A Navalha
sexta-feira, setembro 30, 2005
|quinta-feira, setembro 29, 2005
|Final cut. - o idiota, parte quatro
Eu era alguém. No tempo em que me pintava de negro eu era alguém e identificava-me com a dormência constante de cada pessoa que havia visto perder. Eu presumia, e ao fazê-lo morria. Continuei a perguntar, muito depois de tudo isso acontecer, quem iria tomar o meu lugar?, quem me chamaria pelo nome. Pergunto-me agora se ainda tenho aquelas folhas em branco onde por tantas e tantas vezes me decidi espelhar. Chamava-mos casa à esquina onde acabávamos a vomitar e, por fim, adormecer.
Quando puto perguntavam-me, com relativo desdém, há quanto tempo não me ardia o coração. Respondia com um sorriso sem jeito. E eu não podia deixar de olhar todos os outros, desconhecidos, e via-me em todo o meu pujante egoísmo, a cada laivo refulgido(ou disperso, dependendo de onde se olha – E gritava, como que a dizer, Eu agora estou aqui, e já é tão difícil, mas tão difícil que chega a ser triste. E arrastava meu cansado corpo até à próxima esquina, novamente estupefacto com tudo o que ainda havia por fazer. Fazia frio. Que era eu. Na peça, no plano, podia surgir finalmente a imagem sobreposta de cores disformes, talvez se repetisse o negro
[a caneta com que escrevo]
.
Predispunha-se assim: O último suspiro é sempre sinal de liberdade. Ao bruto cliché opõe-se agora o revólver gritante – regressa-se ao ponto inicial, o homem absurdo e suas peculiaridades; ou ingerências. Não há nada que eu possa fazer que não se vá perder. Falta-me a sorte. Falta-me o espírito. Dispo o casaco rasgado e submeto-me à condição de esquecido.
Ajoelho-me.
Tornei-me idiota e isso é algo a que me habituei. Que estranha sensação seria esta de querer controlar tudo o que me define?
Na última noite percorri-me. No tempo em que eu era alguém, silenciei-me.
O que fazer agora quando não há mais nada por descobrir?
P.
[dou por terminada a parábola idiota]
terça-feira, setembro 27, 2005
A Feitura do Pão.
Pode-se fazer pão de muitas maneiras diferentes. Eu como pão de aço, e fico inebriado com o cheiro do pão eléctrico. Fermenta-se a massa do pão de dinamite com os rastilhos de canela, colhida no dia anterior, e todo o processo, então, parece ter o mesmo tamanhão das proporções
Da própria infinitude. Duas partes de gelo, três partes de camélias – levamos à boca o pão quente de algodão. Os fornos provam, primeiro, o amargo do pão de cânhamo, e só depois nos dão, cozidos, as farpas de madeira do miolo ocre. Do pão faz-se o pão, que será a massa basilar da nossa vida. então amassamos o crude com doçura, provamos com as unhas a consistência da água do mar, e juntamos tudo ao papel empapado em farinha de coco, e óleo de motor. Tudo para que o produto final apresente a mesma substância e consubstância que morrem nos peixes à frente dos nossos olhos, cozinhados. Para que a côdea possa ficar uma armadura de espinhas estaladiças. E assim partimos cada pedaço e o oferecemos, barrado com manteiga de abóbora, ou doce de leucócitos. E quando, enfim, provamos o nosso pão de cabelos, sabemos que tudo começou na farinha de calcário triturado, por pianos clamando por inocência criativa. No processo ininteligível e sagrado da criação. Nenhum grão de fumo pode ficar, sem ser misturado em licor, para formar a já conhecida massa de raízes. E tudo acaba no forno em forma de altar, e então sai, na sua fúria quieta e quente, o nosso pão de conchas – que começou, a pensar nisto, como grãos de vidro, colhidos à noite, reduzidos a pó. Então, finalmente, engolimos o nosso pão de ferrugem, como o seu conhecido travo ácido. E abençoamos, num gesto apenas puramente físico, as nossas mãos podres, que criaram tal alimento.
Tão transmutador.
segunda-feira, setembro 26, 2005
deformações. - o idiota, parte três
Os anos passaram e ele não sabe quem herdou o seu mundo. Podia ter sido um dia de sorte. Acordou. Com uma cara feia. Queria um abraço maternal e como era reflexo materializou-se em cristal. Nunca quis ser como era. Era ele próprio, como explicá-lo. Chegara o tempo de partir. Quem poderia ser, a tocar à porta? À porta dos seus dias. Soçobrou. Refilou. Apagou as luzes que o magoavam. Não conseguem ver o que eu vejo – perguntou. Era um mundo assim para o grande. Muito branco. Muito frio. Toda a gente lhe bateu. Eu ainda vou vencer, disse. Chegara o tempo de partir. Falavam dele em colóquios paranormais. Para anormais. Chamaram-no de mutante e choraram a rir. Dele. Do que tinha para fazer; sentiu-se frustrado. A vida é dura, mas eu também sou, gritou. Aproximaram-se. Socaram-nos. Quem vive aqui sem discernimento, quem lhe fode o juízo, quem fala dele como sendo um erro. Certa vez balearam-no para preencher o vazio da sua vida. Esburacaram-no junto ao estômago para encobrir a sua deformidade. Não conseguem ver o que eu vejo – insistiu. As sessões de tortura funcionavam como um zumbido no seu corpo, percorrendo-o; quantos volts de pancada pode a carne suportar. Houve um dia em que ultrapassou os seus sonhos. Como manter-se em pé quando se sentia desfeito. Convencera-se de que as pessoas bonitas um dia o tratariam como igual. Quis que sentissem a sua falta. Se ao menos encontrasse alguém que se preocupasse. Não sabia se o compreenderiam quando falava de tristeza; sentiu-se quebrar. Podia ter sido um dia de sorte mas sentiu-se violado quando lhe despedaçaram a mente. Dormente. Anestesiado. Demasiado bom para este mundo, demasiado bom, dem…
Que sinistra figura era esta que lutava para não se desmembrar.
Macabro –
Nada se escondia nele. Houve até quem dissesse que ele não poderia ser assim tão louco. Mais perto. Num acto final de indignidade obrigaram-no a sorrir para a fotografia enquanto escavacavam o seu casulo. A posteridade tem destas coisas, nunca deixará de ser tirana.
Materializou-se.
Como se nunca tivesse sido outra coisa que não corrente eléctrica.
Nos seus sonhos mais doces ouvira falar num mundo para lá do seu castelo de branco. Decidiu partir, como se acreditasse que um dia poderia voltar.
E recomeçar.
P.
Ainda a lista (parte 1)
sobr eo post que publiquei há um dia ou dois atrás, frequentes têm sido as perguntas acerca de algumas bandas - não são, normalmente, muito faladas e os clips passam pouco, ou não passam, nos canais de música como a mtv, por exemplo. Acho que algumas são relativamente populares, como goldfrapp, deftones, radiohead, smashing pumpkins, the doors, mas as outras gozam de pouca, ou nenhuma, popularidade. Se vos interessa um estilo específico de música, ou pretendem saber mais das bandas referidas atrás, aqui vai, por ordem
: Sobre os the mars volta, escrevi um (longo demais) post sobre eles, que suspeito estar já nos arquivos. Para a versão resumida, é uma banda de prog-rock, adepta do jamming. mars volta admira-se pelos cds mas também, muito mais, pelas actuações ao vivo. são adeptos das canções longas, rodadas como filmes, letras profundas, sem por vezes terem sentido (já largaram a cocaína e a heroína, mas é possível que ainda escrevam sob o efeito de ácidos), e solos de guitarras permanentes. têm o melhor baterista vivo da actualidade e dos melhores guitarristas do mundo. para quem é fã de uma banda de guitarras, conseguindo-se ultrapassar a estranheza inicial torna-se um vício autêntico.
Placebo, uma banda cuja fama, de glam rock, foi retirada após a sua aparição no mui prestigiado filme velvet goldmine. são, também, uma banda de guitarras (pelo menos eu considero-a como tal), e têm a particularidade de terem um vocalista bissexual com uma estrnaha voz andrógina a que facilmente nos habituamos (ou não). é rock, directo, embora tenham envergado por uma vertente um pouco mais elctrónica no seu último álbum, que, na minha opinião, lhes retirou alguma qualidade. as baladas costumam ser bastantes bonitas, e o disco que aparece na lista é uma autêntica viagem por estados de espírito variados.
At The Drive-in. Poucos conhecem a banda, querendo dizer com poucos, quem gosta e percebe razoavelmente de música rock mas tem menos de 20 anos. os At The Drive-in separaram-se num peculiar acto de harakiri quando lançaram o seu terceiro álbum de originais (sem contar com variados eps), relationships of command, considerado por muitas revistas de música um dos melhores álbuns do ano em que foi lançado (desconheço em exactidão a data). é rock rapidíssimo, duro, absolutamente viciante, sempre, sempre a abrir. foi a saída em grande de uma das maiore sbandas rock norte-americanas (e, quiçá, do mundo) que mais rpesença tinham em palco, e de forma mais interessante e original apresentavam uma mescla de 2d-punk, e prog-rock, com ritmos algo latinos, muito difusos.
Goldfrapp. Aqui, abrem coldplay no concerto em novembro, e se eu fosse ao concerto, seria para vê-los, e não tanto aos coldplay. é uma banda elctrónica. glam, também, o que quer que isso queira eventualmente dizer. é a forma como soa. especializam-se na electrónica mais para o lenta do que para o rápida, de batidas diferentes ao normal, acompanhadas por uma voz belíssima, a da menina goldfrapp, conhecida por fazer a vida difícil aos entrevistadores. quem gosta de eletrónica, esqueça deep dish, fischerspooner, ou vive la fête - esta banda é seguramente a rainha da electrónica de trazer por casa, em formato mais pop.
loopless. uma banda portuguesa. oscilam entre o chill-out e o jazz - com um baterista jazz muito, muito bom, e prestações ao vivo a tenderem perigosamente (elogio) para esse mesmo lado. é mais chill out e jazzy que saint germain, por exemplo. díficil de encontrar (eu nunca vi o cd deles à venda, só mo copiaram), mas muito, muito boa banda para se ouvir no verão.
quase o mesmo se poderia dizer de smoke city, com as únicas diferenças de a banda ser inglesa mas a vocalista ser brasileira, oscilando as suas letras entre o português, o inglês, e o francês, e o samba e a bossa nova a tirarem o jazz do caminho. para o verão, também, mas têm-me dito que é banda para todos os dias, faça sol, chuva, ou neve. eu concordo.
Beth Gibbons pode parece um nome razoavelmente desconhecido, o que originou algumas dúvidas por quem me perguntou quem era ela. beth gibbons era, e é, a vocalista dos portishead. este trabalho a solo não é bem pop, não é bem chill out, não é defenitivamnete trip-hop. é bonito, e muito, muito calmo. as críticas variaram, quando o álbum saiu. uns críticos consideraram-no razoável, outros dos melhores do ano. quanto a mim, quando o ouvi pela primeira vez, não gostei nada. só posso agradecer a mim mesmo me ter esquecido de o devolver no dia seguinte.
desert sessions: não é uma banda. são sessões, justamente, no deserto. mais explicitamente, no rancho de josh homme, vocalista, guitarrista e mentor da banda queens of the stone age. todos os anos o josh reúne uma porradona de amigos durantes três, quatro dias, andam lá a fazer umas palhaçadas, fazem uns acordes, cantam um bocado, e saem de lá com discos do caraças. este tem o condão ter a P.J. Harvey, e todas as músicas em que ela entra são absolutamente incríveis. é rock, sim, e tem o estilo inconfundível do josh na guitarra - é simplesmente um bom disco rock. muito bom mesmo.
Omar Rodriguez-lopez - é o mentor dos the mars volta. este é o seu único álbum a solo. é a banda sonora d eum filme que não existe - ou melhor, só existe na sua cabeça. ninguém canta no álbum, tirando a quarta e última música (o álbum tem onze) com aparições do seu pai e do vocalist dos the mars volta, respectivamente. o álbum é só guitarras, alguma bateria, palmas a servir de percussão, saxofone por vezes, muito lá ao longe, e barulho, barulho de resfolegares, televisões sem estarem sintonizadas, e paisagens musicais incríveis; e aind a guitarra do jhon fruciscante, guitarrista dos red hot chilli peppers. imaginem um álbum de chill out tipo saint germain (de novo, para ser mais fácil) onde a voz aparece poucas, ou nenhumas vezes, e substituam tudo isso por GUITARRAS, ao desvario. o álbum é isso. é dificil de arranjar, também. tive a sorte de o encontrar numa loja de música em florença.
daqui a uns dias, as outras bandas. espero que esta explicação possa fomentar a procura, agora que já sabem como cada banda é, mais ao menos, dessa mesma música.
J.
sábado, setembro 24, 2005
semi-sessions #1
Tu
leva o teu tempo
aquele que leva a
(.)acreditar;
Leva o teu tempo
e vem dizer-me o que se arrisca em vão –
- De seguida,
encontras as culpas catapultadas
E agora
É o que se vê
E agora eu sei Mas ninguém Me
Perscruta
E entorpece-nos E adormece-nos
Essa paz
Como já não a sinto
(.)No conforto
do corpo
eu já me condeno.
´
E agora me fulmino.
P.
Top 20.
Eu por acaso já andava para fazer esta lista há muito tempo - não tanto fazer, mas mais publicá-la aqui. Todos os anos tenho feito uma lista dos meus cds preferidos, e ela invariavelmente, todos os anos, muda. a lista tinha sempre os 10 cds que eu mais gostava, e pouco mais. Ao longo dos anos, no entanto, a lista foi ficando cada vez mais forçosamente compactada; penso (mas não tenho bem a certeza) que deverá ser do facto de ouvir, copiar ou comprar uma média de mais de um cd por semana - o que dá ao fim de um ano mais de 50 cds ouvidos e adquiridos, fora as músicas a vulso que saco, ao longo de seguramente mais de dois anos. Portanto, pela primeira vez, decidi aumentar a lista para os meus 20 cds preferidos - e ao vê-la reparei em pormenores interessantes que escapam à visão do leigo, que falarei em posts mais à frente. mas agora, a lista:
Está dividia em duas. A primeira parte tem os meus dez cdds preferidos de todos os tempos e tal sem estarem em ordem , e a segunda parte os outros dez, que obviamente não são tão importantes quanto os primeiros, mas também são, de algum modo, especiais. Mais uma vez, não estão por nenhum tipo de ordem. a única ordem são as bandas, que aparecem seguidas.
TOP 10
- De-loused In The Comatorium, The Mars Volta
- Frances The Mute, The Mars Volta
- Without You I'm Nothing, Placebo
- Relationships Of Command, At The Drive-in
- Black Cherry, Goldfrapp
- Supernature, Goldfrapp
- Inglon, Loopless
- Flying Away, Smoke City
- Out Of Season, Beth Gibbons
- Desert Sessions 9 & 10
Entre Uma Lista E A Outra:
- A Manual Dexterity, Omar A. Rodriguez-Lopez
Restantes 10:~
- The Best Of The Doors, The Doors
- Hold On Love, Azure Ray
- O.K. Computer, Radiohead
- Kid A., Radiohead
- Placebo, Placebo
- Rock And Roll, Ryan Adams
- Rotten Apples, The Best Of Smashing Pumpkins
- White Pony, Deftones
- Beautiful Freak, Eels
- 1972, Josh Rouse
- Parachutes, Coldplay (em renhida luta entre Namaste, Blasted Mechanism)
Algumas considerações podem ser tiradas da lista, se repararmos com atenção em cada banda (desde que, claro, tenhamos conhecimento de todas elas e falemos com conhecimento de
causa):
ponto 1, ou eu sou demasiado pretensioso para gostar de coisas mainstream, ou eu gosto de facto de coisas mais estranhas e diferentes, usando os adjectivos que justamente os leigos usam para taxarem música que desconhecem.
ponto 2, que eu gosto de coisas fortes. Sim, e não. Ouço Mars Volta (de longe, a minha banda favorita, arrebatando o lugar de 4 anos aos placebo), que se pauta por um prog-rock na base da distorção controlada e no experimentalismo muito fortes. Gosto de At The Drive-in, os reis de um 2-D Punk já a nadarem nas raízes do prog-rock no último, e melhor, álbum da sua carreira. Gosto do Without You I'm Nothing, que apesar de ser o álbum mais calmo e intimista deles consegue também ser o mais forte, o mais enrgético. Numa Fase mais ultrapassada, gosto de Deftones. E gosto de algum metal, apesar de ele não ter lugar na minha lista de forma alguma (fantômas, Moonspell, Epeth, Craddle of Filth e outros que tais são bandas que aprecio, até, mas sou capaz de ficar mais de 3 meses sem as ouvir - apesar de até gostar). Ou seja, existirá um padrão na música que oiço? sinceramente, sim e não.
É verdade que estou a ouvir música mais a abrir do que antes, do que sempre, e que me ando a afastar das coisas mais calmas, com acessos de nojo, até (comprei o último álbum do ellioth smith e só o ouvi duas ou três vezes, e odiei Andrew Bird, Anthony and the jhonsons e rufus wainright que todos aclamavam como das melhores coisas desde o dildo de borracha preta).
Mas também é verdade que posso afirmar o oposto. O resto da lista está cheia de coisas chill out, calmas, e a cada seu modo belas. Goldfrapp pode ter das melodias mais intimistas que já ouvi (de longe, a minha banda de eltrónica preferida, suplantando todas as outras devido à sua pose tão, tão glam), e Beth Gibbons, Smoke City e Loopless são trabalhos calmos - beth gibbons nas melodias pop despidas de quase tudo, smoke city entre o samba lento, a bossa nova e o chill out, e loopless no chill out perfeito, com ritmos jazzy. mais abaixo temos ainda Hold On Love, das azure ray (sem dúvida, um dos mais belos discos de sempre) e 1972 de josh rouse, que quem ainda não ouviu, pronto - simplesmente não sabe o que perde. Portanto, eu sou até bastante eclético na música que ouço - se a música é a banda sonora da nossa vida, temos forçosamente que a ter para todos os momentos.
próximos mais curiosos pontos a serem preenchidos nos próximo dias. Até lá, o que não conehcerem desta lista, ARRANJEM, ou saquem, ou peçam emprestado A MIM. terei todo o gosto em o fazer - são bandas e cds demasiado bons para continuarem escondidos, ou simplesmente ignorados.
quinta-feira, setembro 22, 2005
Éramos assim
Como torres numa encosta de chuva
tão perene quanto as nossas
vidas curtas
a baloiçar
; cristalizadas numa qualquer certeza
menos física
que louca.
Já não sei bem como éramos
, presos a reflexos imaginados
de espelhos côncavos
Num engano longo sem luz
mas sombras.
Uma certeza,
porém:
Escolhíamos que a nossa decifração
Tivesse as mesmas ramificações
metálicas
com que a insónia que sentíamos
entre o partir e o chegar
às caudas de um sono serpenteado
pela ausência Um do Outro.
Éramos assim
Fundidos numa rocha quente
de dúvidas imrpóprias
aos assassinos
Com correntes do nosso sangue
artificial
;
Venenosas.
03/14/13/14/09/05
J.
quarta-feira, setembro 21, 2005
O Fim da Lenda.
O Tarzan Taborda morreu. Será que ninguém se lembra dele? Eu e o P. lembramo-nos dele. Rápido, rápido, alguém se lembra dele? O Tarzan Taborda era uma lenda, digo-vos. Eu ainda me lembro dele a comentar com o Jorge Perestrelo a Luta Livre, quando tinha praí os meus cinco, seis talvez sete anos. No tempo do estaca, do hulk hogan, do 1,2,3, kid e do outro coiso com saia de escocês. Era desse tempo todo. O Tarzan Taborda era um autêntico expert naquilo - ele comentava com frases do género "ora aí está uma bela dupla patada"; "um bom agarranço de tartaruga com um murro de coelho muito bem efectuado", com a sua voz prolongada no fim. Ele sabia do que falava - o Tarzan Taborda tinha sido campeão do mundo de luta livre. E, depois, foi miseravelmente esquecido.
Por onde andava ele? Ao longo dos anos foi fazendo as suas aparições. Começou a ficar conhecido pela malinha com os documentos todos de recortes de jornais que o noticiavam, sempre que ia àqueles programas meios a gozar com qualquer situação, velho, com uma grande barriga, já completamente desfasado da realidade, no seu mundo - a sua última aparição televisiva foi n'O Perfeito Anormal, com o Nuno Markl e o Fernando Alvim. Aí, o pobre do velho, que ainda mantinha em pé a sua aposta de mais de 30 anos de dar dez mil contos a quem lhe vencesse no braço de ferro, mostrou todos os recortes de jornal em que apareceu, mais uma vez; contou a história em que enfrentou o ninja chinês que fugiu de medo borrando-se todo; que só não pinou com uma bailarina iraquiana porque o Saddam não deixou, num jantar no Iraque feito em sua homenagem com o ditador a servi-lo, quando ainda era o campeão do mundo; e, sobre o único inimigo que nunca tinha conseguido vencer porque tinha muitos, muitos capangas - o Mário Soares. Nos seus últimos dias, tinha uma clínica de massagens, e gabava-se de ter não sei quantos prémios de massagista profissional. Morreu, sem ser noticiado, como um gag, uma piada viva, nunca homenageado devidamente.
Não era fã do Tarzan Taborda nem o admirava particularmente. Ele só fez parte da minha infância, e como personagem característica tinha todos os requisitos. Só me fez pena, naquele programa com o Nuno markl e o Fernando Alvim, o velhote, todo contente, a lembrar-se das suas vitórias e tempos passados, quando ainda era jovem, com um sorriso de criança nos lábios e os olhos a brilharem, empolgado a mostrar recortes de jornais com a sua fala característica. As suas fotos a preto e branco com a sua tanguinha de leopardo. Gabar-se que nunca ninguém o tinha vencido num combate, prova essa era que nunca tinha dado dez mil contos a ninguém. Há dias, partiu esta figura portuguesa, esquecido, caricato - uma memória física, humana.
Não sei que se passa comigo.
J.
segunda-feira, setembro 19, 2005
Talvez. - o idiota, parte dois.
A propósito de nada ocorreu-me prolongar esta noite com o simples intuito de esperar, de me cansar das horas mais demoradas. Gostava de poder provar qualquer coisa de magnânimo ao mundo e só depois a mim. Talvez pudesse com isso explicar o porquê de tantos momentos entregues à solidão de mais algumas palavras. Por ironia de circunstância ou simples placidez de espírito gostava de conseguir criar apenas mais um pouco, desejar agora e assim conseguir. Dizer algo de engraçado e matar seguidamente o riso, rezar ao portentoso deus-dará, não compreender o que significa, e tossir mais um cabrão que se me entranhasse na garganta. Medíocre, sentido, indefinido e agora posto a descoberto. Julgar assim, desconexo, como o centro de mais um espectáculo de cores – roxo e preto – mescladas. Eu agora sou psicótico – já me desejo; diria. Mas as palavras não podem ter assim tanta força – não, não podes compreendê-lo, não podes saber como é estar perto de ti, como é verdadeiro. Gastar o gás do isqueiro, brincando – como narrar o passado que se desfez, o presente que se aproxima. Não, as palavras não podem ter assim tanta força, mas gostava de concretizar: caminhada nos infernos, abanar a cabeça em estado de transe até sangrar do nariz, o homem, todo o homem no seu estado absurdo. E a vida não pode ter fundamento lógico para mais um pobre inapto. Os insolventes, como cães, como podem eles saber o que é desesperar pela falta de destreza, toda a falta de explicação, aquela piada crónica, quase mortal – sinto o meu coração preparado para desmaiar. Apenas mais um pouco de despeito; que força terá uma navalha contra o cinzento do silêncio. Levanta-se agora o criador cansado, procura nas ruas o pouco de decência que lhe falta. Não o olhem. Não comentem. Ela já se cansou de tentar provar o que quer que seja. Ele é o homem destoado da humanidade e é aqui, no plano do nada, que ele vos pode compreender. Talvez já tenha medo de morrer. Talvez já tenha dado tudo o que tinha para dar. Gastaram-se os dias. Vieram os fantasmas. Gastaram-se os desejos. Vieram as insónias. Não estou certo do que ele queria, mas levantou-se, seguiu os passos que ouvia um pouco afastados, vestiu-se a preceito, coberto de correntes, tornou-se uma peste, onde terá encontrado o fundo do seu podre? Houve um dia de merda que se prolongou e sentiu-se perdido. Teve pena de quem era e gritou alto que era vitima. Seria desculpado se fosse mais um génio perturbado. Confessou-se: Estou confuso. Já não há respostas – perdeste o teu tempo. Tenta agora esquecer, como eu fiz, quando percebi que as palavras não tinham assim tanta força.
Regressou a casa. Sentou-se no sofá. Ligou a televisão. E começou a chorar.
P.
domingo, setembro 18, 2005
And Now for something Completely Different.
ontem por causa da febre tive um pesadelo muita marado! mesmo assim, não era tão marado assim pois passava-se neste mundo. iamos oscilando entre o pátio de uma prisão e uma rua no bronx em nova iorque e o cedric bixler-zavala e o omar rodriguez-lopez dos the mars volta iam-se beijando na boca em altos linguados!! eu fiquei revoltado, e enojado, e pensei, mas foda-se, talvez seja por isso que a música deles seja tão marada, eles tinham de ter algo errado com eles!
ver ali os meus heróis musicais, a beijarem-se sofregamente num nojento espectáculo gay provocou em mim uma enorme repulsa. aquelas afros gigantes a abanarem enquanto eles se comiam com sofregudião, foi absolutamente intolerável. eels estavam mesmo com fome um do outro a beijarem-se. a sério, eu ia-me vomitando todo.
acordei as quatro e meia da manhã com uma dor de cabeça de partir os chifres, só para verem o conflito em que o meu cérebro andava por essas alturas. amigos, eu acordei com dor de cabeça. estava-me a doer a cabeça enquanto dormia, e aumentou tanto que acordei com a dor.
Eu às vezes asssuto-me de ser tão estranho. e aqueles sacanas, a beijarem-se...!!
J.
sábado, setembro 17, 2005
| |quarta-feira, setembro 14, 2005
Obrigado.
mais de duas mil entradas - orgulho improvável dos criadores.
obrigado aos que aqui vêm ler,com a regularidade possível: Ynês, Paula, Peral, Trixie, Marcus, Catarina, Filipa, Vânia, Rudy, Vash, Beta, Diana, Mafalda, João, Prak, Patrícia, da minha parte. se me esqueci de alguém... lembrem-me.
Muito obrigado.
Retrato.
Ouve: que os reflexos te sejam lentos
Ao passarem pela tua cara – eu não me importo. Que os reflexos das estrelas caiam como cobre das catedrais de uma cidade, perdida, abandonada, parada
No tempo imemorial dos corvos. Uma homenagem a ti, que não caia daí. Que te sejas simples, sê sempre simples. Ou… quem sabe, que te importem como um corte, que sofras uma espécie de sangue, mais leve. Que te envolvas nos dedos queimados, quartos incendiados por um amor culpado
Fugaz como uma cobra; fugaz como esta explicação da cobra que rasteja agora
Venenosa, eu não a sinto. Eu rastejo… e estou cheio de terra brilhante. Minerais como-os pelos poros da minha pele; e acordam-me. Como é viver, como? Como é estar vivo, se nos tornam inacabados…demasiado depressa. Como diamantes em bruto, belos mas assustadores, como o pêlo eriçado de um gato negro perante a beleza fria e repentina
De um qualquer medo, mais súbito.
Assim. Que caiam os reflexos pela tua cara em cobre, assim. Com essa leveza toda, com a suavidade de um sopro antes da vela da paixão ser apagada. Lembra-te de te teres esquecido desse ritual, dessa prece – ouve-me, se um dia quiseres de novo decifrar quem fomos. Ou quem tentámos ser, em paisagens de veludo, negras e rosas, como uma cereja. Uma angústia, um sugar silencioso de todo este sonho –
Que os reflexos cor de cobre caiam pela tua cara, assim.
Imagina-te ao eu escrever o teu retrato.
J.
escrito de rajada.
terça-feira, setembro 13, 2005
David Lynch
David Lynch Your film will be 37% romantic, 48% comedy, 46% complex plot, and a $ 36 million budget. |
We apologize now. Future generations will view your life story by David Lynch and not know what the hell just happened. A lot of events occur around you, but you seem to be involved in all the wrong ways. Even you probably think your life is WEIRD. Why does that bald lady insist on sitting on that basketball she carries inside that milk crate? Robert Blake will play your grandfather, and Kyle MacLachlan will play your dad. |
Link: The Director Who Films Your Life Test written by bingomosquito on Ok Cupid |
o cliché estúpido da estranhice começa a perseguir-me. Mas suponho que não podia ser de outra forma.
J.
domingo, setembro 11, 2005
Heavy trash.
SINOPSE.
A guerra acabou e ninguém se apercebe. Tudo o que resta são miúdos com os seus sorrisos oblíquos de imperador. Tudo o que resta são cortinas esfarrapadas ao vento de casas destruídas, também memórias de jazz em cds e lps partidos que nunca mais poderão cantar. Há agora um ar vermelho, carregado de dúvidas – ninguém ousa admitir como o conhecimento sentimental seria a causa da nossa perenidade. Tudo o que resta são miúdos felizes porque deixaram de existir memórias de outros tempos tudo o que resta é lixo infinito.
Pesado.
A HISTÓRIA INCOMPLETA:
nas selvas infantis dos jogos sozinhos há
sabe-se pelas pegadas,
vulgaríssimos percorrem as planícies de pó
bebendo o sal das praias, os carros inscrevem-se
como pinturas e os miúdos (são eles) não os querem
assinar mas disparam risos quando as plantas
à beira da estrada se enfurecem e pegam em todos e os
esmagam
São um bando mais ainda
há avenidas que resistam
aos seus lucros de autógrafos, em roupas,
em peles e em avós prostitutas, onde
estão eles agora?
Onde se situam os rádios do paraíso, é dado o paraíso numa chuva cinzenta
às moscas, como poderia
esse dogma haver aqui, a tua
avó era uma prostituta, em bandos os
sorrisos oblíquos são todos os
mesmos, são de imperadores
desconhecidos que vivem em descrédito
à impassividade inanimada dos
objectos transmutados, mas se não importa agora, serão eles
a resposta, chamam de bebé o maior e o mais rei,
o que restou foram bares com discos riscados que eram
depois a música legendária mas desprezada, agarra
o oxigénio verde rarefeito deste estranho plano de existência,
pede-se, parece que
agarra o meu som motor, aquele que de facto
se não importa, quer-se outro copo vazio
para brindar à loira desenha em realidade
infestada de moscas.
Mas não há remorsos. Apenas duetos de
desesperados que não vejam o futuro
como carros ou peles, ou estradas, calcinados,
os pés molhados, se se perguntariam
como reagiriam se todo o todo da parte que são
eles soubesse do antes,
quando existiam caminhos a percorrer com
mais do que um motivo, com um
retorno,
ou alívio de lhe
dizerem que nada à sua
volta se refazeria
Ao zumbir delicioso das moscas negras
nas mulheres.
Outros fogem, mas a palavra par a correria
deles devia ser nova usando latas de coca-cola velhas para
anunciar a passagem dos futuros senhores da guerra numa gosma aclamada
de borracha e plástico e corpos queimados, mulheres leprosas com olhos
de xilofone observam-nos, incrédulas, aborrecidas
e sem propósito que os da eternidade com o fim
do mundo atrás das suas nucas para sempre
agora eternas.
Verdade completa: onze estrofes.
J. 21/06/05
quinta-feira, setembro 08, 2005
|uma carta para a Lapónia
Querido Pai Natal,
Eu sei que ainda estamos em Setembro mas como me tenho portado assim super bem achei que podia dizer já as prendas que queria receber até porque depois há muitos meninos a fazer encomendas e o Pai Natal podia arranjar já as minhas prendas para ter a certeza de que as ia encontrar.
Quanto às prendas, eu não sei bem por onde começar mas eu queria receber o boneco do Miguel Ângelo, das tartarugas ninja, que é o que anda de laranja e é muito engraçado e come muita pizza. Eu queria também receber a torre de combate verde do Homem-Aranha porque é o meu super-herói favorito e apanha os maus com as teias. Outra coisa que eu queria receber era um carro Hot Wheels (eles às vezes vêm em caixas de dez e se não me importava, se quisesses dar mais). O Chico da minha turma tem uma máscara do Darth Vader e eu não ligo muito ao Star Wars mas eu queria também uma. Eh, e um sabre de luz, para lhe meter inveja. Eu queria também uma pista de carros telecomandados e uma metralhadora que vi, que até fazia barulhos e isso, no Toys R’ Us de quando se vai para casa da tia Selma. Gostava também de ter uma bola de futebol nova, como a do Ronaldo, porque a outra que me deste o ano passado já está velha, se calhar até te lembras , Pai Natal, era muito fixe. Ah e queria também o DVD dos desenhos animados do Tarzan e o jogo de computador de futebol e o das corridas dos carros. Mas, Pai Natal, ele há outra prenda que gostava que me trouxesses só para eu ver como é, que é uma boneca, assim uma Barbie, como a que a minha vizinha Joana tem e está sempre a brincar com ela e eu gostava de saber porquê e se era giro. Mas por favor não contes a ninguém, para as pessoas não troçarem. Queria também que trouxesses prendas para os meus pais embora eu não saiba o que é que eles gostam mesmo mas posso ajudar-te, porque eles ficam muito animados quando compram electrodomésticos e móveis e coisas assim grandes. Mas se calhar é melhor perguntar a eles.
Por fim, queria só dizer-te, Pai Natal, que gosto muito de ti e que no Natal depois te dou umas bolachas que vou pôr ao pé da lareira para quando chegares. Se depois te esqueceres de alguma prenda ou tiveres alguma dúvida basta ligares cá para casa.
Muitos abraços,
P.
terça-feira, setembro 06, 2005
Coisas de que eu gosto!
Eu gosto de quando me levanto, ir tomar o pequeno almoço e voltar para o quarto, abrir a janela, pôr um cd a tocar, e vibrar enquanto me visto para começar bem a manhã
Eu gosto de miúdas morenas com estilo punk
Eu gosto de fotografias a preto e branco
Eu gosto de descobrir cafés novos e especiais nas ruas de Lisboa da parte da tarde, ou da manhã, com amigos
Eu gosto de t-shirts às riscas horizontais e com muitas cores diferentes…
Eu gosto de The Mars Volta!
Eu gosto de apanhar banhos de sol de tronco nú naquele banco de pedra, mesmo ao pé do rio, no Cais do Sodré, com alguém de quem goste
Eu gosto de conhecer pessoas que sorriam e sejam tão simpáticas como eu
Eu gosto de me vestir todo de preto (apesar de quase nunca ter a coragem)!
Eu gosto de conversas em grupo com os gustólicos
Eu gosto de mudanças radicais de visual
Eu gosto quando ouço um cd que seja tão bom que me faça sentir irrequieto no meu espírito
Eu gosto de, quando estou cansado da faculdade, voltar de comboio para casa e conseguir apanhar um lugar de quatro só para mim, e encostar a cabeça à janela, para pensar à vontade maneiras novas de não pensar…
Eu gosto de uma miúda com um sorriso bonito.
Eu gosto mais do jogo do engate do que do namoro…!
Eu gosto quando, todos os Verões, na aldeia dos meus avós, as tempestades de relâmpagos duram horas sem chover uma única gota de água
Eu gosto que algo me faça sentir incompleto!
Eu gosto de ver que fiquei bem numa foto, quando apanhado de surpresa (oh, a vaidade…!)
Eu gosto de me levantar domingo de manhã, ir tomar o pequeno almoço fora com os meus pais a um centro comercial quando ainda estão vazios, e depois irmos fazer compras…
Eu gosto de gatos, e gosto ainda mais quando encontro um no meio da rua e ele me deixa fazer-lhe festas
Eu gosto de sentir saudades.
Eu acho que gosto da vida; mas mais dos pormenores, talvez…
Nem tanto das coisas mais óbvias, ou elementares, visíveis a todos.
(o essencial é invisível para os olhos, afinal…)
Sejam felizes; Eu tenho a certeza que também gosto disso.
J.
cortei o cabelo à tesourada, quando saí do banho. Já não aguentava mais a minha própria paranóia.
Sim, eu sou paranóico. E mais ainda porque não cortei quase absolutamente nada. Mas ficou melhor. Ficou melhor.
J.
(P.S. próximo post, "eu odeio os meus olhos")
E não podes cortá-lo...?
Eu escrevi duas tentativas de posts, hoje. Um pareceu-me docinho demais, e outro esforçado demais e mau demais. dito isto, só me resta dizer uma coisa que ando a matutar há uns dias mas só agora me apercebi.
O meu cabelo anda horrível.
J.
segunda-feira, setembro 05, 2005
Agora fui eu quem voltei
e queria só deixar uma palavra de desapreço ao j., esse blasfemo...isso, que é assim:
Ena.
P.
(agora poderemos voltar a coexisiti1r, "escríticamente" falando)
sábado, setembro 03, 2005
Fora do Mundo? Estou Fora.
ok então eu venho do fim do mundo e vlto para aqui, para Lisboa, para A Navalha e para a net em geral. Certo? Certo. E vejo o Fora do Mundo acabado. O blog do meu ex-professor de direito constitucional (e ciência política) que gaguejava difusamente e com um sentido de humor inteligente e nervoso, fechou; acabou. Tudo bem que ele praticament ejá não lá escrevia, mas ainda assim, era o blog dele (era mais o blog do Pedro Mexia...)
Bem, o Fora do Mundo pode ter acabdo, mas era um blog do caraças. Acabar um blog, para quê? tudo bem, eu já acabei um blog, mas isso era porque ele nos asfixiava, criáramos a nossa própria armadilha. Com o infame, suponho que tenha acontecido o mesmo, e no novo começo do Fora do Mundo, a lição parecia estar aprendida. Não há razão alguma, excepto a de que, talvez, um blog seja quase uma espécie de brinquedo para uma geração de meia idade que vive com o seu estado civil de solteiro, as suas gadgets, as suas noitadas no caso dos simples, os seus livros, as suas horas no computador e a sua tv cabo no caso dos mais cultos. E talvez como qualquer brinquedo, não sei - as pessoas se cansem dele. O nosso blog não é um brinquedo para nós, é apenas mais uma ramificação da nossa existência escrita, penso. Mas tenho pena que o Fora do Mundo tenha acabado. Sinceramente. Eu gostava do blog do pedro Mexia, e, secretamente, pensava que ele vinha cá visitar o meu, como grande mestre que fizesse os seus juízos de valor em silêncio absoluto. Porque o gajo é meu mestre, tem de ser, por força das coisas - ele é licenciado em direito, eu sou só um caloiro; ele tem os poemas publicados num livro, eu tenho os meus publicados nos dossiers amarelos do meu quarto; o homem já leu mais do que eu, mas não leu tanto quanto eu. Enfim, eu gostava da porra do blog. E o facto de ser também do meu profesor de CPDC só o tornava ainda mais erótico.
portanto, fodam-se, bem que podiam ter continuado. Façam outro, voltem sempre, deixem aqui um comentário, já não me podem chumbar. (isto saiu tudo de rajada.)
J.
Jeremias, O fora da Lei, apanhado lúcido.
Fui ver o concerto do Jorge Palma ao casino estoril, e antes disso andei por lá a jogar, inventando novas formas originais de perder o meu dinheiro. O concerto foi mais ao menos, mas acho que é horrível da minha parte admitir isto...
Gostava mais dele quando bebia.
J.