarga que os originou:

Génesis 1: quebra entre 26 e 27. Bastardo impróprio, também Adão de seu nome, ponderou salvar a humanidade, apenas a sua, da perdição – no tempo em que o sexo ainda não o era. Profético. Vendo-se sozinho, condição imposta a todos quanto são criados longe da realidade vigente, Adão não era ainda homem, não era ainda ser, quando tossiu pela primeira vez. Fê-lo cinco vezes, cuspindo sangue roxo, criando assim, na divindade que não possuía, os cinco filhos monstruosos que viriam a ocupar o seu lugar. Levaram-no assim – bestas disformes – , amarrado, para o alto de um grande monte e lá fizeram dele anjo negro, que assim desceu do céu, como se de uma nuvem se tratasse; habitava um arco-íris nas suas costas, e o seu rosto era um sol, uma estrela infinita, e os seus pés eram como colunas ardentes – preparadas para esmagar, vergar, todo um tempo que já o era, mas que não era devido. Fez-se o anjo negro, de asas decepadas, e do anjo negro se fez eremita. O irmão perdido tornou-se O vazio e de fontes altas veio a ordem:

Vaguearás.







P.

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sexta-feira, janeiro 13, 2006

Pessoas da minha Aldeia parte I.5








Aqui está o Chumbé em toda a sua glória. Ele na verdade chama-se Moisés; pelo menos, assim rezam as lendas. O chumbé é da aldeia dos meus pais e dos meus avós. É maluco, mas controlado. Passado da cabeça, tolo, mas não tolo de todo. É uma figura singular. Grita e faz sonzinhos com a boca, ri-se muito de coisas parvas, e as prostitutas de bragança recusam-se a foder com ele porque tem uma pila demasiado grande e grossa. "Então teve de ser só a mamada", diz ele, "mas então, não havia de ir lá com a boca? e ela disse-me carai, já fui a muito lado incluindo o Brasil e nunca vi um homem cum pau tão grande!". Trabalhou na construção da minha casa, mas foi despedido quando o empreiteiro descobriu que nas costas dele o ameaçava com um martelo. Sempre que o Chico Cineto (ou Chicão) bebe demsiado e começa a ser o centro das atenções, começa a ficar chateado e tenta andar à porrada com ele. Então, fica interessante, porque é um bêbado contra um maluco. No dia em que tirei a foto, que foi a 24 de Dezembro de 2004, tentaram andar à tareia, mas pararam, quando o Chico, ao tentar dar-lhe um pontapé voador, caiu de rabo na calçada. Depois, podre de bêbado, tentou mijar mesmo á nossa frente, mas, catástrofe - não encontrava nem a pila nem a braguilha. desistiu. falou mais qualquer coisa, e deitou-se no chão. Quanto ao Chumbé, por lá andou, a beber cerveja sem parar.
Também tenho a luta em filme, por acaso. punha-a aqui no blog, se pudesse, ou soubesse como o fazer. algures na gravação é possível ouvir-se a minha voz - sou eu, a rir-me sem parar.
Chamam-lhe vidente (bidente, porque o pessoal lá do norte troca os Vs pelos Bs) porque não tem dois dentes. Os da frente.




Há alguns cromos na minha vida.
Mesmo assim, eu serei provavelmente o maior deles todos.












J.

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quarta-feira, janeiro 11, 2006

Worlds Apart

And You Will Know Us By The Trail Of Dead está em todos os aparelhos que eu uso para ouvir música, vai comigo para todo o lado. das poucas bandas que me fazem querer explodir o meu peito com coisas que, de facto, não compreendo, canto furiosamente hinos como worlds apart numa toada irresistível, the rest will follow como uma ode a uma juventude perdida que já sinto, caterwaul tremendo e percepcionando, de facto, palpitações no peito, e grito, sozinho em casa, "here i am, confortable" ao som de classic arts showcase.






São epifanias como estas que me fazem amar a música.













J.

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terça-feira, janeiro 10, 2006

Pessoas da minha Aldeia parte I















Chumbé, noite de Natal 2004














J.

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domingo, janeiro 08, 2006

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Não sabe já mais o que dizer: a escuridão abateu-se sobre um passado irrepetível. Intransmissível, volvendo a tua face. Considero-o no seu estado, enquanto olha para ti. Estar apaixonado é somente um momento – ou muitos, multiplicados por uma confusão de eternidade, enquanto não termina. O sexo seria só sexo – mas… não pode ele pedir mais, desejar mais, um dia acordar cheio de medo, desesperado como um miúdo assustado, e entender que pode existir mais que isso. Foi isso que lhe aconteceu, disseste tu, enquanto atravessavas as fronteiras da noite para enforcar todos, ouve-me: todos os pensamentos belos de sol que um dia vomitou com a ajuda de uma juventude embriagada de sonhos felizes. Não estou aqui para te fazer modificar algo.
Ele ama-te.
Basta; tenho a certeza que basta. Um dia estarei a ver-vos (ou ele a mim…) observar-vos, enquanto, numa qualquer tarde com o signo da perfeição das cores e vento entrelaçados entre vocês, ousarem cometer o pecado de serem felizes, entre as promessas dos vossos lábios, que dizem tudo o que não dizem. Quando se comunicam. Não sabe quem é, perscruta-te com a certeza que um dia te vai encontrar. Loucura, tu dizes.? Não sei o que é isso. Sim, um dia fui louco, certo. Um dia acordei e vi libelinhas de sangue cantarem zumbidos de pesadelo, e nunca me senti tão vivo. Foi o desespero, gosto de pensar, enquanto tudo me sabia a álcool, as peles, os cheiros das coisas, e a textura do ar. Tu chamas-lhe loucura, eu já não lhe posso chamar paixão. Mas… quando contar uma história (com as pausas bem feitas, porque não sabes, mas falo tão depressa…) entre o silêncio e os stresses do trabalho e o fumo das ruas cheias de trânsito e os gritos de infelicidade eminente de uma família que não resulte…; eu vou contar uma história de amor. Devagar, como deveria, separando com alguma doçura (cuidado ao toque…) mundos, vendo o sal do mar nas janelas incendiadas com a noite, talvez lendo nomes nos sulcos das tuas mãos. Porque são as suas mãos. As que ele quer, ou que se permitiria querer, se lhe fosses possível. Um dia, tão rápido quanto quiseres, ele vai sangrar pela pele, atravessar mares de papel e afogar-se em tempos de vidro só para poder ter-te, sem ser de forma doentia, pensando, como quem pensar em somente ter-te. Não, não é impossível.
É uma pulsação calma que arranca o peito, que nos faz sentir pequenos perante um mundo perfeito demais porque existes nele, é… não sei. Não to sei dizer, não sei pintar uma paleta de cores sentidas, quanto muito imaginada: sou suspeito.
Mas quem é ele. Que dorme somente para sonhar contigo, que não ousa olhar para ti quando atravessas a rua, que dantes era feliz, e quando te viu (e porque te viu, conheceu-te para sempre) aprendeu como os dias podem ser longos.
Não fales ainda de mim. O seu reflexo por ti é a sombra do amor que um dia ousou agarrar – e é sempre com todas as forças que alguém tem, meu deus. Não fales ainda de mim, quando eu te negar, quando eu parar de contar a minha história e essa solidão estranha, branca como um calor brando, se instalar de novo numa vida sonâmbula.
Ainda não posso admitir-te que tu também o queres.























J.

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sexta-feira, janeiro 06, 2006

Someone's got issues.












P./J.

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quinta-feira, janeiro 05, 2006

Um texto possível de José Saramago, parte II

Boa tarde, Boa tarde como vai, Mais ao menos, Hm sabe que isso é algo chato, Eu sei eu sei, Sabe, Sei, Ainda bem, Exacto mas para que me chamou, Para que o chamei, Sim para que me chamou, Não sabe, Não, Não, Não, É simples preencha estes formulários, Formulários, Sim estes aqui mesmo faça favor, Mas tenho de preencher estes formulários porquê, Não sabe mesmo, Estou-lhe a dizer que não, Não, Não, É fantástico que ninguém lhe tenha explicado, Fantástico é que não me esteja a explicar isso agora, Não vale a pena explicar na verdade limite-se a preencher estes formulários, Não desculpe, Não, Não, Porquê, Não vou preencher algo que não sei o que é desculpe, Mau não me diga que, Digo pois, Ouça não seja estúpido e limite-se a preenchê-los, Estúpido eu, Sim estúpido você, Mas que raio está a chamar-me estúpido porquê, É simples você não quer preencher estes formulários, Mas que porra já me está a irritar com essa merda não preencho porra nenhuma enquanto não souber o que é, Há que asneirento por favor, Por favor nada diga-me lá para que é que são os formulários, Homem limite-se a preenchê-los, Caralho você está a brincar comigo já disse que não o faço, Mas você é doido, Não desculpe você é que é doido ao nada me dizer, Eu, Você, Mas eu porquê, Não se vê logo, Bem só estou a cumprir a minha função, E eu tenho o direito a cumprir a minha que é não assinar, Raios homem maldito seja preencha lá a merda dos formulários, Você já me está a irritar seu filho da puta, Filho da puta eu, Pode crer que sim e pai se quiser, Agora você está a insultar a minha filha seu corno e isso não lhe admito, Corno, Corno, Ena ena já a formiga tem catarro hã, Mas quem é que você pensa que é, Um gajo que não vai assinar porra nenhuma de formulários, Seu asneirento de merda tenha vergonha, Não tenho que ter vergonha de porra nenhuma foda-sejá lhe disse que não assino nada, Foda-se, Foda-se, Essa asneira é imperdoável agora irritou-me; vais bater é, Bem merecias imbecil, Experimenta e vais ver o que faço a ti e aos teus formulários, Enfia-mos no cu, Não me dê ideias, Quanto a isso já tenho mais medo como bem pode ver você é forte e eu sou fraco, Disso não tenhas dúvidas, Ai não, Não, Bem também é um armadão do caraças, Habitua-te filho é a vida, Bem então adeus, Adeus, Xauzinho.
Anacleto Máximo Barbosa vira as costas e sai.















Fim (mas isto ainda dava pano para mangas, apesar de algo exagerado claro)
























J.

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quarta-feira, janeiro 04, 2006

Vergonha

Eu tenho uma coisa a contar neste post. Uma coisa que me tem andado a fazer problemas de consciência pesada e muito prazer culpado ao longo destes dias. Que me tem andado a fazer questionar o nível de qualidade dos meus gostos, e seriedade enquanto indivíduo, homem e apreciador das verdadeiras coisas boas da vida (e com qualidade).
Uma única coisa, mas que coisa.











Eu adoro a música "window shopper" do 50 Cent.











J.

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segunda-feira, janeiro 02, 2006

Aquele post que se escreve sem assunto definido quando se passa algum tempo fora, e quer-se avisar o regresso à actividade bloguística.

As férias de natal acabaram; amanhã, depois de um último dia de férias, passado em casa na tentativa lúgubre de tentar memorizar uma tese de doutoramento, e a ver blogs. 2006 já cá está; é quase incrível como acho isso indiferente.
As férias de natal passaram-se bem; porreiras, pelo menos. Sei que A Navalha não é bem um local de textos autobiográficos (enfim, não filosofemos sobre isso), mas ao fim e ao cabo, natal é natal, por tudo ou nada o que significa. Não estava muito frio, pelo menos. Não choveu, ou pouco. Receberam-se as prendas, dois dias depois fiz os meus anos no meio de uma aldeia deserta (ou quase…). Os dias passaram-se, de forma lenta e agradável. Não li nem escrevi praticamente nada (tendência a manter-se, estou certo, no ano que se segue), mas ao menos descansei. Encontro o blog parado: vítima das férias inevitáveis. O que dá gozo é reparar que parece tudo uma memória distante, como se esta semana tivesse estado tão mais longínqua… mas não vou sequer pensar minimamente nisso. Eu estou de volta, o P. está de volta, e agora, é só postar mais, ou assim; estamos condenados a que este plano dê certo.
Por fim, numa nota final, A Navalha deseja-vos um 2006 prontos, vá lá, assim meio coiso.
É isso.














J.

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